Blogue: Impertinências
Segundo a jornalista do Expresso que leva os recados
do PSD, durante mais de 10 horas gastas em reuniões da comissão política e
comissão permanente e com os caciques distritais, Passos Coelho disse pelo
menos uma coisa importante para o futuro do país: «para voltarmos ao nível de dívida anterior
a 2005 (58,3% em 2004 e 63,6% em 2005), teríamos de crescer 4% durante 20 anos,
com défices zero».
Se assumirmos que a dívida pública não cresce mais do que a inflação, é um cálculo muito simples: na equação 1,24 : [(1+t)^20] = 0,6, onde 1,24 = dívida pública em 2012 relação ao PIB, o valor da taxa de crescimento t é aproximadamente 4% (3,7%).
Se não nos esquecermos que nas últimas décadas a dívida pública cresceu quase sempre acima da inflação, os OE sempre registaram défices e o crescimento desde 2000 não atinge 4%, ficaremos com uma ideia um pouco mais precisa dos amanhãs que cantam. E se Passos Coelho tivesse tido isso em conta antes de uma campanha eleitoral com promessas impossíveis de cumprir, tal como não aumentar impostos, e tivesse ao contrário advertido das medidas duras impossíveis de evitar, teria hoje uma legitimidade que não tem. Ou seja, se tivesse feito algo parecido com o que o fez o governo sueco em resposta à crise dos anos 90, aqui relatado por Göran Persson e que se pode sintetizar em poucas linhas:
Se assumirmos que a dívida pública não cresce mais do que a inflação, é um cálculo muito simples: na equação 1,24 : [(1+t)^20] = 0,6, onde 1,24 = dívida pública em 2012 relação ao PIB, o valor da taxa de crescimento t é aproximadamente 4% (3,7%).
Se não nos esquecermos que nas últimas décadas a dívida pública cresceu quase sempre acima da inflação, os OE sempre registaram défices e o crescimento desde 2000 não atinge 4%, ficaremos com uma ideia um pouco mais precisa dos amanhãs que cantam. E se Passos Coelho tivesse tido isso em conta antes de uma campanha eleitoral com promessas impossíveis de cumprir, tal como não aumentar impostos, e tivesse ao contrário advertido das medidas duras impossíveis de evitar, teria hoje uma legitimidade que não tem. Ou seja, se tivesse feito algo parecido com o que o fez o governo sueco em resposta à crise dos anos 90, aqui relatado por Göran Persson e que se pode sintetizar em poucas linhas:
«The electorate must understand that drastic measures
are required. A crisis program will hurt, and you will need a mandate from the
voters if you are to succeed. This makes it difficult for an administration
that is in power without such a mandate to take the lead. But it is a fantastic
chance for the opposition, provided that there is broad awareness of the
gravity of the situation. My party was elected in 1994 because we promised to
carry out the harshest program with the deepest budget cuts and the sharpest
tax increases.»
1 comentário:
Concordo, a "legitimidade" (entre aspas porque legitimidade tem sempre, pode não ter é crédito) perdeu-a em ocultar a verdade aos Portugueses e como o penoso caminho iria ser.
Na Suécia fez-se o que se devia fazer, mas estará a população e sociedade Portuguesas conscientes, alertadas, preparadas, para o que aí vem? Terão percebido que o sistema foi montado prepositada e desastrosamente por politicos e malta da alta finança porque ninguém lhes cobra responsabilidades? Terão percebido que o país está falido?
O corte na despesa não deixa de ser uma opção politica e economica. Para nós é a solução, talvez a unica solução, mas eu diria que nem 1/4 da população tem essa opinião ou percebe os beneficios a longo prazo de invertermos completamente a estrutura da sociedade.
Para nós, só tinhamos a ganhar no futuro.
Mas pelo que se viu no sábado e se tem visto na TV, ou na opinião publica, a população não está preparada para a mudança, nem sequer quer pensar nisso.
Mas a matemática não falha.
E o problema é como vocês já disseram: Os politicos tentam manter o sistema à tona da água, as pessoas estão chateadas porque o sistema não lhes paga com pagava antes e querem a antiga vida de volta. Que se lixe a divida, eu quero é a minha vida de volta!
Não querem mudar de sistema...e eu no meu intimo sinto que o governo sabe que o caminho é outro, parecido com o que nós defendemos. Simplesmente não tem coragem de o implementar.
Se PPC tivesse dito que ia aumentar impostos, ou cortar 10MM na despesa, não tinha ganho as eleições.
A única coisa que me dá esperança é que mais cedo ou mais tarde o corte na despesa terá de acontecer, nem que seja a dupla Galamba/Semedo no governo.
E já começo a desejar que isso aconteça, para as pessoas aprenderem o que é demagogia, populismo, e acordarem para a realidade.
68% dos Franceses já sabem.
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