domingo, 2 de março de 2014

O Amor de Seguro pelo BCE


À primeira vista parece fazer sentido.
Em vez do dinheiro passar pela banca privada, que compra a 0,25% ao BCE e vende a Portugal a 4 ou 5%, o BCE empresta diretamente ao Estado português. Eliminam-se intermediários, estes perdem o carry trade, em que basicamente ganham dinheiro sem se mexerem, a especulação desaparece, e acima de tudo, os custos de financiamento passam a ser bastante menores para países como Portugal.

A ideia não é original. Do outro lado do Atlântico, a Reserva Federal e o Governo Norte-Americano há muito que dançam o tango, reservando a presença nos leilões de dívida a pública a bancos "bem comportados", que não geram ondas nem despejam obrigações americanas no mercado secundário à maluca.

Bom, se eles fazem, porque é que nós não fazemos igual?
Se formos por esta linha de raciocínio, realmente é um disparate não começar a fazê-lo já amanhã.

Mas se formos um pouco mais além em querer compreender esta questão, há uma pergunta que salta:
Se é assim tão fácil, porque é que não embarca toda a gente nesta solução?
E outra:
Porque é que no Tratado de Lisboa, o artigo 112º proíbe expressamente o empréstimo de dinheiro pelo BCE aos países membros do € ?
Se alguém escreveu este artigo não é por vontade masoquista de ver os países do € sofrer, mas sim por estar consciente dos perigos de emprestar dinheiro sem limites, sem regras.

E aquilo que Seguro pede ao BCE é que nos empreste dinheiro sem limites e a juro zero. Perante tal facilidade, o estímulo de gastar sem regra instala-se nos governos, e cobrir despesas com as receitas disponíveis passa a ser um exercício salazarento.

É isto que Seguro pede ao BCE:
esqueçam o défice,
esqueçam o endividamento
esqueçam o risco financeiro
Imprimam sff

3 comentários:

Anónimo disse...

Só para matar a minha curiosidade

"bancos "bem comportados"" quais são eles?

Nuno disse...

Ainda bem que depois de se entrar no euro já não se pode sair senão...

Tiago Mestre disse...

São os que têm acesso aos leilões de dívida pública americana. É público, apesar de não saber todos de cor. Benvindo ao blog, taawaciclos