quarta-feira, 31 de julho de 2013
terça-feira, 30 de julho de 2013
Breivik quer estudar ciência política em Oslo
IDEALISMO DOGMÁTICO
UNILATERALISMO
INDIVIDUALISMO
XENOFOBIA
INCONSCIÊNCIA SOCIAL
=
PROTESTANTISMO
Tiago Mestre
No Chipre, a cleptocracia adapta-se em função das novas circunstâncias
No Chipre, todos os parolos que não conseguiram subornar o bancário da sua agência para sacar o dinheiro das contas bancárias bloqueadas desde Abril, acabaram de ver o haircut nos seus depósitos aumentar de 37% para 47%. Yupii
Quanto mais pequeno é o bolo, menos sobra para cada um. Ao ritmo a que isto vai, talvez o saque estanque lá por volta dos 60%.
Notícia Zerohedge
E já agora, porque é que ainda não "sacaram" o dinheiro e recapitalizaram os bancos? Estaremos à espera das eleições alemãs? Há vantagens em deixar isto neste impasse?
Tiago Mestre
Quanto mais pequeno é o bolo, menos sobra para cada um. Ao ritmo a que isto vai, talvez o saque estanque lá por volta dos 60%.
Notícia Zerohedge
E já agora, porque é que ainda não "sacaram" o dinheiro e recapitalizaram os bancos? Estaremos à espera das eleições alemãs? Há vantagens em deixar isto neste impasse?
Tiago Mestre
O Semestre das imparidades
Quer-me parecer que ficou algures decidido que este semestre, ou este ano, vá lá, seria o ano para registar os créditos delinquentes que já deveriam ter sido registados em 2012.
Os prejuízos em simultâneo do BCP e do BES neste primeiro semestre, quando comparados com os resultados do ano anterior, sobretudo do BES, denotam que muita merda de 2012 passou com o beneplácito de alguém para 2013.
E também não deixa de ser curioso que foi só depois da recapitalização da banca pelo Estado com o dinheiro da troika através das obrigações CoCo aldrabadas que os prejuízos desta magnitude apareceram.
Ouvi algures que a entrega de empreendimentos aos bancos por parte dos empreiteiros aumentou, enquanto que dos particulares diminuiu.
Humm, cheira-me a lixo que já cheirava mal desde 2012 mas que estava bem guardadinho.
Tiago Mestre
Os prejuízos em simultâneo do BCP e do BES neste primeiro semestre, quando comparados com os resultados do ano anterior, sobretudo do BES, denotam que muita merda de 2012 passou com o beneplácito de alguém para 2013.
E também não deixa de ser curioso que foi só depois da recapitalização da banca pelo Estado com o dinheiro da troika através das obrigações CoCo aldrabadas que os prejuízos desta magnitude apareceram.
Ouvi algures que a entrega de empreendimentos aos bancos por parte dos empreiteiros aumentou, enquanto que dos particulares diminuiu.
Humm, cheira-me a lixo que já cheirava mal desde 2012 mas que estava bem guardadinho.
Tiago Mestre
segunda-feira, 29 de julho de 2013
As energias renováveis
Ainda há uns meses ouvia António Mexia no programa Olhos nos Olhos, do Medina Carreira, a relevar os aspetos positivos da energia eólica e de como tais políticas iriam beneficiar as gerações futuras. Como não havia know how para o contradizer, o menino Mexia até se safou muito bem, escapando-se dos pingos da chuva, como se diz agora por aí.
É verdade que normalmente as políticas feitas hoje até costumam ter esse pressuposto "bonito" de melhorar a vida das gerações futuras, e em muitas situações até se prolongam no tempo com os resultados esperados... até que as circunstâncias se alteram e a sorte muda.
Pelo facto de neste ano ter havido muito vento e muita chuva, as fontes renováveis entregaram energia elétrica à rede em grande abundância. Como tal, a EDP teve que adquirir essa mesma energia e fornecê-la aos consumidores, já que é sua obrigação "favorecer" as fontes renováveis.
Mas como esta energia é mais cara do que aquela proveniente das fontes convencionais (carvão e gás natural), na medida em que o Estado quis subsidiar estas fontes de energia para estimular a sua instalação em Portugal, o paradoxo da coisa é este:
Quanto mais vento e mais água, maiores os custos na produção de energia elétrica.
Parece nonsense mas é verdade. Previa-se um custo com as renováveis a rondar os 440 milhões de euros para 2013, e afinal irá derrapar para os 700 milhões de euros. Para tentar minimizar este problema de fundo, o Estado contava vender uns quantos milhões de euros em licenças de carbono a potenciais industriais, mas a recessão não ajudou. Por outro lado, a ERSE estava a contar com um aumento no consumo de energia elétrica acima de 1%, e afinal a recessão, também ela, fez encolher o consumo em 3%, contribuindo para uma maior percentagem relativa de penetração das renováveis em toda a produção energética, e logo, maiores prejuízos. Mais uma vez, contou-se com os ovos no cú da galinha e a coisa saiu furada.
Estando a dívida tarifária a rondar os 4,5 mil milhões, a EDP diz-nos que esse valor é relativo, que em princípio são só 2,3 mil milhões. E porquê? Porque conseguiu transferir esta dívida para outras entidades, talvez financeiras. Ok, a dívida que o Estado tem para com a EDP desaparece dos seus balanços porque há entidades dispostas a comprá-la, mas se o fazem, é porque contam ganhar dinheiro com a operação, e então eu pergunto? Quem é que tem a obrigação de lhes pagar estas rendas, pois, porque alguém terá que as liquidar. Aparentemente é o Estado, mas não leio nem ouço uma palavra sobre esta questão.
Esta história da dívida e do défice tarifário têm sido muito bem escondidos porque tem sido a EDP a levar com a pancada. Aceita que o Estado seja o devedor, ficando a EDP como credora, e o défice tarifário que se gera todos os meses vai sendo pago com tesouraria da EDP, que como sabemos está altamente endividada pelos projetos que realizou nos últimos anos, precisando certamente de pedir ainda mais dívida para pagar este sobrecusto das renováveis aos produtores nacionais.
Mas cuidado, com a última fase da privatização em 2011, não creio que se consiga tapar muito mais tempo o sol com a peneira. Parece-me que este esquema de venda da dívida tarifária já deve ir ao encontro da intenção dos chineses, que certamente não têm vontadinha nenhuma de assumir os encargos de um Estado que está supostamente falido.
Veremos que outros esquemas para comprar tempo entrarão em ação daqui para a frente.
Notícia aqui
Tiago Mestre
É verdade que normalmente as políticas feitas hoje até costumam ter esse pressuposto "bonito" de melhorar a vida das gerações futuras, e em muitas situações até se prolongam no tempo com os resultados esperados... até que as circunstâncias se alteram e a sorte muda.
Pelo facto de neste ano ter havido muito vento e muita chuva, as fontes renováveis entregaram energia elétrica à rede em grande abundância. Como tal, a EDP teve que adquirir essa mesma energia e fornecê-la aos consumidores, já que é sua obrigação "favorecer" as fontes renováveis.
Mas como esta energia é mais cara do que aquela proveniente das fontes convencionais (carvão e gás natural), na medida em que o Estado quis subsidiar estas fontes de energia para estimular a sua instalação em Portugal, o paradoxo da coisa é este:
Quanto mais vento e mais água, maiores os custos na produção de energia elétrica.
Parece nonsense mas é verdade. Previa-se um custo com as renováveis a rondar os 440 milhões de euros para 2013, e afinal irá derrapar para os 700 milhões de euros. Para tentar minimizar este problema de fundo, o Estado contava vender uns quantos milhões de euros em licenças de carbono a potenciais industriais, mas a recessão não ajudou. Por outro lado, a ERSE estava a contar com um aumento no consumo de energia elétrica acima de 1%, e afinal a recessão, também ela, fez encolher o consumo em 3%, contribuindo para uma maior percentagem relativa de penetração das renováveis em toda a produção energética, e logo, maiores prejuízos. Mais uma vez, contou-se com os ovos no cú da galinha e a coisa saiu furada.
Estando a dívida tarifária a rondar os 4,5 mil milhões, a EDP diz-nos que esse valor é relativo, que em princípio são só 2,3 mil milhões. E porquê? Porque conseguiu transferir esta dívida para outras entidades, talvez financeiras. Ok, a dívida que o Estado tem para com a EDP desaparece dos seus balanços porque há entidades dispostas a comprá-la, mas se o fazem, é porque contam ganhar dinheiro com a operação, e então eu pergunto? Quem é que tem a obrigação de lhes pagar estas rendas, pois, porque alguém terá que as liquidar. Aparentemente é o Estado, mas não leio nem ouço uma palavra sobre esta questão.
Esta história da dívida e do défice tarifário têm sido muito bem escondidos porque tem sido a EDP a levar com a pancada. Aceita que o Estado seja o devedor, ficando a EDP como credora, e o défice tarifário que se gera todos os meses vai sendo pago com tesouraria da EDP, que como sabemos está altamente endividada pelos projetos que realizou nos últimos anos, precisando certamente de pedir ainda mais dívida para pagar este sobrecusto das renováveis aos produtores nacionais.
Mas cuidado, com a última fase da privatização em 2011, não creio que se consiga tapar muito mais tempo o sol com a peneira. Parece-me que este esquema de venda da dívida tarifária já deve ir ao encontro da intenção dos chineses, que certamente não têm vontadinha nenhuma de assumir os encargos de um Estado que está supostamente falido.
Veremos que outros esquemas para comprar tempo entrarão em ação daqui para a frente.
Notícia aqui
Tiago Mestre
domingo, 28 de julho de 2013
Impressiona
O que pensarão os líderes protestantes e ortodoxos destas manifestações genuínas do comunidade católica para com o seu líder espiritual?
Sou agnóstico mas também sou português, e orgulho-me de ver o Brasil "português" a reforçar o catolicismo e os valores universais que a nossa cultura portuguesa deu ao mundo.
Os protestantes que se ponham a pau, porque aquilo em que eles acreditavam que a Igreja católica estava errada é afinal a grande força desta.
Hoje, é a Igreja católica que se renova, que se reforma, que não fica indiferente aos seus escândalos e tenta ser melhor amanhã. É o futuro a protestar contra o passado.
Já dos protestantes, parece que se esqueceram da religião, tendo deixado que a economia fizesse os seus cidadãos reféns dela. Tudo pelo trabalho e pela individualidade, e vai-se a ver, é o protestantismo que não se reforma, que não congrega comunidades. Cada pastor mantêm o seu rebanho e os outros que se amanhem.
Será que o protesto de Lutero está condenado a cair de maduro, tal e qual como uma fuga que é neutralizada pelo pelotão?
Tiago Mestre
Marxismo cultural no Rio de Janeiro
Na Marcha das Vadias, em Copacabana, diversas encenações ilustraram os apelos feitos pelas feministas. Uma delas chamou a atenção por seu teor altamente polêmico, pois os envolvidos utilizaram a imagem da Nossa Senhora como objeto sexual.
O que é o marxismo cultural.
"Conversas Vadias" com o Agostinho da Silva - Episódio VI
Prof. Agostinho da Silva conversa com Alice Cruz.
Algures entre as palavras tolerar e aceitar, Agostinho da Silva traça uma linha bem vincada na definição de ambas.
Quero acreditar que a cultura portuguesa, por aquilo que desempenhou no mundo, aceitou para si, capturou para si, as culturas dos outros, criando novas e dando assim novos mundos ao mundo.
Mas as restantes culturas europeias que tiveram que lidar com outras tão diferentes, quanto muito toleraram-nas, ou seja, permitiram, com um certo desprezo, que elas coabitassem no mesmo espaço. Ainda hoje é assim entre os próprios povos europeus, e não deixará de o ser, creio eu.
Só a cultura portuguesa tem condições para se oferecer verdadeiramente às outras sem pedir nada em troca, e capturar as diferenças para si como algo de inevitável, tornando-a a única com potencial no espaço europeu para gerar aquilo que todos querem mas que ninguém consegue: harmonia genuína entre os povos europeus
Tiago Mestre
sábado, 27 de julho de 2013
Engana-me com a descida do IRC que eu gosto
Fonte aqui
Ou seja, baixa o IRC mas sugere-se que se aumente o IRS aos sócios e administradores das empresas que tiram dinheiro da empresa.
Ao dia de hoje, a taxa liberatória para os patrões que queiram tirar dinheiro já vai em 28,5%.
Quanto mais então? 35%? 50%?
Mas pensam que o pessoal é todo parolo?
Hoje em dia já ninguém quer sacar dinheiro da empresa pela via legal, quanto mais com taxas liberatórias a passar dos 30 ou 40%.
É ridículo e impressionante a criatividade desta malta em querer fazer omoletes sem ovos.
Só depois de baixar a despesa é que se podem baixar os impostos. Até lá, mascara-se.
Esta sugestão faz-me lembrar quando alguém me propõe um desconto comercial sobre um produto de 50%, quando antes era 40%, e vai-se a ver a tabela de preços ao público e descobre-se que os preços base aumentaram o suficiente para compensar o acréscimo do desconto.
Tiago Mestre
Ou seja, baixa o IRC mas sugere-se que se aumente o IRS aos sócios e administradores das empresas que tiram dinheiro da empresa.
Ao dia de hoje, a taxa liberatória para os patrões que queiram tirar dinheiro já vai em 28,5%.
Quanto mais então? 35%? 50%?
Mas pensam que o pessoal é todo parolo?
Hoje em dia já ninguém quer sacar dinheiro da empresa pela via legal, quanto mais com taxas liberatórias a passar dos 30 ou 40%.
É ridículo e impressionante a criatividade desta malta em querer fazer omoletes sem ovos.
Só depois de baixar a despesa é que se podem baixar os impostos. Até lá, mascara-se.
Esta sugestão faz-me lembrar quando alguém me propõe um desconto comercial sobre um produto de 50%, quando antes era 40%, e vai-se a ver a tabela de preços ao público e descobre-se que os preços base aumentaram o suficiente para compensar o acréscimo do desconto.
Tiago Mestre
sexta-feira, 26 de julho de 2013
Tragédia na Galiza
Do que eu consegui perceber do acidente, o comboio circulava há já muitos quilómetros numa via própria para os AVE's.
Nestas vias, há um sistema eletrónico que comunica à cabine do maquinista qual a velocidade permitida, ficando ao critério do mesmo definir a aceleração ou a travagem adequadas.
Estes sistemas eletrónicos começaram a tornar-se essenciais quando os comboios começaram a galopar muito de velocidade.
A 200 km/hora não podemos exigir aos maquinistas que acelerem ou travem em função de uma placa pouco visível espetada na berma da linha. É demasiado arriscado.
Era com este sistema que o maquinista vinha a controlar o comboio desde Madrid, talvez.
Mas algures antes da curva parece que esse sistema deixa de operar para dar lugar a outro sistema de controlo, menos adequado para velocidades elevadas, mas que gere outros comboios mais lentos que por ali também circulam.
Em condições normais, o sistema de controlo do AVE deveria ter avisado o maquinista bem lá atrás para iniciar a travagem, já que se é para travar de 200km/h para 80km/h, são necessárias umas boas centenas de metros, senão mesmo um quilómetro ou mais.
Ou o sistema não funcionou, ou então não tem que funcionar, ou seja, na cabine do maquinista, esta transição dos sistemas de controlo pode não ser automática. Neste caso, deveria ser o maquinista a saber, e certamente que o saberia, que algures por ali deveria iniciar a travagem do comboio, mesmo sem o sistema informar dessa necessidade.
Não o fez porque se distraiu
Ou julgou que estava tudo bem e entrou "descansado" na curva
O que eu não acredito é que o homem acreditasse ser capaz de fazer a curva a 200km/h quando o limite era 80km/h. Isso está fora de questão.
Se tivesse entrado na curva a 100 ou a 110km/h, enfim ainda se poderia julgar que o maquinista estava a forçar o comboio a ir mais depressa por um qualquer objetivo (atraso ou outra coisa qualquer)
O sistema eletrónico dos comboios mais lentos, pelo facto de não estar "desenhado" para comboios que circulam a estas velocidades, nem sequer teve tempo de imobilizar o comboio. Ainda o sistema estava a analisar se deveria avisar o maquinista e parar o comboio, já este se estava a enfiar na curva.
A 200 Km/h, por cada segundo que passa o comboio percorre 55 metros.
A tragédia na Galiza é imensa pelo número de vítimas, mas em termos de gravidade do erro cometido, não considero que seja inferior ao acidente de Alfarelos.
A "sorte" em Alfarelos foi que o comboio Regional que levou com o Intercidades por trás não levava ninguém. Se por acaso a última carruagem do Regional levasse 50 pessoas, seriam 50 mortes. Passei várias vezes de comboio pelo local após o acidente, e verifiquei que a carruagem ficou totalmente destruída. Impressionante. Aliás, muito mais destruída do que qualquer uma das carruagens que vi do AVE na Galiza . A locomotiva do Intercidades entrou pelo Regional adentro como se este fosse uma folha de papel.
Tiago Mestre
Nestas vias, há um sistema eletrónico que comunica à cabine do maquinista qual a velocidade permitida, ficando ao critério do mesmo definir a aceleração ou a travagem adequadas.
Estes sistemas eletrónicos começaram a tornar-se essenciais quando os comboios começaram a galopar muito de velocidade.
A 200 km/hora não podemos exigir aos maquinistas que acelerem ou travem em função de uma placa pouco visível espetada na berma da linha. É demasiado arriscado.
Era com este sistema que o maquinista vinha a controlar o comboio desde Madrid, talvez.
Mas algures antes da curva parece que esse sistema deixa de operar para dar lugar a outro sistema de controlo, menos adequado para velocidades elevadas, mas que gere outros comboios mais lentos que por ali também circulam.
Em condições normais, o sistema de controlo do AVE deveria ter avisado o maquinista bem lá atrás para iniciar a travagem, já que se é para travar de 200km/h para 80km/h, são necessárias umas boas centenas de metros, senão mesmo um quilómetro ou mais.
Ou o sistema não funcionou, ou então não tem que funcionar, ou seja, na cabine do maquinista, esta transição dos sistemas de controlo pode não ser automática. Neste caso, deveria ser o maquinista a saber, e certamente que o saberia, que algures por ali deveria iniciar a travagem do comboio, mesmo sem o sistema informar dessa necessidade.
Não o fez porque se distraiu
Ou julgou que estava tudo bem e entrou "descansado" na curva
O que eu não acredito é que o homem acreditasse ser capaz de fazer a curva a 200km/h quando o limite era 80km/h. Isso está fora de questão.
Se tivesse entrado na curva a 100 ou a 110km/h, enfim ainda se poderia julgar que o maquinista estava a forçar o comboio a ir mais depressa por um qualquer objetivo (atraso ou outra coisa qualquer)
O sistema eletrónico dos comboios mais lentos, pelo facto de não estar "desenhado" para comboios que circulam a estas velocidades, nem sequer teve tempo de imobilizar o comboio. Ainda o sistema estava a analisar se deveria avisar o maquinista e parar o comboio, já este se estava a enfiar na curva.
A 200 Km/h, por cada segundo que passa o comboio percorre 55 metros.
A tragédia na Galiza é imensa pelo número de vítimas, mas em termos de gravidade do erro cometido, não considero que seja inferior ao acidente de Alfarelos.
A "sorte" em Alfarelos foi que o comboio Regional que levou com o Intercidades por trás não levava ninguém. Se por acaso a última carruagem do Regional levasse 50 pessoas, seriam 50 mortes. Passei várias vezes de comboio pelo local após o acidente, e verifiquei que a carruagem ficou totalmente destruída. Impressionante. Aliás, muito mais destruída do que qualquer uma das carruagens que vi do AVE na Galiza . A locomotiva do Intercidades entrou pelo Regional adentro como se este fosse uma folha de papel.
Tiago Mestre
O burocrata
..."O burocrata é, no simplismo e também por vezes na justeza dos juízos populares, o homem inútil que se compraz em multiplicar as formalidades, encarecer as pretensões, amortalhar em papéis os interesses, embaraçar os problemas com as dúvidas, atrasar as soluções com os despachos, obscurecer a claridade da justiça em nuvens de textos legais, ouvir mal atento ou desabrido as queixas e as razões do público que são o pão, ou o tempo, ou a fazenda, ou a honra, ou a vida da Nação perante o Estado e a sua justiça; trabalhar pouco, ganhar muito e certo; sem proveito nem utilidade social, parasitariamente, sorver como esponja o produto do suor e do trabalho do povo."...
António de Oliveira Salazar - 5 de Outubro de 1940
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Síntese orçamental Julho 2013
O Vazelios detetou um erro na minha análise e corrigi o post.
Receita e Despesa acumuladas em 2013 são superiores a 2012, e portanto, temos mais Estado na economia, exatamente o oposto do que se pretende.
Tiago Mestre
O maior inconveniente
Por Jaime Nogueira Pinto,
Esta crise doméstica do princípio do Verão é a prova provada de que o bem público e o sentido de Estado estão ausentes como valor e como critério de actuação dos políticos portugueses.
E, a contrario, é a confirmação de que os interesses pessoais e partidários, a vaidade de ter a última palavra, a obsessão da retórica ideológica, o prazer da vingança na praça pública das humilhações privadas, são os vectores e os motores da actuação de quase todos.
Tudo se passou, como uma sucessão de mãos e vazas de um poker sintético, em que o prazer de surpreender os parceiros e de cobrir a aposta deles dominou qualquer outra preocupação. Até de ganhar.
Desta vez os eleitores e cidadãos aperceberam-se da vacuidade do jogo e indignaram-se, ao dar-se conta que estes bluffs e contra-bluffs a divertir os jogadores são pagos por eles, que estão de fora e bem de fora da partida. Mas pagam a conta. E que a conta do jogo, depois destas duas semanas, entre a degradação dos juros da dívida, as perdas nas bolsas, o downgrading dos bancos, representa um suplemento de peso no fardo que vão carregar e pagar nos próximos anos.
Assim, ao aproximar do quadragésimo aniversário do regime, mais se acentuam os seus custos sociais e económicos, sem que a demagogia e a propaganda (assentes na demonização do Estado Novo e consequentes alegrias da restauração democrática) consigam já sensibilizar muito as massas ‘antifascistas’.
As alternativas para Portugal estão, hoje, entre o protectorado e a bancarrota: o protectorado é sermos os bons alunos da Europa, cumprir à risca os mandatos da troika, deixarmos que os outros – os europeus e os estrangeiros – nos obriguem com o seu mandato a voltar a ser um país normal, saindo desse protectorado. A bancarrota é não fazermos nada disto, ou não fazermos o suficiente e acordarmos um dia com os ATM sem dinheiro e as consequências no meio da rua.
Os antifascistas de serviço – desde os veneráveis vultos do reviralho, obcecados em dizer e fazer tudo ao contrário do que Salazar diria e faria, aos bloquistas que repetem as enormidades da vulgata leninista – querem aproveitar a guerra psicadélica entre a coligação e o Presidente, para se escapulirem e passarem as culpas. Fazem de conta que os pecados e a crise começaram agora e que eles aí estão com receitas infalíveis para a cura. Por isso convém lembrar que esta gente foi a que fez a descolonização e as nacionalizações de qualquer maneira, quem manteve uma constituição socialista até tarde e quem semeou e impôs constitucionalmente os clichés ideológicos que bloqueiam a política, a economia, a sociedade.
Por muito que nos irritem os estados de alma das lideranças, os ajustes de contas despropositados, estes jogos a brincar aos políticos e os jogadores políticos, num terreno cada vez mais movediço, por muito que nos desgoste e indigne o espectáculo destes, os outros ainda conseguem ser piores. E a política portuguesa é hoje uma escolha entre inconvenientes.
aqui
Esta crise doméstica do princípio do Verão é a prova provada de que o bem público e o sentido de Estado estão ausentes como valor e como critério de actuação dos políticos portugueses.
E, a contrario, é a confirmação de que os interesses pessoais e partidários, a vaidade de ter a última palavra, a obsessão da retórica ideológica, o prazer da vingança na praça pública das humilhações privadas, são os vectores e os motores da actuação de quase todos.
Tudo se passou, como uma sucessão de mãos e vazas de um poker sintético, em que o prazer de surpreender os parceiros e de cobrir a aposta deles dominou qualquer outra preocupação. Até de ganhar.
Desta vez os eleitores e cidadãos aperceberam-se da vacuidade do jogo e indignaram-se, ao dar-se conta que estes bluffs e contra-bluffs a divertir os jogadores são pagos por eles, que estão de fora e bem de fora da partida. Mas pagam a conta. E que a conta do jogo, depois destas duas semanas, entre a degradação dos juros da dívida, as perdas nas bolsas, o downgrading dos bancos, representa um suplemento de peso no fardo que vão carregar e pagar nos próximos anos.
Assim, ao aproximar do quadragésimo aniversário do regime, mais se acentuam os seus custos sociais e económicos, sem que a demagogia e a propaganda (assentes na demonização do Estado Novo e consequentes alegrias da restauração democrática) consigam já sensibilizar muito as massas ‘antifascistas’.
As alternativas para Portugal estão, hoje, entre o protectorado e a bancarrota: o protectorado é sermos os bons alunos da Europa, cumprir à risca os mandatos da troika, deixarmos que os outros – os europeus e os estrangeiros – nos obriguem com o seu mandato a voltar a ser um país normal, saindo desse protectorado. A bancarrota é não fazermos nada disto, ou não fazermos o suficiente e acordarmos um dia com os ATM sem dinheiro e as consequências no meio da rua.
Os antifascistas de serviço – desde os veneráveis vultos do reviralho, obcecados em dizer e fazer tudo ao contrário do que Salazar diria e faria, aos bloquistas que repetem as enormidades da vulgata leninista – querem aproveitar a guerra psicadélica entre a coligação e o Presidente, para se escapulirem e passarem as culpas. Fazem de conta que os pecados e a crise começaram agora e que eles aí estão com receitas infalíveis para a cura. Por isso convém lembrar que esta gente foi a que fez a descolonização e as nacionalizações de qualquer maneira, quem manteve uma constituição socialista até tarde e quem semeou e impôs constitucionalmente os clichés ideológicos que bloqueiam a política, a economia, a sociedade.
Por muito que nos irritem os estados de alma das lideranças, os ajustes de contas despropositados, estes jogos a brincar aos políticos e os jogadores políticos, num terreno cada vez mais movediço, por muito que nos desgoste e indigne o espectáculo destes, os outros ainda conseguem ser piores. E a política portuguesa é hoje uma escolha entre inconvenientes.
aqui
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Salazar e Maurras
Salazar e Maurras em tese doutoral na Argentina
Una tesis doctoral defendida recientemente en la Universidad Católica Argentina examina las fuentes maurrasianas del pensamiento político de Oliveira Salazar. Al ceñir el objeto de estudio a los conceptos de Estado, Nación, Orden y Autoridad, al politique d´abord y al empirismo organizador, este trabajo descriptivo, comparativo e interpretativo sugiere que la influencia de Maurras sobre el estadista portugués es más amplia y compleja de lo que generalmente se cree y pone al descubierto algunas coincidencias remarcables.
La presencia del filósofo provenzal comienza en la preocupación fundamental de Salazar con el orden –de origen Divino y orientado hacia el bien común. Ésta continua en la crítica del Estado demoliberal y el rechazo del Estado totalitario; la necesidad de un Estado fuerte pero limitado, capaz de cumplir su función fundamental –el mantenimiento del orden; un Estado comandado con unidad de pensamiento, de voluntad y de acción, independiente de la opinión y del poder financiero, dedicado al ejercicio de las funciones que le son propias; un Estado bien construído como un espectáculo de orden y unidad, « una obra maestra de la civilización »; la subordinación del Estado a la Nación, base del edificio político salazariano; el intento de restauración de los principios del orden tradicional con un Poder caracterizado por cuatro atributos esenciales –fuerza, independencia, estabilidad, prestigio–, y el establecimiento de cámaras orgánicas de tipo consultivo.
Como Maurras, Salazar concibe la Nación como el valor supremo en el orden temporal. Orgánica y no contractual, obra material y espiritual, realidad tangible y positiva, ella debe ser protegida, aumentada y transmitida. Salazar es consciente que frente a la Nación, el individuo es un deudor neto y nato, ya que recibe infinitamente más de lo que aporta. Entiende que la unidad es un rasgo esencial y fundamento de la Nación y anhela que ésta sea eterna, perpetuada como la familia, mediante la sucesión generacional y la transmisión del patrimonio. «Madre e hija de nuestros destinos», en la expresión de Maurras, Salazar confirma esta doble dependencia: «Somos porque nuestros ancestros fueron; y solamente continuando sus esfuerzos y sus sacrificios somos señores de nuestra tierra y de nuestro destino».
La herencia maurrasiana prosigue en la noción de Autoridad necesaria, fuerza creadora del orden y de toda buena obra humana; un medio y no un fin, una carga y no un privilegio; fundamento de la sociedad. Se advierte la misma tensión entre Autoridad y libertad presente en la reflexión del jefe de la Action française: la fórmula de equilibrio del portugués –«conciliar la libertad posible y la autoridad necesaria»– refleja la noción maurrasiana de «autoridad arriba, libertades abajo». La Autoridad como realidad, «un hecho y una necesidad»; un don de la Providencia; paternal; caracterizada por la unidad –de pensamiento y de acción– para corresponder a la unidad esencial de la Nación; estable en su ejercicio y vigencia; independiente de las facciones, de los «caprichos anárquicos de la opinión», de la influencia de la plutocracia; naturalmente sabia –virtud de la prudencia, saber teórico y práctico resultante del estudio y de la experiencia– y educadora.
En lo que concierne al politique d´abord, se examina la evolución de Salazar, quien, partiendo de una interpretación estricta –y, en consecuencia, un rechazo–, termina por una lectura en sintonía con Maurras y por la aceptación de la validez del principio aplicado a la realidad portuguesa. Respecto del empirismo organizador, se observa que el sistema de análisis empleado por Salazar –pasar revista a la historia patria, examinar las experiencias políticas concretas para de ellas extraer constantes y lecciones fundamentales, las cuales, una vez encuadradas por principios superiores, se transforman en hoja de ruta– corresponde al método maurrasiano.
Intelectuais
"Amo Camões, Vieira e Pessoa: sinto-me europeu"
por Paulo Rangel, eurodeputado pelo PSD Hoje
Falo, leio, escrevo e sinto-me europeu. Bebo vinho, benzo-me, como pão e sinto-me europeu. Guio distâncias sem fim de Valença a Vigo, de Irún a Bayonne, de Estrasburgo a Kehl e sinto-me europeu. Oiço música, invoco direitos, faço revoluções e sinto-me europeu. Aprendo línguas, fundo universidades, lanço contas e sinto-me europeu.
E pronto, escrevo umas baboseiras e já sou europeu.
Invoco uns artistas literários para dar densidade ao artigo e já sou europeu.
Mas ouve cá, ser europeu é sentir-se europeu, mais nada.
E será que Paulo Rangel se sente europeu? Duvido, até porque não há uma coisa chamada Cultura Europeia.
Quanto muito, talvez seja o salário e as regalias de ser deputado EUROPEU que o fazem sentir-se europeu. Isso sim, e reconhecer tal é que é de homem, agora beber vinho e sentir-se europeu, francamente.
Cá para mim, este nosso eurodeputado que há tempos participava todas as quintas-feiras em comentários televisivos na televisão portuguesa quando supostamente deveria estar a trabalhar em Estrasburgo, o que verdadeiramente deseja é invocar uma suposta "identidade" europeia que não existe, recorrendo a umas atoardas semânticas para ver se cola.
Tudo serve para tentar aproximar Portugal do projeto europeu, mesmo que as diferenças culturais sejam insanáveis.
Enfim, não nos conseguimos livrar destes estranjeirados que há séculos tentam impingir ao povo português o casaco cultural europeu, que humilde e submisso, lá se vai deixando levar por estes disparates.
Tiago Mestre
A organização económica do Estado Novo
O Estado Novo - Princípios e Realizações, pág 6
Opúsculo editado ainda nos anos trinta (não tem data) pelo Secretariado da Propaganda Nacional, Editorial Império
É mesmo a Alemanha que está errada?
Perante a evidência só nos resta mandar os keynesianos e socialistas de volta à escola.
E se juntarmos a estes quadro os gráficos da dívida pública e da dívida externa dos 4 países, é caso para dizer:
- Desapareçam seus idiotas.
terça-feira, 23 de julho de 2013
A decadência dos povos peninsulares ?
Em 1871, Antero de Quental e proeminentes colegas de Coimbra, como Eça de Queirós, Manuel de Arriaga ou Teófilo Braga, decidiram realizar as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, tendo Antero proferido o discurso intitulado:
"Causas da decadência dos povos peninsulares"
Tive a oportunidade de comprar um exemplar em livro há uns anos num alfarrabista, tal era a minha curiosidade em conhecer o conteúdo, e, à luz dos factos recentes, são por demais evidentes as semelhanças daquela época com as da atualidade, tanto na realidade objetiva política como na análise que os intelectuais faziam da mesma. E por incrível que pareça, apesar de parecer uma eternidade, o espaço temporal entre elas não é assim tão distante.
Tanto naquela época como agora, a malta queixa-se do nosso atraso estrutural, das décadas sucessivamente perdidas, da corrupção, da mesquinhice, e por aí fora.
Antero de Quental faz uma tentativa de compreensão da história portuguesa quase desde a sua fundação, e faz a comparação entre o que éramos até ao século XVI (bons) e como passámos a ser desde aí (maus).
Para ele, as razões desta transição vão desde o progressivo distanciamento da classe política para com o povo, centralização do poder, ausência de massa crítica, tanto no plano filosófico como científico, depravação dos costumes desde o topo até cá abaixo mas sobretudo o aparecimento da Inquisição e da igreja formal, mecânica, impositora, etc, etc.
Segundo Antero, com a penetração dogmática e rígida da igreja católica nos costumes da população, o povo embruteceu e, embrutecendo, perdeu-se a esperança de voltarmos a ser a força criadora, instintiva, enérgica e científica com que nos caracterizáramos séculos antes.
Citando Antero de Quental:
" O catolicismo dos últimos três séculos, pelo seu princípio, pela sua disciplina, pela sua política, tem sido no mundo o maior inimigo das nações, e verdadeiramente o túmulo das nacionalidades."
Nos dias de hoje poderíamos também afirmar que a depravação moral e até social está em plena marcha; que a corrupção grassa em cada esquina de negócios públicos, e já agora, que os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, utilizando umas terminologias mais modernaças.
Mas acham que faz sentido atribuir nos dias de hoje as culpas pelas nossas "falhas" à igreja católica?
Não creio, e quer-me parecer que Antero de Quental e compadres também exageraram na atribuição de responsabilidades à Igreja.
Sendo agora má língua, parece-me até que talvez por terem sido demasiado urbanos, estrangeirados e românticos, lhes fosse impossível de suportar a força natural que a igreja católica exercia em todo o território.
Havia que atacar, e como?
Atribuindo-lhe a fonte geradora de todos os males da nossa suposta decadência como cultura.
E como corolário desta leitura errada da sociedade, temos o exemplo histórico do que tentou a I República impor à nossa cultura, nomeadamente pela mão de Teófilo Braga e Manuel de Arriaga (que coincidência) entre muitos outros, e como o povo sacudiu com indiferença as modernices desta gente, que lá porque sabia ler, escrever e contar, julgava saber o que era melhor para a vida do povo analfabeto.
Este, ignorando as questiúnculas políticas da elite lisboeta, assistiu impávido às lutas intestinas dos partidos, aos ataques odiosos entre os tais intelectuais que tudo julgavam saber, e usando do tempo como melhor arma, deixaram o regime cair de maduro. Touché!
Mas atenção, nem tudo são rosas na igreja católica. Há factos indesmentíveis, como a Inquisição e a manipulação moral que a igreja quis exercer nos costumes da população, mas daí a afirmar que a nossa cultura embruteceu e se depravou por causa da igreja acho um exagero.
Aliás, seria difícil de acreditar que a nossa cultura, demasiado livre, inteligente e local, se deixasse levar por uma doutrina geral e dogmática, excessivamente diferente daquilo em que nós já ingenuamente acreditávamos desde há séculos, tanto no plano teológico como na regulação dos costumes.
Quer-me aliás parecer que foi mais a igreja católica a vestir o casaco da cultura portuguesa do que os portugueses a vestirem o casaco da cultura católica, e a prova está na preservação quase intacta da nossa cultura até aos dias de hoje, em contraponto com a redução do peso social da instituição Igreja. Ainda restam umas tradições formais aqui e acolá, mas o povo português, ávido de coisas novas, deixou-se absorver por uma data de novos costumes e modos de estar na vida, quer tenha sido pela aproximação à Europa, aos EUA, ao Oriente, sei lá.
Hoje alguém se preocupa com o facto de a igreja não aceitar o divórcio livre entre duas pessoas? O pessoal casa e descasa pelo civil e está a andar de mota. Querem lá saber se a igreja concorda ou deixa de concordar, e no entanto, por incrível que pareça, os nossos comportamentos como povo e caldo cultural continuam os mesmos desde há séculos: enervamo-nos pelas mesmas injustiças, discutimos pelas mesmas coisas negativas, regozijamo-nos pelas mesmas coisas boas, arrependemo-nos ou não por aquilo que de mal fazemos, perdoamos ou não perdoamos pelos mesmos motivos de sempre. Não conseguimos dizer Não quando sabemos que estamos a desagradar alguém, da mesma maneira que o sim diz-se por tudo e por nada.
É assim agora e era assim há 600 anos, ou acham que não?
Sinceramente, a força da nossa cultura, que é permanentemente salpicada por estrangeirismos, parece que tem carisma suficiente para influenciar MUITO mais do que ser influenciada, e porquê?
Porque é mais equilibrada do que as outras. ponto final.
Porque é menos fanática do que as culturas que se apoiam na rigidez protestante, judaica ou budista.
Porque é mais tolerante com as culturas que civilizacionalmente estão ou estavam mais atrasadas do que nós. E assim granjeamos amizades com toda a gente, sem sermos demasiado altivos nem demasiado submissos.
Era o Olavo de Carvalho que dizia, acho eu, que o Brasil católico dos portugueses é uma obra de tolerância étnica muito mais aperfeiçoada do que o protestantismo inglês dos EUA.
Mas mesmo assim, e à semelhança do que aconteceu em 1871, os intelectuais de hoje da nossa praça não foram estudar como analisavam e reagiam os intelectuais de outras épocas, bem como os erros de análise que cometiam, logo, é vê-los aí a não se cansarem de referir que não prestamos, que o resto da Europa é que é boa, que somos isto, que somos aquilo, que estamos a degenerar para aqui e para acolá.
Felizmente que há visionários como Agostinho da Silva que souberam não entrar no pântano da maledicência e na avaliação de vistas curtas dos nosso comportamentos, recorrendo ao estudo e à análise para conceber uma ideia do que é a maneira de ser do português. Isto sim, é ser corajoso, é ser sonhador, é fazer o que mais ninguém fez contando com tão pouco para o fazer. Isto sim, é ser português.
Na minha opinião, se é mesmo verdade que o português está efetivamente a degenerar para aqui ou para acolá, conforme nos querem convencer, tal deve-se à permanente importação de ideologias políticas e instituições estrangeiras que, desde a monarquia absolutista (aí concordo com os intelectuais de 1871), nos querem obrigar a vestir um casaco que verdadeiramente não nos serve, e portanto, arranjamos as maneiras mais bizarras de nos enfiarmos lá dentro, como no caso mais recente da social-democracia, por exemplo.
Acham mesmo que a Democracia e o Estado como corpo único e nacional, bem como as mega instituições super gerais que não têm em conta as vicissitudes de cada região e de cada comunidade verdadeiramente nos servem? Duvido.
Basta-me saber que tais ideologias políticas ou vieram de protestantes metódico-racionais do norte da Europa ou de devassos românticos liberais franceses como Rousseau para ficar logo desconfiado. LOGO!
Andamos há séculos à procura de uma identidade política que sirva a nossa cultura, mas chiça, não está fácil, e a porra da adesão à CEE ainda veio baralhar mais a nossa escrita.
Tiago Mestre
"Causas da decadência dos povos peninsulares"
Tive a oportunidade de comprar um exemplar em livro há uns anos num alfarrabista, tal era a minha curiosidade em conhecer o conteúdo, e, à luz dos factos recentes, são por demais evidentes as semelhanças daquela época com as da atualidade, tanto na realidade objetiva política como na análise que os intelectuais faziam da mesma. E por incrível que pareça, apesar de parecer uma eternidade, o espaço temporal entre elas não é assim tão distante.
Tanto naquela época como agora, a malta queixa-se do nosso atraso estrutural, das décadas sucessivamente perdidas, da corrupção, da mesquinhice, e por aí fora.
Antero de Quental faz uma tentativa de compreensão da história portuguesa quase desde a sua fundação, e faz a comparação entre o que éramos até ao século XVI (bons) e como passámos a ser desde aí (maus).
Para ele, as razões desta transição vão desde o progressivo distanciamento da classe política para com o povo, centralização do poder, ausência de massa crítica, tanto no plano filosófico como científico, depravação dos costumes desde o topo até cá abaixo mas sobretudo o aparecimento da Inquisição e da igreja formal, mecânica, impositora, etc, etc.
Segundo Antero, com a penetração dogmática e rígida da igreja católica nos costumes da população, o povo embruteceu e, embrutecendo, perdeu-se a esperança de voltarmos a ser a força criadora, instintiva, enérgica e científica com que nos caracterizáramos séculos antes.
Citando Antero de Quental:
" O catolicismo dos últimos três séculos, pelo seu princípio, pela sua disciplina, pela sua política, tem sido no mundo o maior inimigo das nações, e verdadeiramente o túmulo das nacionalidades."
Nos dias de hoje poderíamos também afirmar que a depravação moral e até social está em plena marcha; que a corrupção grassa em cada esquina de negócios públicos, e já agora, que os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, utilizando umas terminologias mais modernaças.
Mas acham que faz sentido atribuir nos dias de hoje as culpas pelas nossas "falhas" à igreja católica?
Não creio, e quer-me parecer que Antero de Quental e compadres também exageraram na atribuição de responsabilidades à Igreja.
Sendo agora má língua, parece-me até que talvez por terem sido demasiado urbanos, estrangeirados e românticos, lhes fosse impossível de suportar a força natural que a igreja católica exercia em todo o território.
Havia que atacar, e como?
Atribuindo-lhe a fonte geradora de todos os males da nossa suposta decadência como cultura.
E como corolário desta leitura errada da sociedade, temos o exemplo histórico do que tentou a I República impor à nossa cultura, nomeadamente pela mão de Teófilo Braga e Manuel de Arriaga (que coincidência) entre muitos outros, e como o povo sacudiu com indiferença as modernices desta gente, que lá porque sabia ler, escrever e contar, julgava saber o que era melhor para a vida do povo analfabeto.
Este, ignorando as questiúnculas políticas da elite lisboeta, assistiu impávido às lutas intestinas dos partidos, aos ataques odiosos entre os tais intelectuais que tudo julgavam saber, e usando do tempo como melhor arma, deixaram o regime cair de maduro. Touché!
Mas atenção, nem tudo são rosas na igreja católica. Há factos indesmentíveis, como a Inquisição e a manipulação moral que a igreja quis exercer nos costumes da população, mas daí a afirmar que a nossa cultura embruteceu e se depravou por causa da igreja acho um exagero.
Aliás, seria difícil de acreditar que a nossa cultura, demasiado livre, inteligente e local, se deixasse levar por uma doutrina geral e dogmática, excessivamente diferente daquilo em que nós já ingenuamente acreditávamos desde há séculos, tanto no plano teológico como na regulação dos costumes.
Quer-me aliás parecer que foi mais a igreja católica a vestir o casaco da cultura portuguesa do que os portugueses a vestirem o casaco da cultura católica, e a prova está na preservação quase intacta da nossa cultura até aos dias de hoje, em contraponto com a redução do peso social da instituição Igreja. Ainda restam umas tradições formais aqui e acolá, mas o povo português, ávido de coisas novas, deixou-se absorver por uma data de novos costumes e modos de estar na vida, quer tenha sido pela aproximação à Europa, aos EUA, ao Oriente, sei lá.
Hoje alguém se preocupa com o facto de a igreja não aceitar o divórcio livre entre duas pessoas? O pessoal casa e descasa pelo civil e está a andar de mota. Querem lá saber se a igreja concorda ou deixa de concordar, e no entanto, por incrível que pareça, os nossos comportamentos como povo e caldo cultural continuam os mesmos desde há séculos: enervamo-nos pelas mesmas injustiças, discutimos pelas mesmas coisas negativas, regozijamo-nos pelas mesmas coisas boas, arrependemo-nos ou não por aquilo que de mal fazemos, perdoamos ou não perdoamos pelos mesmos motivos de sempre. Não conseguimos dizer Não quando sabemos que estamos a desagradar alguém, da mesma maneira que o sim diz-se por tudo e por nada.
É assim agora e era assim há 600 anos, ou acham que não?
Sinceramente, a força da nossa cultura, que é permanentemente salpicada por estrangeirismos, parece que tem carisma suficiente para influenciar MUITO mais do que ser influenciada, e porquê?
Porque é mais equilibrada do que as outras. ponto final.
Porque é menos fanática do que as culturas que se apoiam na rigidez protestante, judaica ou budista.
Porque é mais tolerante com as culturas que civilizacionalmente estão ou estavam mais atrasadas do que nós. E assim granjeamos amizades com toda a gente, sem sermos demasiado altivos nem demasiado submissos.
Era o Olavo de Carvalho que dizia, acho eu, que o Brasil católico dos portugueses é uma obra de tolerância étnica muito mais aperfeiçoada do que o protestantismo inglês dos EUA.
Mas mesmo assim, e à semelhança do que aconteceu em 1871, os intelectuais de hoje da nossa praça não foram estudar como analisavam e reagiam os intelectuais de outras épocas, bem como os erros de análise que cometiam, logo, é vê-los aí a não se cansarem de referir que não prestamos, que o resto da Europa é que é boa, que somos isto, que somos aquilo, que estamos a degenerar para aqui e para acolá.
Felizmente que há visionários como Agostinho da Silva que souberam não entrar no pântano da maledicência e na avaliação de vistas curtas dos nosso comportamentos, recorrendo ao estudo e à análise para conceber uma ideia do que é a maneira de ser do português. Isto sim, é ser corajoso, é ser sonhador, é fazer o que mais ninguém fez contando com tão pouco para o fazer. Isto sim, é ser português.
Na minha opinião, se é mesmo verdade que o português está efetivamente a degenerar para aqui ou para acolá, conforme nos querem convencer, tal deve-se à permanente importação de ideologias políticas e instituições estrangeiras que, desde a monarquia absolutista (aí concordo com os intelectuais de 1871), nos querem obrigar a vestir um casaco que verdadeiramente não nos serve, e portanto, arranjamos as maneiras mais bizarras de nos enfiarmos lá dentro, como no caso mais recente da social-democracia, por exemplo.
Acham mesmo que a Democracia e o Estado como corpo único e nacional, bem como as mega instituições super gerais que não têm em conta as vicissitudes de cada região e de cada comunidade verdadeiramente nos servem? Duvido.
Basta-me saber que tais ideologias políticas ou vieram de protestantes metódico-racionais do norte da Europa ou de devassos românticos liberais franceses como Rousseau para ficar logo desconfiado. LOGO!
Andamos há séculos à procura de uma identidade política que sirva a nossa cultura, mas chiça, não está fácil, e a porra da adesão à CEE ainda veio baralhar mais a nossa escrita.
Tiago Mestre
O pastel de nata
Obrigado Álvaro! Pela diferença e independência, sabemos que és um genuíno liberal e se mais não fizeste foi porque alguém (ou muitos) não quis(eram).
É muito provável que as vendas dos pasteis de nata tenham aumentado pelo mundo fora sem que tenha sido necessário criar alguma lei, incentivo ou subsídio.
Não deixes de voltar a escrever no teu blogue.
Detroit, a cidade mais socialista dos EUA
O que todos os prefeitos de Detroit desde 1962 têm em comum? Jerome Cavanagh, Roman Gribbs, Coleman Young, Dennis Archer, Kwame Kilpatrick, Kenneth Cockrel, Jr. e o atual Dave Bing são todos do mesmo partido que, depois de 51 anos seguidos, conseguiu falir um dos ícones da história americana.
Em 1960, Detroit tinha a mais alta renda per capita do país e hoje tem a mais baixa. Repetindo: até a última administração republicana, Detroit tinha a mais alta renda per capita dos EUA e, depois de meio século de feitiçarias de esquerda, tem a mais baixa. Tente discutir com esse dado ou culpar o capitalismo por isso.
A falência de Detroit está longe de ser surpresa para qualquer analista atento e honesto, mas é emblemática. A bancarrota da “motor city” coloca mais fogo no debate que quer a comparação direta entre os resultados obtidos pelos modelos oferecidos pelos dois grandes partidos do país. Estes modelos são aplicados também nos dois maiores estados dos EUA, o socialista na Califórnia e o de livre mercado no Texas, como num enorme teste de laboratório. E esta comparação não é apenas um debate econômico, é a versão revista e atualizada da Guerra Fria, só que agora em pleno território americano.
Não se deixe enganar: antes de avaliar a situação da economia americana atual, separe primeiro os estados “azuis” (democratas) e “vermelhos” (republicanos) e veja o que está dando certo e o que não está. Ver Barack Obama se vangloriar de dados da economia inflados pelos resultados dos estados “vermelhos” como o Texas, administrado por republicanos desde 1995 e que gerou 1/3 dos novos empregos do país na última década, é simplesmente ultrajante.
A maior cidade do Michigan foi enviada sem escalas para níveis de pobreza raros no mundo ocidental, o que pode ser comprovado em números divulgados recentemente pelo The Wall Street Journal:
- 47% dos adultos da cidade são considerados analfabetos funcionais (contra 20% da média do país)
- Apenas um terço das ambulâncias está em condições de sair da garagem
- 40% dos postes de luz das ruas estão apagados
- O tempo médio de resposta de um policial a um chamada ao 911 é de 58 minutos (média nacional: 11 minutos)
- Um terço das edificações da cidade está abandonado (78 mil prédios fantasmas)
- 210 dos 317 parques públicos estão fechados.
- 2/3 da população deixou a cidade desde os anos 60
- Menos de 5% dos carros do país são montados hoje na cidade
A cidade, onde as armas legais foram praticamente banidas como manda o manual esquerdista, é tão violenta que é impossível andar com segurança pelas ruas, você é logo aconselhado a pegar táxi. As escolas estão entre as piores do país, os serviços públicos mais básicos são negligenciados e tudo que envolve a prefeitura, como a licença para abrir um novo negócio, é um inferno burocrático terceiro-mundista, típico de qualquer lugar administrado por socialistas. Como definiu o jornal britânico “The Telegraph”, uma cidade assassinada por mau-caratismo e estupidez”.
Em Detroit, os prefeitos gastavam dinheiro público como “drunk sailors” e mergulhavam a administração municipal em escândalos de corrupção, subornos e clientelismo diretamente associados à expansão do governo. Kwame Kilpatrick, prefeito de 2002 a 2008, chegou a ser preso depois de condenado na justiça por mais de 25 crimes ligados à sua gestão.
Os sindicatos tiraram completamente a competitividade da cidade, mergulhando a economia local no caos. Enquanto torpedeavam qualquer tentativa da indústria automobilística de se modernizar, outras cidades atraíam as novas plantas e os empregos fugiram, assim como os investimentos. E o declínio da indústria da cidade era respondido pelos sindicatos com mais greves que exigiam ainda mais aumentos, proteções, regulações e subsídios, tudo com apoio explícito dos prefeitos democratas.
Hoje 15.000 metalúrgicos da ativa contribuem para fundos que pagam a aposentadoria de 22.000 pensionistas, com um déficit anual estimado de US$ 5,5 bilhões. Os EUA continuam fazendo bons carros, como o melhor SUV do mundo (eleito pela revista Motor Trend), o Mercedes-Benz Classe GL, só que agora ele é montado no Alabama. Parabéns, sindicatos!
No vizinho Wisconsin, o governador republicano Scott Walker resolveu enfrentar os poderosos sindicatos e chegou a ter seu mandato colocado em risco num “recall” ano passado, em que foi reeleito e agora promove uma verdadeira revolução no estado. Mas o futuro de Detroit ainda é incerto porque, evidentemente, você nunca vai ouvir a esquerda dizendo que errou.
Se existe algo certo na vida é o resultado de meio século de socialismo em qualquer lugar, mesmo no país mais rico do mundo. O Partido Democrata e os sindicatos faliram Detroit. Que sirva ao menos de lição.
Twilight (euro)zone
Se colocarmos em perspetiva as vozes dos líderes europeus a referir que tudo já está bem com a evolução das dívidas de alguns países europeus, incluindo Portugal, facilmente corremos o risco de entrar na twilight zone europeia, tal é a disparidade entre as palavras e os números:
Evolução em % do PIB num só ano:
Itália: de 123% para 130%
Irlanda: de 106% para 125% !!
Portugal: de 112% para 127%
Holanda: de 66% para 71%
Espanha: de 73% para 88% !!
Reino Unido: de 85% para 89%
Dados Eurostat
Tiago Mestre
Evolução em % do PIB num só ano:
Itália: de 123% para 130%
Irlanda: de 106% para 125% !!
Portugal: de 112% para 127%
Holanda: de 66% para 71%
Espanha: de 73% para 88% !!
Reino Unido: de 85% para 89%
Dados Eurostat
Tiago Mestre
O fim do superciclo das commodities
Os investidores estão acumulando perdas à medida que uma década de alta no preço das commodities se reverte em meio à desaceleração dos mercados emergentes, o aumento do suprimento de petróleo e de metais e ao previsto fim da política de estímulo do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, fatores que sustentaram a alta dos preços das matérias-primas.
A reversão abrupta do preço das commodities está solapando uma das apostas mais populares nos mercados financeiros globais: a de que os preços continuariam subindo, alimentados pelo forte crescimento da China e outras economias em desenvolvimento e pela relativa escassez de muitas matérias-primas.
A banca fez a festa, lançaram os foguetes da dívida e agora apanham as canas
Uma nefasta ligação entre a crise de Detroit e a da União Europeia
A quebra financeira da cidade americana de Detroit tem uma inesperada ligação com o problemático sistema bancário europeu, o que agrava a situação tanto da capital da indústria automobilística como a de seus credores na Europa.
O episódio demonstra como os bancos europeus ainda estão pagando o preço de decisões erradas tomadas no período em que antecedeu a crise financeira global. O problema remonta a 2005, quando Detroit tentava encontrar maneiras de injetar recursos nos esgotados fundos de pensão dos seus servidores e nos departamentos de polícia e dos bombeiros.
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Capitalismo e Cristianismo
Por Olavo de Carvalho,
Uma tolice notável que circula de boca em boca contra os males do capitalismo é a identificação do capitalista moderno com o usurário medieval, que enriquecia com o empobrecimento alheio.
Lugar-comum da retórica socialista, essa ideiazinha foi no entanto criação autêntica daquela entidade que, para o guru supremo Antonio Gramsci, era a inimiga número um da revolução proletária: a Igreja Católica.
Desde o século XVIII, e com freqüência obsessivamente crescente ao longo do século XIX, isto é, em plena Revolução Industrial, os papas não cessam de verberar o liberalismo econômico como um regime fundado no egoísmo de poucos que ganham com a miséria de muitos.
Mas que os ricos se tornem mais ricos à custa de empobrecer os pobres é coisa que só é possível no quadro de uma economia estática, onde uma quantidade mais ou menos fixa de bens e serviços tem de ser dividida como um bolo de aniversário que, uma vez saído do forno, não cresce mais. Numa tribo de índios pescadores do Alto Xingu, a "concentração do capital" eqüivaleria a um índio tomar para si a maior parte dos peixes, seja na intenção de consumi-los, seja na de emprestá-los a juros, um peixe em troca de dois ou três. Nessas condições, quanto menos peixes sobrassem para os outros cidadãos da taba, mais estes pobres infelizes ficariam devendo ao maldito capitalista índio — o homem de tanga que deixa os outros na tanga.
Foi com base numa analogia desse tipo que no século XIII Sto. Tomás, com razão, condenou os juros como uma tentativa de ganhar algo em troca de coisa nenhuma. Numa economia estática como a ordem feudal, ou mais ainda na sociedade escravista do tempo de Aristóteles, o dinheiro, de fato, não funciona como força produtiva, mas apenas como um atestado de direito a uma certa quantidade genérica de bens que, se vão para o bolso de um, saem do bolso de outro. Aí a concentração de dinheiro nas mãos do usurário só serve mesmo para lhe dar meios cada vez mais eficazes de sacanear o próximo.
Mas pelo menos do século XVIII em diante, e sobretudo no XIX, o mundo europeu já vivia numa economia em desenvolvimento acelerado, onde a função do dinheiro tinha mudado radicalmente sem que algum papa desse o menor sinal de percebê-lo. No novo quadro, ninguém podia acumular dinheiro embaixo da cama para acariciá-lo de madrugada entre delíquios de perversão fetichista, mas tinha de apostá-lo rapidamente no crescimento geral da economia antes que a inflação o transformasse em pó. Se cometesse a asneira de investi-lo no empobrecimento de quem quer que fosse, estaria investindo na sua própria falência.
Sto. Tomás, sempre maravilhosamente sensato, havia distinguido entre o investimento e o empréstimo, dizendo que o lucro só era lícito no primeiro caso, porque implicava participação no negócio, com risco de perda, enquanto o emprestador, que se limitava sentar-se e esperar com segurança, só deveria ter o direito à restituição da quantia emprestada, nem um tostão a mais. Na economia do século XIII, isso era o óbvio — aquele tipo de coisa que todo mundo enxerga depois que um sábio mostrou que ela existe.
Mas, no quadro da economia capitalista, mesmo o puro empréstimo sem risco aparente já não funcionava como antes — só que nem mesmo os banqueiros, que viviam essa mudança no seu dia a dia e aliás viviam dela, foram capazes de explicar ao mundo em que é que ela consistia. Eles notavam, na prática, que os empréstimos a juros eram úteis e imprescindíveis ao desenvolvimento da economia, que portanto deviam ser alguma coisa de bom. Mas, não sabendo formular teoricamente a diferença entre essa prática e a do usurário medieval, só podiam enxergar-se a si próprios como usurários, condenados portanto pela moral católica. A incapacidade de conciliar o bem moral e a utilidade prática tornou-se aí o vício profissional do capitalista, contaminando de dualismo toda a ideologia liberal (até hoje todo argumento em favor do capitalismo soa como a admoestação do adulto realista e frio contra o idealismo quixotesco da juventude). Karl Marx procurou explicar o dualismo liberal pelo fato de que o capitalista ficava no escritório, entre números e abstrações, longe das máquinas e da matéria — como se fazer força física ajudasse a solucionar uma contradição lógica, e aliás como se o próprio Karl Marx houvesse um dia carregado algum instrumento de trabalho mais pesado que uma caneta ou um charuto. Mais recentemente, o nosso Roberto Mangabeira Unger, o esquerdista mais inteligente do planeta, e que só não é plenamente inteligente porque continua esquerdista, fez uma crítica arrasadora da ideologia liberal com base na análise do dualismo ético (e cognitivo, como se vê em Kant) que é a raiz da esquizofrenia contemporânea.
Mas esse dualismo não era nada de inerente ao capitalismo enquanto tal, e sim o resultado do conflito entre as exigências da nova economia e uma regra moral cristã criada para uma economia que já não existia mais. O único sujeito que entendeu e teorizou o que estava acontecendo foi um cidadão sem qualquer autoridade religiosa ou prestígio na Igreja: o economista austríaco Eugen Böhm-Bawerk. Este gênio mal reconhecido notou que, no quadro do capitalismo em crescimento, a remuneração dos empréstimos não era apenas uma conveniência prática amoral, mas uma exigência moral legítima. Ao emprestar, o banqueiro simplesmente trocava dinheiro efetivo, equivalente a uma quota calculável de bens na data do empréstimo, por um dinheiro futuro que, numa economia em mudança, podia valer mais ou valer menos na data da restituição. Do ponto de vista funcional, já não existia mais, portanto, diferença positiva entre o empréstimo e o investimento de risco. Daí que a remuneração fosse tão justa no primeiro caso como o era no segundo. Tanto mais justa na medida mesma em que o liberalismo político, banindo a velha penalidade da prisão por dívidas, deixava o banqueiro sem a máxima ferramenta de extorsão dos antigos usurários.
Um discípulo de Böhm-Bawerk, Ludwig von Mises, explicou mais detalhadamente essa diferença pela intervenção do fatortempo na relação econômica: o emprestador troca dinheiro atual por dinheiro potencial, e pode fazê-lo justamente porque, tendo concentrado capital, está capacitado a adiar o gasto desse dinheiro, que o prestamista por seu lado necessita gastar imediatamente para tocar em frente o seu negócio ou sua vida pessoal. Von Mises foi talvez o economista mais filosófico que já existiu, mas, ainda um pouco embromado por uns resíduos kantianos, nem por um instante pareceu se dar conta de que estava raciocinando em termos rigorosamente aristotélico-escolásticos: o direito à remuneração provém de que o banqueiro não troca simplesmente uma riqueza por outra, mas troca riqueza em ato por riqueza em potência, o que seria rematada loucura se o sistema bancário, no seu conjunto, não estivesse apostando no crescimento geral da economia e sim apenas no enriquecimento da classe dos banqueiros.
A concentração do capital para financiar operações bancárias não é portanto um malefício que só pode produzir algo de bom se for submetido a "finalidades sociais" externas (e em nome delas policiado), mas é, em si e por si, finalidade socialmente útil e moralmente legítima. Sto. Tomás, se lesse esse argumento, não teria o que objetar e certamente veria nele um bom motivo para a reintegração plena e sem reservas do capitalismo moderno na moral católica. Mas Sto. Tomás já estava no céu e, no Vaticano terrestre, ninguém deu sinal de ter lido Böhm-Bawerk ou Von Mises até hoje. Daí a contradição grosseira das doutrinas sociais da Igreja, que, celebrando da boca para fora a livre iniciativa em matéria econômica, continuam a condenar o capitalismo liberal como um regime baseado no individualismo egoísta, e terminam por favorecer o socialismo, que agradece essa colaboração instituindo, tão logo chega ao poder, a perseguição e a matança sistemática de cristãos, isto é, aquilo que o Dr. Leonardo Boff, referido-se particularmente a Cuba, denominou "o Reino de Deus na Terra".
Daí, também, que o capitalista financeiro (e mesmo, por contaminação, o industrial), se ainda tinha algo de cristão, continuasse a padecer de uma falsa consciência culpada da qual só podia encontrar alívio mediante a adesão à artificiosa ideologia protestante da "ascese mundana" (juntar dinheiro para ir para o céu), que ninguém pode levar a sério literalmente, ou mediante o expediente ainda mais postiço de fazer majestosas doações em dinheiro aos demagogos socialistas, que, embora sejam ateus ou no máximo deístas, sabem se utilizar eficazmente da moral católica como instrumento de chantagem psicológica, e ainda são ajudados nisto — porca miséria! — pela letra e pelo espírito de várias encíclicas papais.
Uma das causas que produziram o trágico erro católico na avaliação do capitalismo do século XIX foi o trauma da Revolução Francesa, que, roubando e vendendo a preço vil os bens da Igreja, enriqueceu do dia para a noite milhares de arrivistas infames e vorazes, que instauraram o império da amoralidade cínica, o capitalismo selvagem tão bem descrito na obra de Honoré de Balzac. Que isso tenha se passado logo na França, "filha dileta da Igreja", marcou profundamente a visão católica do capitalismo moderno como sinônimo de egoísmo anticristão. Mas seria o saque revolucionário o procedimento capitalista por excelência? Se o fosse, a França teria evoluído para o liberal-capitalismo e não para o regime de intervencionismo estatal paralisante que a deixou para sempre atrás da Inglaterra e dos Estados Unidos na corrida para a modernidade. Um governo autoritário que mete a pata sobre as propriedades de seus adversários para distribuí-las a seus apaniguados, é tudo, menos liberal-capitalista: é, já, o progressismo intervencionista, no qual, por suprema ironia, a Igreja busca ainda hoje enxergar um remédio contra os supostos males do liberal-capitalismo, que por seu lado, onde veio a existir — Inglaterra e Estados Unidos —, nunca fez mal algum a ela e somente a ajudou, inclusive na hora negra da perseguição e do martírio que ela sofreu nas mãos dos comunistas e de outros progressistas estatizantes, como os revolucionários do México que inauguraram nas Américas a temporada de caça aos padres. O caso francês, se algo prova, é que o "capitalismo selvagem" floresce à sombra do intervencionismo estatal, e não do regime liberal (coisa aliás arqui-provada, de novo, pelo cartorialismo brasileiro).
Insistindo em dizer o contrário, movida pela aplicação extemporânea de um princípio tomista e vendo no estatismo francês o liberal-capitalismo que era o seu inverso, a Igreja fez como essas mocinhas de filmes de suspense, que, fugindo do bandido, pedem carona a um caminhão... dirigido pelo próprio. A incapacidade de discernir amigos e inimigos, o desespero que leva o pecador a buscar o auxílio espiritual de Satanás, são marcas inconfundíveis de burrice moral, intolerável na instituição que o próprio Cristo designou Mãe e Mestra da humanidade. Errare humanum est, perseverare diabolicum: a obstinação da Igreja em suas reservas contra o liberal-capitalismo e em sua conseqüente cumplicidade com o socialismo é talvez o caso mais prolongado de cegueira coletiva já notado ao longo de toda a História humana. E quando em pleno século XIX o papa já assediado de contestações dentro da Igreja mesma proclama sua própria infalibilidade em matéria de moral e doutrina, isto não deixa de ser talvez uma compensação psicológica inconsciente para a sua renitente falibilidade em matéria econômica e política. Daí até o "pacto de Metz", em que a Igreja se ajoelhou aos pés do comunismo sem nada lhe exigir em troca, foi apenas um passo. Ao confessar que, com o último Concílio, "a fumaça de Satanás entrara pelas janelas do Vaticano", o papa Paulo VI esqueceu de observar que isso só podia ter acontecido porque alguém, de dentro, deixara as janelas abertas.
Que uma falsa dúvida moral paralise e escandalize as consciências, introduzindo nelas a contradição aparentemente insolúvel entre a utilidade prática e o bem moral, e, no meio da desorientação resultante, acabe por levar enfim a própria Igreja a tornar-se cúmplice do mais assassino e anticristão dos regimes já inventados —eis aí uma prestidigitação tão inconfundivelmente diabólica, que é de espantar que ninguém, na Igreja, tenha percebido a urgência de resolver essa contradição no interior mesmo da sua equação lógica, como o fizeram Böhm-Bawerk e von Mises (cientistas alheios a toda preocupação religiosa). Mais espantoso ainda é que em vez disso todos os intelectuais católicos, papas inclusive, tenham se contentado com arranjos exteriores meramente verbais, que acabaram por deixar no ar uma sugestão satânica de que o socialismo, mesmo construído à custa do massacre de dezenas de milhões de cristãos, é no fundo mais cristão que o capitalismo.
Não há alma cristã que possa resistir a um paradoxo desse tamanho sem ter sua fé abalada. Ele foi e é a maior causa de apostasias, o maior escândalo e pedra de tropeço já colocado no caminho da salvação ao longo de toda a história da Igreja.
Arrancar da nossa alma essa sugestão hipnótica, restaurar a consciência de que o capitalismo, com todos os seus inconvenientes e fora de toda intervenção estatal pretensamente corretiva, é em si e por essência mais cristão que o mais lindinho dos socialismos, eis o dever número um dos intelectuais liberais que não queiram colaborar com o farsesco monopólio esquerdista da moralidade, trocando sua alma pelo prato de lentilhas da eficiência amoral.
Falência? É inconstitucional, pois claro!
Porque os Srs. Juízes não decretam antes a dívida exagerada como inconstitucional?
Muito da porcaria que anda por aí à vista e às escondidas seria evitável se as dívidas do estado fossem limitadas constitucionalmente.
A dívida é que é a causa e a falência é só uma consequência (e por vezes a melhor solução).
domingo, 21 de julho de 2013
Ninguém quer ficar com a batata quente dos cortes de 4,7 mil milhões
Aparentemente foram os cortes desta magnitude que levaram o PS a dizer NÃO ao acordo de salvação nacional.
Para o PSD e para o CDS-PP, partilhar o esforço eleitoral com o PS nos cortes exigidos pela troika seria uma maravilha.
Ou seja, em Portugal não há NENHUMA força política que se sinta com energia para fazer o óbvio: aproximar a despesa à receita.
E é esta evidência, que já ninguém contesta, que nos fará perder o último reduto de independência e soberania que possuímos.
A Europa emprestou barato, o tuga não soube gerir tanto guito emprestado, e agora os credores não vêem alternativa senão comandarem os nossos destinos.
Os maiores partidos não se importam com isto, e o próprio PS até prefere que a perda de soberania ocorra, desde que a nossa dívida passe a ser um problema da Europa.
É assim que Mário Soares leva a dele avante, mais uma vez.
Desde os tempos de clandestinidade que sempre se bateu pela descolonização, já depois do 25 de Abril aderiu incondicionalmente à CEE, desejoso do dinheiro que lhe faltava para prometer Crescimento e Estado Social.
Afinal, o dinheiro não chegou para tudo e a dívida galopou, tal era o ímpeto gastador de toda a classe política. Agora que a dívida é grande demais e não se consegue pagar, há sempre bom remédio:
Mutualizar a dívida, que em língua portuguesa significa pôr alguém por nós a pagá-la.
Este benefício terá que vir com contrapartidas, não me lixem, e as contrapartidas serão pesadas. A perda de soberania será uma delas.
E o mais caricato é que cortar 4,7 mil milhões não chega.
Será necessário cortar pelo menos 10 mil milhões, somando aos 10 mil milhões que Gaspar já cortou.
No fundo, no fundo, a despesa tem que cair dos 90 mil milhões para os 70 mil milhões, e rezar para que a economia não tombe demasiado por forma a que a queda das receitas não seja tão pronunciada, e dessa forma eliminar o défice e não pedir mais dinheiro emprestado para prejuízos correntes, já que para conseguirmos pagar os empréstimos que vão maturando teremos sempre que pedir emprestado aqui e acolá.
No fim desta cowboyada toda, é Portas quem ficará com a responsabilidade de gerir os cortes com a troika, aka Reforma do Estado, tarefa que Gaspar desempenhou tão bem quanto pôde mas que Portas não suportou, ao ponto da sua saída se ter tornado irrevogável.
Será Portas o novo Gaspar?
Tiago Mestre
Para o PSD e para o CDS-PP, partilhar o esforço eleitoral com o PS nos cortes exigidos pela troika seria uma maravilha.
Ou seja, em Portugal não há NENHUMA força política que se sinta com energia para fazer o óbvio: aproximar a despesa à receita.
E é esta evidência, que já ninguém contesta, que nos fará perder o último reduto de independência e soberania que possuímos.
A Europa emprestou barato, o tuga não soube gerir tanto guito emprestado, e agora os credores não vêem alternativa senão comandarem os nossos destinos.
Os maiores partidos não se importam com isto, e o próprio PS até prefere que a perda de soberania ocorra, desde que a nossa dívida passe a ser um problema da Europa.
É assim que Mário Soares leva a dele avante, mais uma vez.
Desde os tempos de clandestinidade que sempre se bateu pela descolonização, já depois do 25 de Abril aderiu incondicionalmente à CEE, desejoso do dinheiro que lhe faltava para prometer Crescimento e Estado Social.
Afinal, o dinheiro não chegou para tudo e a dívida galopou, tal era o ímpeto gastador de toda a classe política. Agora que a dívida é grande demais e não se consegue pagar, há sempre bom remédio:
Mutualizar a dívida, que em língua portuguesa significa pôr alguém por nós a pagá-la.
Este benefício terá que vir com contrapartidas, não me lixem, e as contrapartidas serão pesadas. A perda de soberania será uma delas.
E o mais caricato é que cortar 4,7 mil milhões não chega.
Será necessário cortar pelo menos 10 mil milhões, somando aos 10 mil milhões que Gaspar já cortou.
No fundo, no fundo, a despesa tem que cair dos 90 mil milhões para os 70 mil milhões, e rezar para que a economia não tombe demasiado por forma a que a queda das receitas não seja tão pronunciada, e dessa forma eliminar o défice e não pedir mais dinheiro emprestado para prejuízos correntes, já que para conseguirmos pagar os empréstimos que vão maturando teremos sempre que pedir emprestado aqui e acolá.
No fim desta cowboyada toda, é Portas quem ficará com a responsabilidade de gerir os cortes com a troika, aka Reforma do Estado, tarefa que Gaspar desempenhou tão bem quanto pôde mas que Portas não suportou, ao ponto da sua saída se ter tornado irrevogável.
Será Portas o novo Gaspar?
Tiago Mestre
Crise?
Optimus Alive:
175 mil ?
Super Bock Super Rock:
100 mil ?
Marés Vivas:
75 mil ?
Já viram o preço dos bilhetes para os dias todos?
Exorto a todos os cidadãos que costumam ler, ouvir e ver o jornalismo nacional, a relativizarem os anúncios da miséria, dos problemas, da pobreza e da carência generalizadas que muitos comentadores e TODOS os partidos, mesmo os da coligação, não se cansam de referir.
Há miséria, é verdade, mas também não há miséria, e o problema é generalizar o que não chega a ser geral e muito menos nacional.
Vamos com calma e analisemos os números tal e qual como eles são, e não como gostaríamos que fossem, só para justificar a nossa posição ideológica e reclamar a preferência de quem nos lê.
Tiago Mestre
175 mil ?
Super Bock Super Rock:
100 mil ?
Marés Vivas:
75 mil ?
Já viram o preço dos bilhetes para os dias todos?
Exorto a todos os cidadãos que costumam ler, ouvir e ver o jornalismo nacional, a relativizarem os anúncios da miséria, dos problemas, da pobreza e da carência generalizadas que muitos comentadores e TODOS os partidos, mesmo os da coligação, não se cansam de referir.
Há miséria, é verdade, mas também não há miséria, e o problema é generalizar o que não chega a ser geral e muito menos nacional.
Vamos com calma e analisemos os números tal e qual como eles são, e não como gostaríamos que fossem, só para justificar a nossa posição ideológica e reclamar a preferência de quem nos lê.
Tiago Mestre
"Conversas Vadias" com o Agostinho da Silva - Episódio V
Prof. Agostinho da Silva conversa com Baptista-Bastos.
Baptista-Bastos, um intelectual que se esforça mais nos tiques para tentar sê-lo do que pelos rasgos de genialidade que não tem, estava, à semelhança de Adelino Gomes na segunda conversa, demasiado contaminado pela visão negativa do jornalismo quotidiano mediático.
Mas quando a visão é larga e o estudo a fonte do conhecimento, homens há, como Agostinho da Silva, que simplificam o que é quase incompreensível à maioria dos seres humanos, sem nunca deixar de ser a criança ingénua e curiosa que sempre foi.
Tiago Mestre
Subscrever:
Mensagens (Atom)