sábado, 22 de março de 2014

Como devemos julgar o passado II


Agora com um caso prático: (via História Maximus)

A Guerra do Ultramar e as Alucinações de Manuel Loff


Crianças massacradas pelos assim-chamados "movimentos de libertação" na África Portuguesa.




"Nenhuma mentira chega a envelhecer no tempo." - Sófocles (496 a.C. - 406 a.C.)
 
O jornal Público deu à estampa no passado dia 20 de Março de 2014, um artigo do alucinado historiador Manuel Loff intitulado Alucinações e Manipulação Histórica[1], artigo este onde o mesmo profere um rol de barbaridades e mentiras em relação à Guerra do Ultramar que eu não só interpreto como uma ofensa pessoal por ter tido familiares que combateram na mesma, como também julgo necessário dar-lhe uma resposta adequada.

Qualquer pessoa minimamente conhecedora daquilo que se passou durante a Guerra do Ultramar e liberta de prismas ideológicos, facilmente irá compreender e dar-me razão naquilo que aqui vou afirmar, os restantes que não concordarem comigo, das três uma: ou estão presos a dogmas ideológicos, ou não conhecem a verdade histórica, ou então já venderam a alma ao diabo...

No apócrifo artigo em questão e entre outras barbaridades do mesmo género, Manuel Loff afirma que Salazar empurrou Portugal "para o abismo pela opção da guerra colonial." 

Tudo mentira! 

Salazar não tomou nenhuma opção de "guerra colonial" como afirma o mentiroso historiador Manuel Loff, bem pelo contrário, a guerra foi-nos imposta pelos Estados Unidos e a União Soviética, fruto do clima de Guerra Fria então vivido e durante o qual ambas as potências pretenderam captar os territórios da África Portuguesa para a sua esfera de influência. Portugal viu-se preso no meio desta luta entre titãs e defendeu-se como pôde, primeiro pela via diplomática e posteriormente pela via militar quando assim se tornou necessário. É preciso salientar e deixar bem claro que Portugal não deu início a nenhuma agressão, mas apenas se limitou a defender-se dos ataques dirigidos contra si pelas superpotências em questão. Nada mais.

Os verdadeiros agressores foram os Estados Unidos e acima de tudo a União Soviética que sem provocação foi imiscuir-se onde não era chamada, armando, financiando e treinando terroristas que posteriormente se infiltravam na África Portguesa. Estes terroristas ao serviço dos assim-chamados "movimentos de libertação" cometeram as mais inimagínaveis sevícias contra as populações civis negras e brancas. 

Veja-se hoje o que é feito da África Portuguesa, a Guiné-Bissau não passa de um Estado falhado e entregue a narcotraficantes, Angola vive debaixo da bota cardada do ditador José Eduardo dos Santos e Moçambique é um dos países mais pobres do Mundo e ainda em guerra civil após quase 40 anos de independência. Foi esta a"belíssima" e "humanitária" obra deixada pela esquerda portuguesa em África e que poderia perfeitamente ter sido evitada caso as coisas se tivessem processado de outra forma.

Manuel Loff insiste na mentira e distorção dos factos considerando que a Guerra do Ultramar foi ainda "uma guerra ilegítima, sem apoio popular e sem saída militar." 

Quanto à legitimidade da guerra, tinhamo-la toda do nosso lado, pois fomos nós que fomos atacados. Eu pergunto é que legitimidade é que a União Soviética tinha para armar, financiar e treinar os terroristas que nos atacavam sem justa causa?

Que legitimidade tinham os Estados Unidos para apoiar os nossos inimigos?

Que legitimidade tem Manuel Loff para vir afirmar que a guerra era ilegítima? Acaso ele esteve lá? Viu os massacres? Assistiu ao drama das populações? Ou diz o que diz apenas porque tem a cassette marxista instalada na cabeça?

Depois, Manuel Loff ainda se enterra mais afirmando sem qualquer base científica e sem citar qualquer estatística que a Guerra do Ultramar não tinha "apoio popular". Eu posso-vos garantir uma coisa, já falei com um bom número de ex-combatentes até hoje, pessoas que estiveram no terreno e viram e sentiram o que por lá se passou e posso-vos garantir que no minimo uns 80% apoiam as acções do governo de Salazar no que diz respeito à defesa das populações e defendem a legitimidade da guerra. Um dos meus primos, um Sargento do Exército especialista em minas e armadilhas, até se ofereceu como voluntário para ir combater na Guiné Portuguesa e por lá esteve durante vários anos a defender Portugal de terroristas e alucinados da laia do Manuel Loff, sem nunca se arrepender de nada. 

Manuel Loff dá ainda mais um passo na asneira e afirma que a guerra não tinha uma "solução militar." Bem, que eu saiba, nenhuma guerra tem uma solução militar a não ser que se extermine por completo a população civil do adversário. Aliás, os marxistas pelos vistos são bem entendidos no que toca ao extermínio de populações inteiras e até já levam com um saldo de cadáveres que ronda os 100 milhões de mortos a nível mundial...

Todas as soluções são políticas e a política por natureza incorpora várias componentes como o são a componente económica, a educativa, a agrícola, a energética, a diplomática, a militar, etc... Portanto, a solução para o Ultramar nunca poderia realmente ser uma solução militar, pois o aspecto militar é apenas uma componente da própria acção política.

Mais à frente no seu artigo, Manuel Loff até cita o "Marechal" Costa Gomes como se esse personagem da nossa história fosse um exemplo para alguém!

Já que Manuel Loff quer falar de Costa Gomes, porque não refere então o facto de o mesmo em 1975 ter feito uma viagem à Roménia do ditador Ceausescu? Ditador este que durante anos sujeitou o povo romeno a sevícias e a um terror de Estado inúmeras vezes pior do que aquele que a PIDE/DGS alguma vez foi capaz de orquestrar.

Costa Gomes foi até condecorado a 15 de Abril de 1976 com a 1ª Classe da Ordem da Estrela da Roménia.[2] Ou seja, aceitou uma medalha de um ditador comunista sem escrúpulos e que por sinal até era amigo dos Estados Unidos...

Será que Manuel Loff não vê aqui uma certa contradição hipócrita quando ataca Salazar impiedosamente enquanto em simultâneo defende e cita um "Marechal" oportunista que deu a mão a Ceausescu e até aceitou medalhas do mesmo?

Talvez seja a cabeça alucinada de Manuel Loff que não lhe permite ter uma maior clarividência, é pena, pois as vítimas do regime comunista romeno mereciam um pouco mais de respeito...


Uma reportagem da revista "Flama" de 20 de Junho de 1975 onde é relatada a viagem de Costa Gomes à Roménia comunista. Repare-se na cara de felicidade de Costa Gomes a caminhar ao lado do ditador Ceausescu como se tal fosse a melhor coisa do Mundo...


Manuel Loff refere depois que a Guerra do Ultramar foi uma "guerra injusta" e que esta foi declarada por Salazar em 1961. Aqui o nível das alucinações de Manuel Loff entram já no campo do delírio puro, pois não existe outra explicação para tamanha mentira. A Guerra do Ultramar segundo Manuel Loff foi "injusta" porquê? 

Ora vejamos, porque aparentemente, na sua opinião, o que Portugal deveria de ter feito era entregar o Ultramar aos soviéticos numa bandeja, abandonando em consequência de tal acto, milhões de portugueses de várias etnias que pacificamente coexistiam nas Províncias Ultramarinas.

Manuel Loff não o diz directamente, mas o que ele manhosamente insinua como sendo correcto é o crime de traição à Pátria. Crime este que segundo o código penal dá uma pena de prisão de dez a vinte anos como podem ver aqui:


"Código Penal

LIVRO II - Parte especial
TÍTULO V - Dos crimes contra o Estado
CAPÍTULO I - Dos crimes contra a segurança do Estado
SECÇÃO I - Dos crimes contra a soberania nacional
SUBSECÇÃO I - Dos crimes contra a independência e a integridade nacionais
----------
Artigo 308.º - Traição à Pátria


       Aquele que, por meio de usurpação ou abuso de funções de soberania:

              a) Tentar separar da Mãe-Pátria ou entregar a país estrangeiro ou submeter à soberania estrangeira todo o território português ou parte dele; ou
              b) Ofender ou puser em perigo a independência do País;

       é punido com pena de prisão de dez a vinte anos."[2]


Mais delirante ainda é o facto de Manuel Loff considerar que a Guerra do Ultramar foi declarada por Salazar em 1961, quando na realidade foi a União das Populações de Angola (UPA) que deu início à guerra a 15 de Março de 1961 quando promoveu abertamente um massacre da população negra e branca. Aliás, a maioria das vítimas do massacre nem sequer eram brancos e muitas não passavam de crianças...

É óbvio que o governo de Salazar reagiu a estes massacres com o envio de tropas para Angola. Manuel Loff queria que se fizesse o quê??? Que se abandonassem as populações à mercê de terroristas empunhando catanas contra civis inocentes???

O que a UPA fez constitui um crime de guerra à luz do direito internacional. Qualquer ataque contra civis inocentes constitui um crime de guerra, seja de que parte for, e quem ignora ou branqueia estes factos é cúmplice desses mesmos crimes...

Apenas uma pessoa intelectualmente muito desonesta (ou alucinada...) é que não é capaz de reconhecer estas evidências.

Se Manuel Loff acha bonita e correcta a atitude então tomada pelos traidores da Pátria que na época andavam a servir a causa soviética e estado-unidense, então faça-nos um favor, pegue nas suas malas e meta-se a andar para Cuba, pode ser até que com um pouco de sorte o Fidel Castro ainda lhe conceda alguma condecoração.
Mas o Manuel Loff não quer emigrar para Cuba, pois não?

Não quer, porque sabe-lhe bem andar a receber um chorudo salário todos os meses no Portugal capitalista. Salário esse que ele sabe que jamais poderia igualar no assim-chamado "paraíso socialista" cubano...

A sorte deste senhor, tal como a de muitos outros historiadores feitos de trampa que andam à solta no nosso Portugal, é que a falta de vergonha não mata, pois caso contrário, já teriam caído todos fulminados há muito tempo!

E se Manuel Loff estiver ofendido com a dureza da minha linguagem, então paciência, da próxima que não venha ofender e cuspir em cima da memória dos milhares de combatentes portugueses que tombaram ou ficaram feridos num esforço de guerra que nos foi imposto por potências estrangeiras e às quais nós nunca fizemos mal nenhum. 


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Notas:
[1] LOFF, Manuel - Alucinações e Manipulação Histórica. Público, 20 de Março de 2014. Link:http://www.publico.pt/portugal/noticia/alucinacoes-e-manipulacao-historica-1628964
[2]  ORDENS HONORÍFICAS PORTUGUESAS - Cidadãos Nacionais Agraciados Com Ordens Estrangeiras: Roménia. Link:http://www.ordens.presidencia.pt/?idc=155&list=1
[3] ALMEDINA - Base de Dados Jurídica. Link:http://bdjur.almedina.net/citem.php?field=node_id&value=1224904


João José Horta Nobre
Março de 2014

5 comentários:

Anónimo disse...

Estava tudo a correr tão bem, e mesmo no final, borrou a pintura!

"milhares de combatentes portugueses que tombaram ou ficaram feridos num esforço de guerra que nos foi imposto por potências estrangeiras e às quais nós nunca fizemos mal nenhum."

Isto é apenas a constatação da estupidez dos "milhares de combatentes" que aceitaram participar numa guerra da qual nem sequer sabiam as verdadeiras razões. E isto por si só é suficiente para alguém que se considera HUMANO dizer não ao acto de ir assassinar outros seres humanos...

Constata também o facto de que a estupidez reina ainda hoje por todo o lado, pois há sempre estúpidos a matarem-se por ilusões que nada têm a ver com a realidade.

Mas pronto, é mais uma forma de controlo populacional, associada ao desenvolvimento económico!

Vivendi disse...

A estupidez reina porque pessoas e estados continuam a não reconhecer a propriedade privada e o direito natural.

João Nobre disse...

Obrigado pela publicação do artigo.

Peço-lhe apenas que atualize o texto se puder, pois fiz meia-dúzia de correcções no mesmo e adicionei mais algumas informações.

Cumpts,
João José Horta Nobre

Vivendi disse...

Irei proceder à alteração caro João.

João Nobre disse...

Muito obrigado.

Cumpts,
João José Horta Nobre