sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A cultura de direita em Portugal - uma visão marginal


“Nos séculos de descrença é sempre de recear que os homens se entreguem constantemente ao acaso diário dos seus desejos e que renunciando  completamente a obter aquilo que só pode ser conquistado à custa de longos esforços, não venham a fundar nada de grandioso, pacífico e duradouro.”

Alexis Tocqueville

Da Democracia na América 

No contexto do politicamente correcto instituído, um político, um escritor, um jornalista, um músico que se assuma como católico, se não for de esquerda, por mais imaculadamente “democrático” que seja o seu curriculum, se não guardar a sua Fé para o âmbito estritamente privado (que no que concerne ao cristianismo é uma contradição de termos) tenderá a ser depreciado e ostracizado com epítetos de “ultramontano”, como se ostentasse lepra.

Apesar de já terem morrido quase todos os católicos acossados pela 1ª republica e rendidos a Salazar, o seu fantasma permanecerá como rótulo discriminatório alimentando a fantasia dos robespierrezinhos que pastoreiam esta deslumbrante modernidade. Do mal, o menos: tolerada e desejosa de reconhecimento à Esquerda, resiste uma direita profana, liberal e cosmopolita (?), que quando confrontada com a dura realidade dos factos, salvo honrosas excepções, de cedência em cedência capitula, agarrada a umas quantas referências históricas e literárias, sem obra digna de nota nesta apagada e vil tristeza em que o País se dilui.


Como nos demonstram os excepcionais casos de tardio reconhecimento público, nesta ordem de razões um católico bom só é possível quando está morto. Entretanto, a incontestável decadência da Nação quase quarenta anos depois do Cardeal Cerejeira, essa continua num plano cada vez mais inclinado – e a culpa desta vez não é nossa.


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