terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Crise anunciada da dívida na Escandinávia confunde Krugman


 Keynesianismo + Socialismo = Cocktail Explosivo

 “Não tenho certeza, mas é de alterar os nervos”, disse o ganhador do Prêmio Nobel sobre uma crise na Suécia e Dinamarca. 



Paul Krugman: "você pensaria que se sobreviveu à crise financeira sem grandes prejuízos está tudo bem, mas não é assim”, disse.

Copenhague - A Escandinávia, que atraiu os investidores durante a crise da dívida soberana na Europa, agora está sob escrutínio internacional pela preocupação com que os níveis recordes de dívida das famílias da Dinamarca até a Suécia não sejam sustentáveis. 
“Nos perguntamos se se trata de uma crise esperando para acontecer”, disse o ganhador do Prêmio Nobel Paul Krugman em uma entrevista em 9 de janeiro em Copenhague. “Não tenho certeza, mas é de alterar os nervos”.

A Suécia e a Dinamarca se gabam de cargas de dívida pública de menos da metade da média na zona do euro. O fundo de riqueza soberana de US$ 820 bilhões da Noruega significa que seu governo não possui dívida líquida. Contudo, nos três países, as notas de crédito AAA estáveis reduziram o custo de tomar empréstimos e alimentaram farras de empréstimos pelos consumidores, que segundo o Fundo Monetário Internacional e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentam uma ameaça à estabilidade.

“Você pensaria que se sobreviveu à crise financeira sem grandes prejuízos está tudo bem, mas não é assim”, disse Krugman.

Na Dinamarca, os consumidores devem a seus credores 321 por cento da sua renda disponível, um recorde mundial para o qual a OCDE, sediada em Paris, exige uma resposta com políticas, disse a entidade em novembro. Na Suécia, a dívida, segundo essa medição, é de cerca de 180 por cento, um nível que o governo e o Banco Central não querem deixar crescer. O Banco Central da Noruega passa por dificuldades para encontrar uma mistura de políticas que lide com sua carga de dívida privada de 200 por cento. 

Colchão de poupança 

A dívida das famílias na Escandinávia está financiada por poupanças de pensões e garantias hipotecárias, uma política de colchão que segundo os responsáveis políticos mitiga os riscos. Contudo, Krugman adverte para confiar demais em tais ativos para equilibrar os empréstimos.

“As pensões são problemáticas”, disse ele. “Podem acabar criando desculpas, digamos assim”. A região não tem outra escolha do que reduzir sua carga de dívida dos consumidores para diminuir os riscos, disse Krugman.

Os três países escandinavos combatem mercados imobiliários superaquecidos desde o começo da crise financeira global há mais de meia década. Na Dinamarca, um boom de propriedades que atingiu seu pico em 2007 estourou um ano depois. Na Noruega, o mercado imobiliário está mostrando sinais de deflação depois que os preços dobraram na década passada. Na Suécia, os preços dos apartamentos quase triplicaram nacionalmente desde 2002, e os preços das casas mais do que dobraram e continuam em alta.
Neste ano, o PIB nos três países ultrapassará a média da zona do euro, de 18 membros, e da União Europeia, de 28 países, disse a Comissão Europeia em novembro.

Na Dinamarca, onde o Banco Central estima que o endividamento esteja afetando a demanda das famílias, o crescimento será o mais lento, de 1,7 por cento, frente a 2,8 por cento na Suécia. A economia continental da Noruega, que está fora da UE, terá uma expansão de 3 por cento, estima a OCDE. 

Repressão dos empréstimos 

Enquanto as autoridades na Noruega e na Suécia estão explorando formas de limitar os empréstimos, o presidente do Banco Central da Dinamarca, Lars Rohde, e o Ministro da Fazenda, Bjarne Corydon, disseram na semana passada que o endividamento não é uma ameaça porque as famílias podem empregar pensões e garantias hipotecárias caso tenham problemas. As poupanças equivalem a quase uma vez e meia o PIB, mostram dados do Banco Central.

Embora os Bancos Centrais da Noruega e da Suécia, que possuem regimes monetários independentes, tenham dito que somente as cargas de dívida já justificam taxas mais altas, Krugman argumenta que fazer restrições neste ponto do ciclo econômico faria mais mal do que bem.

“Eu não elevaria as taxas de juros. A questão é, quais as outras possibilidades: regulação financeira? O momento é muito ruim para se fazer isso”, disse Krugman. “Um dilema e eu não tenho a resposta”. 


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