Onde Está o Poder em Portugal?
“Em Política, nada acontece por acaso. Cada vez que um acontecimento
surge, podem estar certos de que foi previsto para ser levado a cabo dessa
maneira”. - Franklin D. Roosevelt
Eis uma pergunta que não tem ocorrido a
ninguém fazer.
Os mais pueris e ingénuos (e que tenham
destas coisas algum conhecimento), responderão algo surpreendidos – como se de
uma evidência se tratasse – que, naturalmente, o poder em Portugal se encontra
no PR, no Governo e na AR, eleitos por todos nós! E, também supostamente, nos
Tribunais, que nós não elegemos mas que velariam pelo castigo de quem violasse
as leis da comunidade.
A célebre trilogia dos “poderes
executivo, legislativo e judicial” – tão do agrado dos seres bem pensantes –
que Montesquieu doutrinou e a Revolução Francesa implantou, mas que teve origem
nos filósofos ingleses do fim do século XVII.
E a nós portugueses, que sempre nos
tínhamos governado de modo diferente, lá nos obrigaram a isto após a Revolução
vitoriosa de 1820 e 100 anos de guerra civil.
Este sistema assenta em vários mitos
amplamente arreigados e difundidos. O primeiro sendo, de que os três
poderes, pudessem ser independentes uns dos outros e se equilibrassem. Na
prática, porém, as coisas nunca se passam assim, havendo sempre proeminência de
um sobre os outros. E, se calhar, até é bom que assim seja, pois se o
equilíbrio for equidistante, resultaria não haver resultante e ninguém saía do
mesmo sitio…O que retrata a situação presente em Portugal, mas já lá iremos.
O segundo mito é que o povo, cujo
voto passou a legitimar politicamente os governantes, manda alguma coisa. O
povo, de facto, manda pouco e esse “mandar” é circunstancial e está muito
ligado à maturidade cívica e cultural das respectivas sociedades. O povo, no actual
sistema político ocidental, não é a causa da governação mas sim o objecto da
acção político - partidária – por norma demagógica e desonesta – a fim de o
levar a votar em si.
Finalmente, o terceiro mito é
o de que os governos governam, isto é, conseguem (ou querem) fazer o que
escrevem nos seus programas, ou são independentes no agir.
De facto tomar uma decisão e fazê-la
cumprir, tornou-se uma acção de tal modo complexa pela legislação a atender e
aos interesses e agentes envolvidos, ou a envolver que, no mais das vezes,
tentar fazer algo se torna numa experiência frustrante.
Vamos tentar ilustrar o que queremos
dizer com um exemplo prático.
Neste momento existem três forças com
Poder real, em Portugal, independentemente das forças políticas representadas
no Parlamento:a Igreja Católica, o PCP e a Maçonaria. Estas “forças” são auto -
exclusivas entre si, e cada uma tenta não se deixar infiltrar pelas outras.
As FAs que foram sempre um poder “de
facto” a ter em conta – embora nunca tentassem ter o exercício do poder
político para si – estão perfeitamente neutralizadas, pois ainda não
recuperaram do 25 de Abril – em que foram protagonistas, mas não conseguiram
controlar os acontecimentos (nem estavam em condições de o fazer) – e porque
todo o espectro político actual se uniu, tacitamente, para as anular.
A Igreja está, contudo,
diminuída, pois tem sofrido ataques demolidores de vários lados, ao mesmo tempo
que a sua hierarquia, padres e leigos, em geral, têm demonstrado uma falta de
coesão e combatividade, quase suicida.
O PCP tem vindo a emagrecer em número
de militantes ao passo que a média das suas idades tem vindo a aumentar. Sem
embargo ainda possui uma percentagem eleitoral elevada e a sua capacidade de
mobilização e de intervenção é muito superior a essa expressão eleitoral. O PCP
é o único partido a sério, na sociedade portuguesa, pois só ele tem uma
doutrina sólida (embora errada), servida por uma hierarquia, organização e
disciplina, capazes. É uma espécie de mistura religiosa e estrutura militar…
Está, seguramente, habilitado a passar à clandestinidade, em 48H.
A Maçonaria infiltrou-se em
tudo o que era instituição nacional, a partir da revolução vitoriosa de 1820 e,
basicamente, comandou o país até 1926. É ela que está no cerne de todas as
desgraças porque passámos desde então. Não descansou enquanto não acabou com o
Trono e predispôs-se a acabar, também, com a Igreja o que, até agora, não
conseguiu.
Proibida, em 1931, ao tempo do Estado
Novo, ficou tolerada, até porque muitos da sua filiação se predispuseram a
colaborar na reconstrução do País. Renasceu em força após 1974 e está sentada à
direita de tudo o que mexe. Mantém o secular hábito de não se identificarem (as
excepções existem para confirmar a regra), nem darem a conhecer o que fazem,
mantendo um secretismo anacrónico (ou talvez não), numa sociedade que se diz democrática.
Será que o Papa Clemente XII, que os
condenou e tornou incompatíveis com a religião de Cristo, em 24 de Abril de
1738, tinha razão ao afirmar “se não estivessem a fazer mal, não odiariam
tanto a luz”? (Carta Apostólica “In Eminenti”). Esperemos que as suas
dissensões internas não voltem a provocar guerras civis como no passado.
Desde 1974, porém, que nos deixámos
invadir por outro tipo de “maçonaria”, de fundo financeiro (isto é, o poder
através do dinheiro), que podemos, possivelmente, remontar à fundação do
primeiro banco estatal, o banco de Londres, em 1698.
Daqui, teremos que saltar para a
primeira metade do século XVIII, até Frankfurt, onde um ourives, de ascendência
judia askenaze alemã, de nome Moses Amschel Bauer, que viria a mudar o seu
apelido para “Rothschild” (escudo vermelho, em alemão), e teve 10 filhos, a
partir de 1744. Cinco destes filhos, após casamentos vantajosos, foram
colocados noutras capitais (Viena, Nápoles, Paris e Londres – para onde mais
tarde se mudaria a sede de todo o grupo), à frente dos principais bancos, dando
inicio a uma teia financeira de colossais proporções, que lhes trouxe uma
incalculável riqueza e poder sobre numerosas personalidades e governos a quem
emprestavam dinheiro.
É mister acrescentar que, mais tarde, a
família do “escudo vermelho”, passou a apoiar o Sionismo e à obtenção de um
território, onde a diáspora judaica pudesse ter um lar e um Estado. A
declaração Balfour, de 2/11/1917, é um ponto fundamental neste desígnio.
Outro salto é mister dar até à segunda
metade do século XIX e de novo a Inglaterra (onde a Maçonaria especulativa,
“clássica”, tinha visto oficialmente a luz do dia, em 1717), país em que
nasceu, em 1819, John Ruskin, mais tarde regente da cadeira de “fine arts”, na
Universidade de Oxford. Preocupado com os problemas sociais e económicos que o
rápido desenvolvimento da industrialização causava, começou a desenvolver
doutrina relativamente à organização do Estado e da Sociedade, que são
considerados como o germe de um projecto global para o governo da humanidade.
Tal deveria começar por ser aplicado a todo o povo inglês e rapidamente
exportado para o seu império colonial.
As prédicas de Ruskin acabaram de
influenciar numerosos alunos de Oxford (por ele considerados como “membros da
classe privilegiada dos dirigentes”). O mais famoso, e influente dos seus
discípulos foi o magnate Cecil Rhodes (1853-1902), que terá decidido pôr em
prática as ideias do seu mestre (cabe aqui lembrar que Rhodes, foi nosso
figadal inimigo e cuja acção está na origem do “Ultimatum”).
Com sólidos apoios em Inglaterra
procurou financiamento para o seu projecto. Deste modo obteve o apoio de Lord
Rothschild e de Alfred Belt e com ele consegue o monopólio da exploração de
diamantes, com a companhia “De Beers e, ainda criar a “Gold Fields”para a
exploração das minas de ouro. Em 1890 Rhodes tinha já um rendimento anual
superior a um milhão de libras…
Este dinheiro permitiu-lhe fazer um
pouco de tudo, tendo fundado, em 5 de Fevereiro de 1891, uma sociedade secreta,
juntamente com Milner Stead (importante jornalista) e Lord Esher, que se
destinava a ligar todos aqueles já comprometidos com as ideias de Ruskin.
Chamaram-lhe inicialmente “Association of Helpers”, que deu origem aos “Round
Table Organizations”.
A pouco e pouco a organização foi-se
desenvolvendo e alargando a outros países, nomeadamente aos EUA. Dada a
importância crescente deste país, a liderança da “organização” passou para lá,
tendo o apoio dos principais magnatas da finança e da indústria, como os
Rockefeller, J.P.Morgan, Carnegie, Whitney, Lazard Brothers, etc.
Convém ainda apontar que o Federal
Reserve System, conhecido na gíria como “Fed”, foi fundado, em 23/12/1913, após
forte oposição de políticos e instituições americanas. O Fed funciona como um
banco central, mas não é controlado pelo governo americano, mas sim pelas
financeiros privados que o formaram…
Toda esta organização (que ninguém
elegeu) foi crescendo desmesuradamente, criando e dominando variadíssimas
estruturas, desde o Banco Mundial à ONU, do FMI à Trilateral, etc.,
estabelecendo-se fortemente, na Europa, EUA e Japão. Não deve ser só por
coincidência que quase todos os primeiros ministros, em Portugal, só o foram
depois de terem sido convidados para uma reunião do “Grupo de Bildelberg”, cuja
agenda nunca é dada a conhecer…
O sistema financeiro foi-se
desenvolvendo baseado no juro e nas comissões e daí partiu para emprestar
dinheiro que não tinha (e não estava coberto por ouro, divisas, ou não tinha
correspondência na economia); desenvolveu esquemas para emprestar fundos que
pura e simplesmente não existiam, até que a ganância levou à especulação
desenfreada e à invenção de produtos “tóxicos” e “lixo financeiro”, o que
desembocou na crise de 2008, que está a arrastar todo o mundo. Tem sido esta
gente que nos tem emprestado dinheiro, depois de nos terem posto de joelhos (e
nós termos deixado e colaborado).
Ao Professor Salazar devemos essa boa
acção extraordinária, de ter mantido a influência maligna desta gente,
afastados da nossa fronteira e das nossas vidas, durante 40 anos…
No centro de tudo isto temos o Estado
Português, absolutamente impreparado e incapaz de lidar com a realidade. E, em
muitos casos conivente com o que se passa. O sistema político está viciado e
bloqueado. Para piorar as coisas é semi-presidencialista, ou seja, não é carne
nem é peixe…
A maioria dos políticos não tem
preparação alguma para os cargos que ocupam e apenas tentam melhorar a sua
performance de actores bem-parecidos e bem-falantes, para terem boa imagem à
frente das câmaras.
O Estado Português assumiu, logo a
seguir ao 25/4, que só se fez asneiras nos últimos 500 anos e por isso voltou
as costas ao mar (e passou a ensinar isto nas escolas); que a partir daquela
data, nós seriamos amigos de todos e que haveria reciprocidade, logo não
teríamos ameaças e portanto não precisávamos de diplomacia nem tropas: se por
acaso houvesse algum problema (quase um símbolo de impossibilidade), lá estaria
a NATO para nos defender, e quanto às questões económicas o novo “El dourado”
da CEE responderia às nossas necessidades, dando-nos de comer e boa vida…
O Estado Português passou a
comportar-se como se Portugal não tivesse interesses e portanto ignorou a
Geopolítica e menorizou a Estratégia.
Não tendo um pensamento político e
estratégico a escorá-las a esmagadora maioria das decisões, resumem-se à
conquista dos votos para alcançar o Poder (não é por acaso que o calendário das
inaugurações estão intimamente ligadas aos ciclos eleitorais, o que requer
dinheiro, cada vez mais dinheiro…), e em arregimentar negócios para si e os
amigos ou correligionários.
O resultado, apesar de escamoteado
durante anos e anos, está agora à vista de todos e já não pode ser escondido.
Mas a população está longe, muito longe, de se aperceber da dimensão do desastre.
Vai-se limitando a sobreviver…
Acresce a tudo isto, que o Estado
Português depois de ter aderido à CEE, sem qualquer consulta à Nação – palavra
cirurgicamente extirpada de qualquer documento oficial ou discurso público - se
tem vindo a auto destruir. A razão é simples: a UE apenas se pode construir com
o desaparecimento dos Estados nacionais que vão, sucessivamente, passando
competências e soberania para aquela organização jurídica e politicamente
indefinida (ou mal definida).
Ora a passagem de uma realidade a outra
exige uma transição. É nisso que estamos e ninguém sabe como o fazer, nem se
entendem. E pensar que há filantropia nas relações internacionais é uma
ingenuidade que mata.
Acontece que, aparentemente, o sistema
financeiro internacional se descontrolou. Julgo que é apenas “aparentemente”,
dado que os objectivos prendem-se com ganância; concentração (ainda maior), de
riqueza em poucas mãos; guerra entre o dólar e o euro; aumento de poder para
forçar a decisões políticas e preparação psicológica da opinião pública para
aceitar imposições desmedidas.
A nível da UE, podemos estar a assistir
a um “esticar de corda” de modo a que se crie uma verdadeira crise donde só se
“poderia” sair com o avançar do federalismo, a começar na integração das
economias, obviamente orientado pelo eixo franco-alemão. Quando os franceses já
não conseguirem aguentar a Srª Merkel, irão voltar-se para os ingleses. Pode
dar guerra!
Se isto não for travado, Portugal
desaparece…
Numa palavra: nas últimas duas décadas
assistimos ao Estado Português a desconstruir-se a si próprio e a subverter (e
a deixar subverter), a Nação dos portugueses. Uma das datas chaves deste último
processo foi a liberalização das televisões.
Por falar em televisões, envolvendo
tudo o que acabámos de dizer, existe a “ditadura” da comunicação social, o dito
“quarto poder” de que se auto arrogam, mas que ninguém elegeu e os políticos
tardam em regulamentar com critério. O verdadeiro dilúvio noticioso (e
programação “Pimba”), cuja liberdade de informar corre paredes meias com a
liberdade de manipular, provoca na maioria das pessoas a impossibilidade de
estar informado… Mas consegue influenciar através de numerosas mensagens
subliminares, que constantemente são emitidas.
Destrinçar entre o Bem e o Mal numa
sociedade mediática onde impera o relativismo moral, é apenas alcançável por
muito poucos. Ora o sistema democrático não está baseado na qualidade, mas sim
na quantidade, dos votos…
Em síntese, a “aparência” do Poder está
atomizado e disperso, resultando que nada de útil se produz para os povos (que
supostamente deviam servir), sendo que a única capacidade real existente é a de
cobrar impostos – enquanto a polícia funcionar e a população não se revoltar.
Mas é uma situação muito conveniente
para quem, com poder “de facto”, conseguir manobrar e mandar por “debaixo da
mesa”.
Esta situação é nova na História de
Portugal – com os contornos atuais – e muito perigosa, sobretudo porque o Poder
Nacional desceu a um patamar crítico.
Tomar consciência disto é o primeiro
dever de todos os bons portugueses. Colocar verdadeiros portugueses aos
comandos da Pátria, é o segundo.
João José Brandão Ferreira
Ten. Cor. Piloto
Aviador (ref.) - Cmd. Linha Aérea
26 de Outubro de 2011
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