segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Fiscal Cliff - Como?

Segundo percebi, e corrijam-me se estiver errado, o Fiscal Cliff é isto:

Caso não haja acordo, a 1 de Janeiro haverá um aumento de impostos que rondará os 100 biliões de dólares e uma redução de despesa também de 100 biliões de dólares.

Basicamente, são estas medidas que entrarão "automaticamente" a 1 Janeiro 2013 caso não haja acordo entre democratas e republicanos.

Em 1º lugar, para um país que gera défices de mais de 1 trilião de dólares por ano e que irá também imprimir aproximadamente esse valor em dólares pelo seu banco central, falar na redução do défice em 200 biliões (100 do lado da receita e 100 do lado da despesa) como sendo uma coisa má, parece-me um verdadeiro exagero.

Em 2º lugar, toda esta cacofonia de que caso não haja acordo será o horror, a recessão, etc, só demonstra que nos EUA, falar em austeridade e deixar que a recessão corrija a má alocação de capital é ainda um autêntico DISPARATE. Ninguém quer trocar crescimento por recessão na tentativa de corrigir os problemas estruturais do país. Em matéria de ideologia económica, estão bem pior do que na Europa, já que com Paul Krugman a escrever no NYT todas as semanas e Ben Bernnake a ceder às múltiplas pressões vindas de todo o lado para comprar tudo o que cheire mal, pensar em austeridade deve ser visto como um ato de masoquismo.

Ron Paul, Peter Schiff, Jim Rogers e outros que tais, andaram literalmente a pregar para os peixinhos, porque ninguém com poder os ouve e acata as suas sugestões.

Em 3º lugar, durante meses a comunicação social americana amedrontou toda a gente com esta história do fiscal cliff, e das implicações para os EUA caso não haja acordo. A pressão foi tal que agora está meio mundo a "exigir" ao Congresso e ao Senado que cheguem a acordo e evitem o precipício. Caso não haja acordo, parece-me que o agravar da situação será muito mais potenciado pelo defraudar de muitas espectativas de investidores que acreditavam no acordo até à última e que irão logo carregar no botão "Sell", do que pelos estragos que se farão sentir na economia caso se retirem 200 biliões de dólares.

Com toda esta incapacidade em reconhecer as evidências, os EUA estão realmente a cavar a sepultura do dólar. Com uma dívida pública que já ultrapassa os 100% do PIB, querer adiar a todo o custo as decisões difíceis só irá precipitar coisas descontroladas e muito graves lá mais para a frente. Ninguém sabe quando será, já que sendo o dólar a moeda de reserva nas transações mundiais, é preciso estragá-lo muito para induzir desconfiança e promover alternativas à sua utilização.

Enquanto a coisa for dando e a malta for sendo enganada pelo mundo inteiro sem se revoltar, tá-se bem

Parabéns a Grover Norquist por conseguir "manter" alguns republicanos dentro do espírito de poupança e viver dentro dos seus meios.
Descubram no youtube, se puderem, a cruzada em que este homem se meteu, e o coro de críticas que recebe de todos os lados.

Tiago Mestre


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