sexta-feira, 5 de julho de 2013
O outrora Império Português perde o último bastião: o seu próprio território
Com a Europa por trás, a perda de soberania nacional não acontece de uma só vez. Vai acontecendo, momento a momento, derrota a derrota, até as energias do país se esgotarem de tal forma que nada mais nos resta.
Todos nós portugueses lutámos, cada um à sua maneira, para vingarmos no Portugal europeu.
E como um todo, Portugal lutou à sua maneira para vingar na Europa protestante.
Lutámos porque julgávamos que economicamente nos poderíamos aproximar deles, mas não parámos para pensar se culturalmente isso era possível. Acreditávamos que sim, e com dinheiro a jorrar, era mais do que suficiente.
Tudo aquilo que a Europa nos prometeu de fácil e nos exigiu de difícil foi tão só um mega pacote de estímulos e de contrapartidas, que à boa maneira protestante, julgava-se suficientemente eficaz na mudança da nossa cultura, do nosso modo de ser, e com isso, pularmos para o pelotão da frente.
Os estímulos tiveram os resultados opostos daquilo que se pretendia:
1. Economicamente fomos crescendo cada vez menos
2. O défice comercial com exterior tornou-se enorme
3. O Estado gastou cada vez mais e os impostos não pararam de subir
4. A dívida subiu uns bons milhares de milhões ano após ano.
5. O dinheiro oferecido para investir serviu essencialmente para gastar em importações.
6. O dinheiro emprestado serviu essencialmente para a mesmíssima coisa, com a agravante de se ter transformado em dívida.
A legislação europeia e também portuguesa serviu para amarrar a frágil economia, promovendo ainda mais todo o tipo de fugas económicas e fiscais, degradando a condição daqueles que até nem se importam de cumprir e abrindo um admirável mundo novo de negócios a quem se recusa a fazê-lo.
A lenta subida da despesa pública e da receita fiscal, ano após ano, chegou ao ponto de criar uma clivagem quase demográfica. De um lado, os que estão no privado e descontam, do outro o setor público e toda a malha social que depende da subvenção estatal. Os primeiros devem ser para aí uns 30% da população, e os segundos o resto.
As máquinas partidárias criaram esta distorção e adaptaram-se a esta nova sociedade de pedintes. Hoje só se ganham eleições se as promessas incidirem nos 70%. Já se está a ver quem fica para trás.
A coisa colapsou pelo lado da receita e agora tudo clama por mais apoios às empresas, para ver se isto volta a crescer. Já percebi que a classe política clama agora por tudo isto mas é tão só com o objetivo de ver as receitas novamente a aparecer para que o Estado assistencialista e benevolente continue a distribuir dinheiro a todos aqueles que precisam.
Hoje, a distorção é gigantesca, já que a nossa despesa anual de 80 mil milhões NUNCA, MAS NUNCA deveria ter ultrapassado o limiar dos 40 a 50 mil milhões. Mas com a União Europeia por trás, tudo era possível: mais saúde, mais educação, mais tudo.
Com a União Europeia, Portugal conseguiu pedir ao seu próprio futuro a maior quantidade de energia de sempre na sua história. Tão grande que quando esse futuro se tornou presente, vimo-nos literalmente a sufocar.
E eu pergunto, como pergunta Thomas Sowell acerca dos ideais dos que se auto-intitulam liberais na América de hoje:
Mas a que preço?
A que preço?
Com tanto estímulo errado parece que o paciente ficou de vez ligado à máquina. Agora é tarde demais.
Agostinho da Silva, Miguel Torga e Franco Nogueira bem suspiravam que preferiam morrer antes de ver Portugal desaparecer na CEE. Mas ninguém os ouviu, já que o hype do momento era exatamente o contrário.
Tiago Mestre
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2 comentários:
Execelente análise.
Publiquei:
http://historiamaximus.blogspot.pt/2013/07/o-outrora-imperio-portugues-perde-o.html
Caro João, fico lisonjeado por teres publicado o post no teu blog, ainda por cima vindo de alguém com credenciais em História.
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