sexta-feira, 7 de março de 2014
A ciência económica
1º Nada é puramente chinês ou português. O padeiro de Vila Real se calhar compra a farinha numa casa no Porto, cujo a moagem é feita com trigo vindo dos EUA. É a globalização... Ainda bem. Todos a ganhar.
2º A tua boina, a minha camisa "Sacoor", são feitas na China, dão emprego a muitos chineses, tiram muita gente da pobreza. Está criar uma classe média nesse país que começa a comprar os sapatos portugueses de grande qualidade e caros. A maior exportação de sapatos caros portuguese é hoje em dia para a China. Também os vinhos... Olha os impostos que os chineses pagam a Portugal por consumirem vinho e sapatos. Os impostos, hoje são mais de um lado, amanhã são mais do outros, mas o importante é se o mundo está melhor, se existe mais bem-estar.
3º Temos que ser sentimentais em relação a todos os seres humanos. Temos que ser sentimentais em relação à nossa região e ela será mais rica se tiver mais incentivo para inovar e esse pode vir do rácio preço/qualidade e não da proteção e da redoma de vidro que não deixam ninguém crescer. Veja-se a indústria portuguesa no tempo de Salazar, e desde sempre, nunca foi competitiva, porque sempre foi protegida. As nossas exportações sempre forem inferiores às importações nos últimos 3 séculos. Tirando alguns anos pelo meio. Como agora... Os nacionalismos dão em atrasos da economia, porque a própria indústria fica atrás das suas congéneres internacionais.
4º Se os britânicos, por absurdo, odiarem a Grã-bretanha, não vão deixar de pensar no rácio preço/qualidade e o resto é conversa.
5º Valor sentimental. Razão/emoção. Tudo pode acontecer, mas acredita que o que pode trazer mais riqueza a um país e a todo mundo é a liberdade de opções das pessoas. Pelo mesmo valor as pessoas compra o que é do vizinho, o que é nacional.
6º A massa monetária mais não é do que um bem. Dinheiro serve para facilitar as trocas. É um bem. A massa monetária que os chineses ganham, como te disse acima serve para duas coisas: poupar e consumir. Os chineses cada vez utilizam menos os lucros para poupar e reinvestir, e consomem cada vez mais. Consomem produtos caros portugueses. Podem ainda ser as classes mais abastadas e o índice de Gini ainda estar elevado, porque a tendência é para aumentar numa economia em desenvolvimento e começar a baixar numa economia madura. Mas numa economia quase 100% planificada, como a chinesa, é sempre difícil dizer se isso vai mesmo acontecer...
7º Mesmo que um país seja menos competitivo que outro em todos os produtos que fabrica, mesmo assim existe na mesma lugar ao comércio internacional. É a lógica. São as vantagens comparadas de David Ricardo. Deve-se especializar nos produtos de maior valor acrescentado e todo mundo fica a ganhar. É matemática. É lógica. facilmente comprovada por meros números num quadro, onde se verificam os custos, a produtividade através de trabalho e capital utilizado.
8º Existe aquilo que se vê e o que não se vê. Aos sermos racionais nas nossas escolhas, parece que estamos a prejudicar alguém. Mas a lógica da economia é todos a ganhar e não um perde o que o outro ganha. Existe aquilo que não se vê... ao termos esta postura estamos a incentivar a indústria a inovar e melhorar, crescer e ter uma grande longevidade, muito emprego e ao mesmo tempo consumirmos produtos mais baratos e de melhor qualidade. Por alguma razão nós hoje vivemos muitíssimo melhor que o último rei de Portugal... Se somos mais felizes? Isso é diferente. A felicidade está dentro da nossa mente... e sobre isto também a ciência económica se debruça, tentando melhorar.
9º Aproveito para referir que todo o rendimento que for consumido não pode ser poupado e vice-versa. Seja ele: salários, juros, rendas e lucros. A poupança não é mais que o adiamento do consumo e outros vão consumir com esse crédito, dai a formação das taxas de juro dependem das preferências temporais dos agentes económicos e deveriam ser encontradas no mercado e nunca deviam depender dos bancos centrais que mais não fazem que manipular taxas de juros e criar com isso crises.
10º A ciência económica não é uma ciência exata, é uma ciência social. Logo não se pode basear no saber histórico, nas observações, no saber empírico, mas na lógica, no método dedutivo. A curva de Philips baseia-se em dados de 5 anos na Nova Zelândia, logo não pode ser generalizada. Como os ratinhos da nova zelândia se comportam em relação a determinado medicamento novo contra determinada doença pode ser aplicado a todos os ratos do mundo e depois ao Homem, desde que o ADN, etc não seja muito diferente para esse efeito.
A lógica fala-nos que todos os bens económicos são escassos.
A lógica diz-nos que à medida que aumentam os bens disponíveis, ou dinheiro, diminui o consumo e a poupança e investimento aumentam. E são criadas mais ferramentas para criar produtos cada vez melhores.
A lógica diz-nos que a roda criou mais riqueza, libertação de recursos e mais emprego qualificado.
A lógica diz-nos que PI, 3.14, relação entre o raio e a circunferência é igual em todo o universo. O número de Euler, etc
A lógica fala-nos na racionalidade do ser humano e de muitos animais, desde sobrevivência, aos primatas (Chimpanzés muitas vezes) que são mais sofisticados e provavelmente até caçam com paus que aguçam com os dentes e colocam nos buracos para caçar animais mais pequenos.
Logo se a lógica é ser-se racional. A lógica fala-nos de rácio preço/qualidade...
Paulo Monteiro Rosa
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4 comentários:
"É a globalização... Ainda bem. Todos a ganhar" diz o gajo da Carregosa!
O instinto diz-nos que não devemos dar ouvidos a tipos que lucram com o trabalho escravo de biliões, apenas porque dão cliques num rato e toques em teclas de um qualquer teclado! Se não for o instinto, resta a Ética.
Provavelmente nem pão feito com farinha de trigo americano, moído no Porto, é capaz de fazer!
Mas lá que sabe vomitar tretas, lá isso sabe!
Bem sei que dá muito mais prazer escrevermos o que nos vai magoando a alma, mas o exercício da liberdade que muito prezamos aqui no blog obriga-nos a moderar o ímpeto.
Caro taawaciclos, vamos tentar manter a discussão dentro do confronto de ideias, deixando o confronto de pessoas para outros espaços.
Estou apenas a pôr-me na pele do Paulo Monteiro Rosa, da mesma maneira que me colocaria na tua se tivesses sido o autor do texto.
Obrigado e não me leves a mal. Tiago
Não sei porque razão achas que a minha alma está "magoada"!
Quando leio textos do género gosto sempre de saber qual a fonte!
Esse argumento de "confronto ideias" versus "confronto de pessoas" nunca compreendi lá muito bem!
Afinal de contas o autor deste texto escreveu aquilo apenas porque é a pessoa que é, e não se pode separar o que a pessoa faz no seu dia-a-dia daquilo que ela pensa! Penso eu...
Assim sendo, e caso o autor do texto seja o Paulo Monteiro Rosa que trabalha como "Senior Trader at Banco Carregosa. Economist", que também tem a marca GoBulling (que é uma bela jogada gramatical menos um 'y' e pronto!) o que descrevi é uma mera expressão de uma ideia de que alguém que faz aquilo que referi é natural que escreva algo sem suporte efectivo como a frase "É a globalização... Ainda bem. Todos a ganhar." Não sei qual é a noção que o autor tem da palavra "todos", mas desconfio que não é idêntica à minha!
Não te preocupes que eu nunca levo nada a mal! Minha postura é de aceitação de tudo, desde a escravatura infantil à riqueza opulenta, da fome aos banquetes presidenciais/reais, ao tráfico humano à caça troféu!
Pois afinal de contas a nossa consciência e ética fugiram destes corpos e anda algures no universo!
Mas se os meus comentários vos incomodam (aos que mantêm este espaço virtual) é só dizerem clara e livremente que de mim não lerão mais palavra!
Eu continuarei bem, e vocês também...
Caro taawaciclos,
Seja educado e respeite as pessoas.
Tomo a liberdade de lhe referir que refugiar-se por detrás de um nick não fica lhe fica nada bem. Principalmente quando aquilo que escreve roça o baixo nível ...
"Quem insulta sob a capa do anonimato não passa de um reles cobarde" Montesquieu
Um excelente ano de 2015 para si, Senhor taawaciclos.
Cumprimentos,
Paulo Monteiro Rosa
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