O excedente comercial alemão, sobre o qual Bruxelas iniciou uma investigação em meados de Novembro, ajuda a Alemanha a enfrentar os desafios colocados ao país pelo envelhecimento da população, defendeu esta sexta-feira um membro do banco central alemão.
"O actual excedente da balança comercial alemã não é o resultado de uma política distinta ou de um plano económico. É pelo contrário e sobretudo o resultado de um procedimento de mercado que reflecte os investimentos e as decisões de poupança de milhões de agentes económicos”, afirmou Andreas Dombret, membro da direcção do Bundesbank, durante um congresso de banca em Frankfurt.
"Para os países como a Alemanha, um excedente comercial ajuda a absorver as cargas futuras que decorrem da evolução da demografia do país", adiantou.
Uma década de um número fraco de nascimentos na Alemanha e uma taxa de fecundidade, que se estabilizou em cerca de 1,4 filhos por mulher, muito longe do limite necessário para estabilizar a população (2,1 filhos por mulher), mantêm o país no caminho do declínio demográfico, com o envelhecimento dos seus cidadãos.
"Neste sentido, o excedente comercial não prejudica a economia, mas é um trunfo económico", considerou o membro do Bundesbank.
Dombret adiantou que "nem os países da União monetária europeia nem a União monetária em conjunto melhorariam se a Alemanha fosse enfraquecida artificialmente".
Estas declarações surgem depois da Comissão Europeia (CE) ter anunciado em meados de Novembro a abertura de um inquérito aprofundado sobre os excedentes das contas correntes alemãs, que ultrapassaram sistematicamente nos últimos anos o limite fixado por Bruxelas, de 6% do produto interno bruto (PIB), em média em três anos.
A decisão de Bruxelas surgiu duas semanas depois de uma forte critica dirigida ao modelo alemão pelo Tesouro norte-americano, que considerou a procura "anémica" e excedentes alemães nefastos para a Europa e para a economia mundial.
A Alemanha, campeã das exportações, regista excedentes da balança comercial e também excedentes das outras trocas com o estrangeiro, enquanto os parceiros europeus enfrentam enormes défices.
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