quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O assistencialismo

Na maioria dos países, o crescimento do estado assistencialista tem sido financiado por meio do acúmulo da dívida pública em uma escala que seria impensável sem o advento do dinheiro de papel.  Uma rápida olhada no histórico mostra que o crescimento exponencial do estado assistencialista, que na Europa começou no início da década de 1970, progrediu pari passu com a explosão da dívida pública.  É amplamente sabido que tal acontecimento tem sido um grande fator no declínio da família. 

Porém, é normalmente negligenciado o fato de que a principal causa desse declínio é a inflação monetária.  De maneira lenta, porém resoluta, a inflação perene destrói a família. 

O assistencialismo tem sido a ferramenta preferida do estado para destruir a moral e as normas familiares.  Atualmente, o estado assistencialista fornece um grande número de serviços que, em outras épocas, eram fornecidos pelas próprias famílias (e os quais, podemos supor, ainda continuariam sendo ofertados em grande parte pelas famílias caso o estado assistencialista deixasse de existir).  A educação dos mais novos, o cuidado com os idosos e enfermos, a assistência em épocas de emergência — todos esses serviços são hoje efetivamente "terceirizados" para o estado.  As famílias foram reduzidas a pequenas unidades de produção que compartilham as contas de luz, os carros, os frigoríficos, e, é claro, os impostos.  O estado assistencialista financiado pelos impostos oferece-lhes, em troca, educação e saúde.

De um ponto de vista econômico, esse arranjo é um total desperdício de dinheiro.  O fato é que o estado assistencialista é ineficiente; ele fornece serviços comparativamente ruins a custos comparativamente maiores.  Não precisamos nos estender muito fazendo comentários sobre a incapacidade das agências estatais em oferecer o tipo de assistência emocional e espiritual que emerge apenas da caridade.  A compaixão não pode ser comprada.  Porém, o estado assistencialista também é ineficiente em termos puramente econômicos.  Ele opera por meio de grandes burocracias e é, desta forma, responsável pela falta de incentivos e critérios econômicos que impedem o desperdício de dinheiro.  Nas palavras do papa João Paulo II:
Ao intervir diretamente e privando a sociedade de sua responsabilidade, o estado assistencialista provoca a perda de energias humanas e um aumento exagerado das agências estatais, as quais são dominadas mais por lógicas burocráticas do que pela preocupação em servir os usuários, fazendo com que haja um acréscimo enorme das despesas.  Com efeito, parece conhecer melhor as necessidades e ser mais capaz de satisfazê-las quem está mais próximo dos necessitados.  Adicionalmente, vale ressaltar que certos tipos de necessidades requerem respostas que não sejam apenas materiais, mas que sejam capazes de compreender a mais profunda necessidade humana.
Todos sabem disso por experiência prática, e vários estudos científicos chegam à mesma conclusão.  É exatamente pelo fato de o estado assistencialista ser um arranjo econômico ineficiente, que ele depende exclusivamente de impostos.  Se o estado assistencialista tivesse de concorrer com as famílias em termos iguais, ele jamais duraria muito tempo.  Ele só expulsou do "mercado assistencial" a família e as caridades privadas porque as pessoas são obrigadas a pagar por ele de um jeito ou de outro.  Elas são obrigadas a pagar impostos, e elas não podem impedir o governo de se endividar cada vez mais — medida essa que absorve o capital que de outra forma seria utilizado para a produção de bens e serviços distintos.

O excessivo tamanho do estado assistencialista dos dias atuais representa um ataque total e direto à moral cristã.  Mas ele também enfraquece essa moral por vias indiretas, a mais notável dela sendo o subsídio de maus exemplos morais.  O fato é que alguns "estilos de vida" alternativos carregam consigo grandes riscos econômicos, tendendo portanto a serem mais custosos que os tradicionais arranjos familiares.  O estado assistencialista socializa os custos de tais comportamentos, dando-lhes uma proeminência muito maior do que teriam em uma sociedade livre. 

Em vez de gerar uma penalidade econômica, o assistencialismo pode na verdade prover vantagens econômicas aos seus recebedores, pois ele os dispensa dos custos da vida familiar (por exemplo, os custos associados à criação de filhos).  Com o sustento do estado assistencialista, os assistidos podem então fazer escárnio da moral conservadora, rotulando-a como sendo algum tipo de superstição que não tem nenhum impacto na vida real.  A dimensão espiritual parece clara: o estado assistencialista sistematicamente expõe as pessoas à tentação de acreditarem que não existe absolutamente nenhum preceito moral que já foi testado e aprovado pelo tempo.


1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente artigo.