Ainda nem o Natal se via no horizonte e já se viam lojas e supermercados, grandes superfícies e outlets a oferecerem os seus "grandes" descontos em cartão, em pleno mês de Novembro.
Ouvia-se, já como em anos anteriores, "aproveite só até amanhã: 75% desconto em cartão!". Desde o Continente ao Jumbo e ao Intermarché, passando pela Fnac e Sportzone, e pela GALP e BP, ou pela Springfield e Cortefiel, todos eles oferecem "grandes" descontos em cartão sob o lema implícito "Pague hoje, veja o desconto daqui a um mês (e talvez em produtos desnecessários!)".
Mas tudo não passam de supostos grandes descontos, na verdade são mais reduzidos do que o que parecem ser. Daí que eu prossiga com uma comparação entre descontos diretos e descontos em cartão.
Descontos diretos:
Descontos diretos são aqueles em que o desconto se aplicam no ato da compra. Logo, 50% desconto no produto x são de facto 50% desconto.
Relógio "Aqua Vitro" - 100,00€
Desconto - 50%
O que pagamos:
(100-50)%*100,00€=50,00€, pagamos 50,00€, ou seja, metade do valor inicial do produto, ou seja, tivemos 50% desconto.
Descontos em cartão:
Descontos que não são utilizados no momento da compra mas em compras futuras no mesmo estabelecimento.
Relógio "Aqua Vitro" - 100,00€
Desconto em cartão - 50%
O que pagamos:
Pagamos 100€ no ato da compra, em que 50€ ficam disponíveis para compras futuras. Ou seja, num total de 150€ em compras tivemos um desconto de 50€. Logo, 50€/150€=33,33% desconto.
Portanto, é preferível 35% desconto direto, no ato da compra do que 50% em cartão. Como estes "fulanos" nos tentam enganar!! Quase parece o preço psicológico dos 99 cêntimos.
É claro que os gestores destas grandes superfícies não são parvos e isto não passa de uma estratégia de marketing. Além desta estratégia ter como objetivo fazer com que os descontos pareçam maiores que o que realmente são, por outro lado, tentam agarrar o cliente ao estabelecimento. Tentam fazer com o que o cliente passe sempre lá a vida, à procura deste e daquele desconto, para que esqueça a concorrência, mesmo que esta faça preços mais competitivos.
Desta forma, podemos ver os descontos diretos doutra perspetiva (caso do relógio "Aqua Vitro"): em vez de pagarmos 50€, pagamos 100€ em que o comerciante nos dá uma nota de 50€ para gastarmos onde quisermos, na loja em que quisermos. Enquanto que no desconto direto usamos o desconto onde quisermos, no desconto em cartão somos obrigados a gastar naquele estabelecimento. Como disse, estratégia de "agarrar o cliente".
Caso Continente I
Não me apetecia nem sou de prestar má publicidade a este ou aquele estabelecimento, mas não consigo resistir de me revoltar com o que se passa no Continente...
Ainda há pouco tempo, aqui em Guimarães, o Continente tinha um shampoo a 5,99€ com 75% desconto em cartão, quando no Bolama (supermercado que só aqui existe) tinha o mesmo shampoo a 2,99€ sem nenhum desconto. Quer dizer, afinal, o Continente duplica os preços para depois vir dizer que faz grandes descontos, descontos de 75%.
Caso Continente II
Já por comparação com conhecidos vejo que este supermercado dá mais vales de desconto (neste caso eu) a quem poucas vezes lá vai, isto é, tenta agarrar quem ainda não está no seu "tentáculo". Por isso é que já dei vales a amigos meus, inclusive o cartão para poderem usar à vontade. Enquanto que no vale deles aparece 10% nisto, no meu aparece 20%.
Caso Fnac
Este é aquele cartão em que temos de pagar 5€ de anuidade, isto é, temos de pagar para ter descontos. Nunca visto!
Também já vi aqueles casos, não me recordo o nome da loja (era de roupa), do género "faça 100€ em compras esta semana e abelite-se a 50€ em desconto na semana seguinte em acessórios". Isto é, para além do desconto ser em vale (igual a cartão), temos um prazo limitado para descontar e ainda uma opção limitada nos artigos a comprar. Sei bem que por vezes têm necessidade de escoar este ou aquele produto que vendeu menos, mas que ponham lá a dizer "10% desconto direto por motivo de escoamento de produto", escusavam de vir com rodeios e com tanta burocracia. É por isso que já há muito descobri que não vale nada andar atrás dos descontos, mas antes ir aos sítios onde não há exatamente descontos, é aí que se acaba por comprar mais barato. Podemos não ter este ou aquele desconto, é de facto, mas também não temos o produto do lado ao dobro do preço para compensar o desconto...
Já ouvi também quem dissesse que se vamos sempre ao supermercado x pouco interessa se o desconto é direto ou não. De facto, neste caso, a vantagem do desconto direto reduz-se substancialmente, mas continuo sempre a preferir, pessoalmente, o desconto direto: deste modo não estou ao sabor de manipuladores que me limitam os produtos em que poderei usar o desconto ou a semana em poderei descontar, os mesmos manipuladores que aumentam o preço dos produtos que pretendo descontar. Como o caso Continente, desculpem mas vou ter de voltar a falar no Continente, que em Julho diz às pessoas para irem fazer compras em que 75% do valor gasto reverte em 50% de desconto em Agosto e em 25% para ser gasto em Setembro. Denota-se no entanto que o nível de preços no Continente sobe substancialmente em Agosto e em Setembro o que leva os descontos em vão...
Obrigado por dedicarem a vossa atenção!
Bernardo Botelho Moniz
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