O Encontro com a nossa verdade

QUERER BAIXAR DESPESA SEM GERAR GRANDE RECESSÃO NEM DEMASIADO DESEMPREGO é tarefa do outro mundo.

Quiseram-nos fazer acreditar que não, que era possível em 3 ou 4 anos corrigir desequilíbrios gigantescos. O plano falhou, mas a tentativa de fazer qualquer coisa estava lá. Cortar 10 mil milhões em 2 anos é inédito na história portuguesa.
Salazar, em 1928-1929, manteve a despesa igual ao ano anterior e subiu muito as receitas. Nada mais.

Para mim, a beleza em toda esta tragédia portuguesa está no encurtamento da distância que nos separa da nossa verdade.
Nunca gostei que vivêssemos tanto tempo na mentira, no surreal, na virtualidade das contas usando dívida para tapar prejuízos, mas era o que tínhamos.
Os mercados revoltaram-se em 2010, e interveio a troika para lhes dizer que com ela ao volante, as coisas iriam endireitar-se em 3 anos. Que bela mentira para comprar tempo e enganar os credores só mais uma vez.

Com a coligação em cacos e o PS a chegar-se ao poder, já sabemos que este tentará a via do "crescimento" para se safar desta embrulhada. Esquece-se que o crescimento só aparece, se aparecer, com uma redução brutal dos impostos, mas para tal temos que reduzir a despesa senão o défice e a dívida explodem; e a recessão emerge em todo o seu esplendor. Parece uma inequação.

Quanto mais depressa corrermos para o abismo, mais depressa nos olharemos ao espelho. Ou seja, se é para ver o fundo e bater nele, que seja já amanhã.
Se é para declarar bancarrota, então venha ela.
Se é para deixar de pagar juros e dívida, venha ela.
Se é para sair do €, venha ele.
Se é para voltar a ter 50% da população abaixo do limiar da pobreza, então venha ela

Dêem-me a realidade, por favor, por mais trágico que seja.

Tiago Mestre