Para que não haja dúvidas de que a austeridadezinha pouco ou nada funciona:
Dívida em 2011: 185 mil milhões
...em função do PIB: 105%
Dívida em 2012: 203 mil milhões
...em função do PIB: 120%
Despesa pública Jan-Nov 2011: 63,5 mil milhões
Despesa pública Jan-Nov 2012: 64,8 mil milhões
Por muito que desejássemos que a austeridadezinha fosse suficiente para corrigir as contas públicas, infelizmente não o é.
Com estes números, a esquerda oposicionista tem TODOS os argumentos para reconhecer o falhanço desta política.
Se se recordam, prometeram-nos que a austeridadezinha rapidamente colocaria as finanças em ordem, e com os estímulos certos, a atratividade ao investimento seria enorme, invertendo o ciclo recessivo.
Para mim, as falhas do governo são estas:
Prometeram que a austeridade seria rápida e atacar nas gorduras apenas seria suficiente
Prometeram que o crescimento económico começaria lá para o 2º semestre de 2012
Viram que pelo lado das despesas não seria suficiente e meteram-se no pântano do aumento de impostos
Não informaram e continuam a não informar os portugueses do que verdadeiramente aí vem
E as coisas boas:
Atacaram em autênticas vacas sagradas, como nos salários públicos.
Mexeram nos subsídios de desemprego, nas reformas, nas deduções do IRS e muito mais
Passaram uma imagem de governo reformista e progressista para o estrangeiro, piscando o olho aos credores que entretanto tinham fugido.
Basicamente, fizeram o mínimo na tentativa de que os resultados fossem espetaculares.
Defraudaram aqueles que acreditavam na austeridadezinha
E deram os argumentos de bandeja a quem vaticina que cortar despesa é que é mau.
Compreendo que o compromisso político não os poderia levar muito mais longe, ou seja, se fossem mesmo cortar 50% de todas as pensões, mesmo as de 150€, bem como a anulação de quase todo o subsídio de desemprego e declarar incumprimento em pelo menos metade da dívida pública, todos ficariam contra este governo, tanto os cidadãos como a Europa e os credores. A recessão passava logo a depressão e o desemprego saltava logo a barreira dos 20%, mas sem reestruturação profunda no estado e na economia, vejo poucas hipóteses de corrigir o que é estruturalmente insustentável.
Lamento que não se tenha arriscado, que não tenha havido a coragem de dizer a verdade e de trabalhar soluções a partir daí. Fomos pela metade, na esperança de que o todo se corrigisse.
Tiago Mestre
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