... por terem conseguido comprar algum tempo, quando as coisas pareciam estar a complicar-se no fim de semana logo a seguir ao plano aprovado em Bruxelas.
Pela calada, forjou-se um novo plano, em que os que mais têm são os que mais lerpam, e pelo meio, bancos fechados em dias úteis e restrições à movimentação de capitais. Conseguiram suster a confusão e o caos.
As restrições na movimentação de capitais continuarão nas próximas semanas, sempre na tentativa de corrigir a asneira e evitar ações indesejadas da população.
Mas o que não se consegue identificar e muito menos medir são as consequências na confiança dos cidadãos no sistema bancário.
As populações começam a perceber que:
1. Os bancos estão numa autêntica desgraça financeira, e não são só os do Chipre
2. Os políticos não controlam a situação, e apenas atuam pelo retrovisor.
A pouco e pouco as coisas começam a ter novos desenvolvimentos.
Na Eslovénia há bancos que carecem de recapitalização urgentemente.
O Kyle Bass bem dizia nas suas conferências que na Europa os bancos não foram recapitalizados e isso traria problemas graves.
Em Itália, o CEO do banco Monte dei Paschi já reconheceu que há milhares de milhões de euros em depósitos que já voaram. Não especificou quanto..
Com a Europa em recessão, mais difícil se torna a recapitalização dos bancos, já que sem crescimento há menos lucros, mais falências e menos dinheiro sobra para este tipo de operações. Só recorrendo à emissão de nova dívida, apelando aos credores do resto do planeta, é que lá se conseguirão aldrabar as contas dos bancos para que aparentem menos problemas. No fundo é só comprar tempo e esperar pelo melhor.
A fuga de depositantes dos bancos que aparentam e/ou estejam com problemas será pela calada, via Internet, uns dias em grande valor, noutros em montantes residuais. Reconhecer padrões será mais difícil, e como ninguém quer dar a parte fraca, todos tentarão encobrir até ao último momento.
Nem CEO's, nem Barroso, nem Merkel desejam vir para as televisões referir os problemas que têm em mãos.
Um dia as coisas acabarão por lhes rebentar nas mãos. É inevitável, face as circunstâncias especiais em que estamos a viver.
Não consigo antever como será em Portugal, mas estamos numa posição demasiado frágil para julgar que problemas destes não nos baterão à porta.
Tiago Mestre
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