quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Política de Rua

Acham bem que um partido político, com as responsabilidades como tem o Bloco de Esquerda, venha para a rua lançar anátemas a tudo e a todos, exigindo a não sei quem que caso tenha roubado qualquer coisa terá que restituir o que roubou?
Como se fosse possível quantificar e identificar todos aqueles que se apoderaram ilicitamente de dinheiros públicos ou que fugiram aos impostos, o que é a mesma coisa.

Caso o exercício fosse viável, sobrariam poucos portugueses com certeza.

Aquilo que todos os partidos políticos estão a fazer, para caçar votos, é MENTIR.
É inventar mentiras e sugerir coisas impossíveis de fazer, na tentativa de estimular algo nos portugueses para que o voto caia para aqueles lados.

Neste caso do BE, o que estão a pedir aos portugueses é que sejam julgadores e sentenciadores de ações que das quais não têm provas nem factos sequer. É julgar na praça pública, é voltar a fazer uso dos pelourinhos que por aí ainda há.

É fazer julgamento e aplicar sentença sem convidar o réu, sem lhe disponibilizar uma defesa adequada e sem apresentar um juiz imparcial.

Tudo isto é uma barbaridade pré-romana.
Tudo isto é sermos inferiores em termos de intelecto àqueles romanos que inventaram e quiseram implementar um conjunto de leis que conferia os direitos básicos ao alegado culpado, e que serviu de doutrina para a conceção de justiça que hoje temos.

A grande maioria do conhecimento que nos quiseram impingir na escola foi todo empinado por nós. Após os testes desaparecia do cérebro como se se puxasse o autoclismo. O que é que ficou do exercício mental de usar o conhecimento e a razão para emitir opiniões com pés e cabeça? O que é que ficou da matemática, tão essencial para se fazerem umas contas? O que é que ficou dos 15 anos ou mais que nos obrigaram a ficar na escola para desenvolver o néo-cortex? Pouco ou nada.
O que interessa é gatilhar. Se acertamos ou não, não interessa, desde que se aponte para tudo o que mexa. Se há mortos inocentes, paciência, são danos colaterais.

Continuamos a julgar sem querer saber dos factos. Ficamo-nos pelas impressões e pelo que alguém disse, que disse que alguém tinha dito também.
Continuamos a não querer saber se a nossa opinião é acertada ou não e não reconhecemos o erro quando nos apresentam factos que refutam o que opinámos anteriormente.

Intelectualmente pouco ou nada evoluímos, e custa-me que estes intelectuais de merda (uns de esquerda outros de direita, não interessa) usufruam da nossa incapacidade cognitiva (que não é nenhum defeito) para nos implantar no cérebro as sementes da intolerância, do julgamento sumário, da violência e do desprezo pelos mais básicos direitos do próximo.

Quem não roubou? Quem não fugiu? Que atire então a primeira pedra.

Tiago Mestre

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