Para o presidente do instituto alemão IFO, “menos austeridade agora significará mais dor no futuro”. Em entrevista ao jornal espanhol “El Pais”, Hans-Werner Sinn que o ajustamento no Sul da Europa "vai ser doloroso", mas "não há alternativa"
Hans-Werner Sinn, presidente do instituto alemão IFO, avisa, em entrevista publicada esta segunda-feira no “El Pais”, que “não há soluções fáceis” para o Sul da Europa e que o ajustamento “vai ser doloroso”.
Em sua opinião há três alternativas: a desvalorização interna no Sul; a desvalorização interna no Sul através de uma expansão no Norte; e a saída do euro de alguns países. “O mais provável é uma combinação dessas opções”, afirma, acrescentando que “Espanha, Portugal e Grécia precisam de uma desvalorização interna de 30%; França de 20%; Itália de um corte de preços de 10%”. Quanto à Alemanha, diz Hans-Werner Sinn, deve encarecer 20%”.
Para o presidente do IFO, “na zona euro a austeridade é inevitável. É um processo extremamente difícil” mas não há alternativa”.
Apesar de dizer compreender que alguns queiram menos ajustes, “menos austeridade significaria menos sofrimento agora em troca de mais dor no futuro e do aumento do risco de ruptura do euro”.
“Não deve haver ilusões sobre a dor que vem. Vai ser duro. As desvalorizações internas podem ser cruéis. Mas, se um país acredita que vai ser demasiado pode sair do euro”, defende.
Hans-Werner Sinn considera ainda não acreditar que Espanha tenha de sair, já a Grécia sim: está numa situação tão desesperada, não poderá prosperar no euro. As actuais exigências europeias sacrificam uma geração a um desemprego massivo. Portugal está em uma situação semelhante”
Questionado pelo jornal quanto a um conselho a dar a Rajoy, o responsável diz que aprove outra reforma laboral que reduza os salários. “Isso fez Schröder em 2003. Eliminou o salário mínimo e laminou o Estado-Providência privando milhões de pessoas de ajudas sociais: isso provocou distúrbios e protestos. Custou-lhe o cargo. No entanto, foi a política adequada. Rajoy pode, com isso, não governar muito tempo, mas isso é o que a Espanha precisa”.
Transferir o modelo alemão em toda a Europa é, em sua opinião, a única possibilidade.
Transferir o modelo alemão em toda a Europa é, em sua opinião, a única possibilidade.
notícia aqui
Comentário: a desvalorização quanto mais rápido acontecer melhor será.
5 comentários:
Desvalorização interna de 30%... e depois?
Depois ficamos na mesma,com o mesmo problema: a prisão chamada "EURO"!!
Então, se vamos ficar mais pobres 30%,temos que o fazer de maneira a que possamos, depois desse empobrecimento voltar a ser livres. Voltar a ter a nossa própria moeda, que possamos ajustar à nossa realidade, e não termos que nos pautar por uma moeda definida por outros de acordo com os seus interesses e que rebenta connosco (enorme desemprego). Também empbreceriamos fora do Euro, mais seria fácil de ajustar e sem tanto desemprego.
Ou então só nos resta declarar default em 50% da nossa dívida... o que não parece que seja melhor (mas a mera ameaça disso dar-nos-ia muito maior poder negocial com a Alemanha e a Europa - que neste momento se está positivamente a cag** para nós)!
ólho comunas... um Estado forte dá nisto!
"China’s foreign currency reserves have surged more than 700% since 2004 and are now enough to buy every central bank’s official gold supply -- twice."goldseek.com
MARCH 04, 2013
:)
É melhor é sair do EURO, enquanto é tempo!
Sugiro a leitura deste artigo sobre as vantagens de permanecer no €.
http://vivendi-pt.blogspot.com/2012/06/em-defesa-do-euro-uma-perspectiva.html
O sistema de poder chinês continua a ser o mesmo de sempre mas lá os comunas foram capaz de liberalizar totalmente a sua economia para conseguirem manterem-se no poder. E qualquer dia irão puxar o tapete aos americanos para que o nível de vida dos chineses possa subir exponencialmente.
Vivendi,
Li o teu post sobre o Huerta de Soto e as vantagens de permanecer no Euro.
Percebo essas vantagens e o poder disciplinador delas sobre os nossos políticos.
Até acho que a Alemanha sempre quis uma Europa federal e com um Euro a substituir-se ao dólar, como moeda de referência (estando disposta até a pagar alguma coisa aos periféricos, desde que fosse algo confinável).
Contudo, as tristes notícias é que já nem nós, nem a Grécia, conseguimos semelhante ajustamento... É demasiado violento e rebenta com a frágil economia qua ainda nos sobrava. Não temos pedalada para esta economia de alta competição à escala global (algumas empresas nossas - de nicho - conseguem. Mas são muito poucas e uma árvore não é a floresta).
Traria as vantagens que diz o Soto se conseguissemos ter estrutura produtiva para aguentar dentro do Euro. A Espanha talvez consiga, com ajustes violentos (talvez sim, talvez não).
Mas, o ajuste para a Grécia e para nós arrasa tudo... e depois não se vê como possa emergir uma nova economia! Até porque a investirem aqui não seriamos nós (nós não temos capital: estamos descapitalizados - que sempre foi o nosso grande problema. E ainda por cima, não temos escala geográfica para sermos autónomos). E como é que vamos captar investimento estrangeiro: com um povo socialmente de esquerda, e ainda por cima muitos investidores mesmo que lhes déssemos todas as condições, prefeririam sempre investir no país deles (ver p.ex. os alemães, em que as fábricas de carros aqui são mais rentáveis, mas eles mantêm as fábricas mais caras na Alemanha).
A permanecer no Euro teriamos que dar um default de 50% da nossa dívida (como fizeram os gregos). E depois? Deixar-nos-ão continuar no Euro? Mesmo que deixassem... passariamos a ter juros altíssimos! E não se vê como inverteriamos o rumo no futuro...
Tudo cenários arrasadores :(
Talvez com o escudo possamos recomeçar com a nossa própria pedalada (mais pobre, claro, mas com o mínimo de organização social)
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