Aparentemente foram os cortes desta magnitude que levaram o PS a dizer NÃO ao acordo de salvação nacional.
Para o PSD e para o CDS-PP, partilhar o esforço eleitoral com o PS nos cortes exigidos pela troika seria uma maravilha.
Ou seja, em Portugal não há NENHUMA força política que se sinta com energia para fazer o óbvio: aproximar a despesa à receita.
E é esta evidência, que já ninguém contesta, que nos fará perder o último reduto de independência e soberania que possuímos.
A Europa emprestou barato, o tuga não soube gerir tanto guito emprestado, e agora os credores não vêem alternativa senão comandarem os nossos destinos.
Os maiores partidos não se importam com isto, e o próprio PS até prefere que a perda de soberania ocorra, desde que a nossa dívida passe a ser um problema da Europa.
É assim que Mário Soares leva a dele avante, mais uma vez.
Desde os tempos de clandestinidade que sempre se bateu pela descolonização, já depois do 25 de Abril aderiu incondicionalmente à CEE, desejoso do dinheiro que lhe faltava para prometer Crescimento e Estado Social.
Afinal, o dinheiro não chegou para tudo e a dívida galopou, tal era o ímpeto gastador de toda a classe política. Agora que a dívida é grande demais e não se consegue pagar, há sempre bom remédio:
Mutualizar a dívida, que em língua portuguesa significa pôr alguém por nós a pagá-la.
Este benefício terá que vir com contrapartidas, não me lixem, e as contrapartidas serão pesadas. A perda de soberania será uma delas.
E o mais caricato é que cortar 4,7 mil milhões não chega.
Será necessário cortar pelo menos 10 mil milhões, somando aos 10 mil milhões que Gaspar já cortou.
No fundo, no fundo, a despesa tem que cair dos 90 mil milhões para os 70 mil milhões, e rezar para que a economia não tombe demasiado por forma a que a queda das receitas não seja tão pronunciada, e dessa forma eliminar o défice e não pedir mais dinheiro emprestado para prejuízos correntes, já que para conseguirmos pagar os empréstimos que vão maturando teremos sempre que pedir emprestado aqui e acolá.
No fim desta cowboyada toda, é Portas quem ficará com a responsabilidade de gerir os cortes com a troika, aka Reforma do Estado, tarefa que Gaspar desempenhou tão bem quanto pôde mas que Portas não suportou, ao ponto da sua saída se ter tornado irrevogável.
Será Portas o novo Gaspar?
Tiago Mestre
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