segunda-feira, 10 de junho de 2013
Uma forma diferente de analise do salário minimo
Ao ver o video do Rámon Rallo recordei me de um post que ele fez no seu blog, sobre o custo para o empresário do ordenado mínimo em Espanha, irei tentar fazer o mesmo que ele fez para o nosso caso, achei interessante e pertinente.
Temos de analisar a situação do lado do empregador e calcular todos os gastos que ele tem com o empregado e com o que prescinde de ganhar (custo de oportunidade).
Em Portugal o ordenado mínimo é de 6790(14*485) mas a este valor temos de somar a contribuição paga pelo empregador para a Segurança Social é de 1612,625.
Logo o custo real para o empregador é de 8402,625€.
Agora temos de analisar dois cenários diferentes, o empregador utiliza fundos próprios ou recorre a crédito.
Cenário 1: Recorre a fundos próprios
Neste caso, o que temos de analisar é o custo de oportunidade do empresário.
Em vez de contratar e correr o risco inerente, poderá investir num activo sem risco, como por exemplo, obrigações do tesouro(para já para Portugal é sem risco, dado que ainda não entramos em incumprimento), não sei bem quanto é a taxa actualmente mas vamos supor que estamos a falar de uma taxa de 5% logo teria um ganho de 420,13125€ sem se chatear muito.
Este valor teremos de somar ao montante a pagar ao trabalhador, e chegamos ao valor de 8822,7562
O empregador só ira contratar a pessoa se para ele o valor que este trabalhador aporta é superior a este montante.
Cenário 2: Recorre a fundos alheios
Neste caso o empresário recorre a financiamento, por exemplo, bancário.
Vamos supor que a empresa só consegue financiar se a uma taxa de 8% , logo, o montante é de 9074,835€
neste caso teremos de somar o montante do custo de oportunidade anteriormente determinado,
Então temos 9494,9662€, este é o valor para este cenário.
O empresário só irá investir se para si o trabalhador valer mais que este valor.
O trabalhador só recebe 6790€ mas o empregador despende 8402,625€.
O "custo" do salário mínimo não é os míticos 565,833€ mensais, mas antes, dependendo do cenário 735,23€ e 791,25€ respectivamente
Esta análise parece me ser a mais pertinente, infelizmente muitas das análises que são feitas esquecem estes pormenores.
A titulo de curiosidade estava Eu em Saragoça este Sábado e em conversa com uma estudante de economia da universidade de Barcelona, lhe comentei que tinha como dois dos meus economistas preferidos o Huerta de Soto e Rámon Rallo e a rapariga disse que não fazia ideia de quem eram, foi interessante.
Adenda: A ideia a retirar aqui é que o salário mínimo é mais elevado do que a priori se pensa, geralmente nos media, só ouvimos falar no montante recebido pelo trabalhador e nunca no real custo que o salário tem para o empregador. O empresário age na busca de aumentar os seus lucros, logo nunca irá contratar se o valor que pensa que o empregado aporta à empresa é menor do que ele paga.
A realidade é que o salário não é mais que um preço, o preço hora que o trabalhador está disposta a receber por trabalhar, e rege-se pela lei da oferta e da procura, que nos diz que existe um preço para qual a quantidade procurada é igual a quantidade oferecida, se o salário mínimo não existisse a realidade é que o mercado(que não são mais que pessoas) iria ajustar muito mais rapidamente. A realidade é que hoje a esmagadora maioria dos trabalhadores empregados recebe acima do ordenado mínimo, mas para muitos este é criador de um entrave a conseguirem um trabalho.
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8 comentários:
Activo sem risco a render 5% líquidos?? Tens de me dizer onde...
Com jeitinho (e muita procura) consegues 3%.
Quanto ao resto, já se sabe que o salário mínimo implica, para o empregadr, o valor do salário + o valor pago para a Segurança Social (que obviamente já vem podenrado nas negociações sociais entre patrões e patronato)!
Descobriste isso agora??
Queres ainda baixar mais o salário? E que tal não pagar salário: trabalho escravo! Era o PLENO EMPREGO!! Nunca pensaste nisso, com tão boas teses que tens?
Olha, já agora, podias era dedicar-te a ver o aumento dos preços de 1 kg de arroz! Sim, 1 kg de arroz carolino, vá lá (que é o mais usado no nosso país).
Ora vê lá: há uns meses atrás era de cerca de 50 cêntimos, agora ronda os € 0,80 (oitenta cêntimos = 160 escudos antigos, grosso modu), os mais baratos (marca branca).
Mas essas se calhar nunca te tocou fazer...
Não falei em rendimento liquido em nenhuma parte da analise.
Segundo mencionei o facto da discussão ser feita nos moldes em que é feita, referindo o 485 como salário mínimo, nunca referindo para o custo total para o empregador.
Os salários tem de ser ajustados à realidade, em muitos casos terão de baixar noutros subir,
A realidade demonstra que tenho razão, os salários tem vindo a baixar, infelizmente a velocidade tem sido reduzida, por isso temos o desemprego que temos.
Por acaso não como arroz normalmente, mas sim os preços dos bens de primeira necessidade tem aumentado, o que é natural. ou nao vivemos num mundo inflacionista?
Mas refiro que existem inúmeros países no mundo sem salário mínimo em que os salários são bem superiores aos de Portugal, pela tua analogia por lá era só escravidão.
Vamos dissertar sobre o arroz...
Portugal importa metade do arroz que consome, muito desse arroz é importado de países cujos salários são baixos, muito abaixo do mínimo nacional.
Os preços do arroz está a subir cá? Normal se temos que importar mais pelo consumo estar a aumentar.
Mas, segundo o comentário acima, os salários nesses países deviam ser muito mais elevados. Ou seja, o próprio arroz cá, devia custar bastante mais.
Não queria comentar nada de especial, apenas mostrar que as pessoas comentam como se fossem coisas isoladas, como melhor lhes interessa. A verdade é que tudo está interligado.
Quando olhamos para a pobreza, e ao contrário do que se diz, e apenas usando o senso comum, Portugal tem salários altos, porque há quem esteja muito pior do que nós.
Ou se calhar temos os salários certos porque há quem esteja melhor. Pois é, é tudo relativo e o que importa é a produtividade.
Se Portugal sair do € então os portugueses é que vão ficar com os olhos em bico com o preço do arroz...
Nada disso,pessoal.
Nós temos é que produzir mais arroz cá! Temos condições para isso.
Haja capital para investir...
Quanto à saída do Euro: temos 2 hipóteses.
Primeira opção: aguentamos agarrados dentro deste "colete de forças", nesta moeda forte feita à medida dos interesses da Alemanha, com uma economia débil, com produtos de baixo valor acrescentado e a competir nesses segmentos (para nós tradicionais) com os países de 3.º mundo e com os países de Leste (com salários mais baixos e mais próximos do centro económico e político da Europa).
Nesse caso, iremos não apenas estagnar, mas verdadeiramente definhar numa lenta e dolorosa agonia.
O processo é em tudo idêntico ao que se passa cá, internamente, com as nossas periferias do interior: estaremos precisamente para a Europa como o Mogadouro está para Portugal.
Com uma agravante: a Europa do norte terá que nos fazer, nesse cenário, directa ou indirectamente transferências de dinheiro e vai querer como contra-partida ter o controlo político e esmifrar por completo este país, desde logo todas as potenciais riquezas submersas na nossa plataforma continental e zona económica exclusiva (a 4.ª maior do mundo e por explorar).
A Europa já se nos apropriou da força pesqueira, prepara-se agora para ficar com a nossa plataforma continental - já iniciou com esse intuito uma "política marítima" comum e tudo (ver Declaração da Conferência de Limassol em 2012).
Neste primeiro cenário, Portugal será um "belo" canto da província onde os nossos jovens emigrantes no centro da Europa (de preferência engenheiros/mão-de-obra qualificada mas baratinha) virão ver os seus velhinhos e a meia-dúzia de pessoas que por aqui ficou, sabe Deus a que custo. (voltando ao cenário interno, isto lembra-vos alguma coisa?).
É assim tão difícil perceber que o nosso futuro será esse?
Não vale a pena pensarem em "temos que dar o salto tecnológico nas nossas empresas", "criar produtos com qualidade e geradores de muito mais-valia do que os actuais", etc, etc.
Podemos fazer um esforço heróico e até melhorar imenso a cadeia de valor e exportações, mas... não chegará! Está difícil de ver que nunca conseguiremos acompanhar o ritmo dos países a quem esta moeda forte serve - por muito que nos esforcemos e multipliquemos???
Fica uma pista para perceberem a "big picture": esta semana um alto responsável alemão confirmou "Nós aqui no norte da Europa produzimos muita MAQUINARIA, coisa que os países do sul não produzem!"
Perceberam agora? Nunca teremos "pedalada" para gerar produtos com valor acrescentado como eles com o material de maquinaria, eletrónica, etc. Estamos a anos-luz! A convergência real da nossa economia nunca se poderia fazer senão em muitas décadas - E NÃO HÁ TEMPO! (mesmo que fosse possível sequer, o que duvido).
Parte II
O dinheiro que aqui foi lançado a rodos nos anos 80/90 tornou ainda mais difícil a aproximação a essa economia real e produtiva deles - facilitaram-nos o dinheiro para criar a falsa ilusão de prosperidade e não para fazer convergir a nossa economia. Repare-se que mesmo a convergência da economia da Alemanha de Leste (feita até num modelo mais apropriado do que o usado na U.E.) também se arrasta há décadas... Mas a esses, eles não se importam de pagar.
A nossa economia nunca conseguirá convergir em termos reais com o centro da Europa como a permanência do Euro exigiria (por muito que se esforce e melhore até algo).
O resto é inevitável: ou a Europa nos ajuda, com transferências para aqui, num modelo Federal feito à medida e para interesse dos países do centrais (Berlim sobretudo), no qual este rectângulo será uma região ultra-periférica e sem qualquer interesse para eles... a não ser na sua área marítima (única riqueza estratégica potencial) que será completamente usurpada e explorada por eles, já que em função da assistência que nos irão dar, passarão a mandar por inteiro neste país!! Já mandam, imagine-se quando existirem transferências de forma mais clara...
Mais: nesse cenário do Euro,Portugal deixará por completo, a prazo, de manter qualquer autonomia política (já deixou de ter autonomia económica com a entrada para o Euro), e será só uma questão de tempo até deixar, nessa Europa federalizada, de ter autonomia jurídica e institucional enquanto "Estado/país".
A história do "bom aluno europeu", e dos "nossos amigos europeus que vão ajudar à nossa convergência real", particularmente depois de definidas as orientações económicas definidas em Maastricht, foi o maior exemplo de um suicídio terrível de um país (porque em lenta agonia, assistida pelos seus executores). Não me lembro na História mundial de outro exemplo do género: um país que decide sem um único inimigo à porta, entregar-se nas mãos dos outros, abdicando da sua soberania (primeiro económica - já foi, depois política - também já praticamente foi - e por último, inevitavelmente, das suas estruturas e instituições formais enquanto País).
Há quem fique a lamentar a falta de visão das nossas "elites" neste processo: não tenhamos ilusões, as nossas "elites" foram criadas por décadas de corrupção e distorções várias! Por um lado não têm capacidade intelectual para sequer analisar estas questões em termos estratégicos. Por outro, não querem saber o que acontece a este rectangulozinho, desde que, no processo, saiam com os bolsos forrados.
Ninguém pensa e assume a defesa deste país em termos de grande estratégia: nem o sabem fazer, e também nem querem saber.
Mas há países onde existe essa massa crítica, e, apesar de terem os seus próprios (e grandes) problemas, tal como nós, vêem ao longe e recusam-se a entrar na armadilha: falo do Reino Unido, (sempre... a Velha Albion... um povo brilhante... e que sabe bem o que é a Alemanha), mas também de um pequeno país que, tal como nós, se tivesse entrado para o Euro jamais voltaria a ser autónomo e seria mais uma provincia da grande Alemanha - a Dinamarca!
Mas pronto, há pessoas que discutem o "Euro" sem parar para pensar racionalemente. É uma divindade bovina e sagrada, e qualquer argumento começa sempre com o inevitável: "sair do Euro seria uma tragédia dantesca"! E acaba o debate.
Como se o nosso presente e futuro não fossem uma tragédia ainda maior!!
O problema foi essas pessoas nos terem trazido até aqui!
Mas pronto: o Euro foi uma tragédia, mas daqui para a frente vai ser bom... LOOOOOOL.
Bem, com estas "elites" que temos, ficámos ao menos com uma bela vantagem: temos boas auto-estradas para que os nossos filhos e netos nos venham daqui a 20/30 anos visitar aqui à provincia!
Parte III
Quanto à segunda opção, seria sairmos do Euro (de preferência com controlo e ajuda da União – mas tenho as minhas sérias dúvidas que tal seja possível, pois o interesse deles é que fiquemos, para nos terem nas mãos deles, completamente manietados) e recuperarmos a nossa autonomia económica, para nos irmos governando o melhor que podermos neste mundo globalizado.
Para um país pequeno, descapitalizado e sem indústria, como o nosso, o futuro não parece nada risonho.
Resta ainda assim saber se o queremos construir nós mesmos (e se calhar nesse caminho apear as nossas “elites” que aqui nos conduziram), ou se queremos que o nosso futuro seja ditado a partir de Berlim (vistos como uma província longínqua que pode valer por alguns recursos naturais que tenham, e para se ir visitar os velhinhos e ao mesmo dar umas banhocas no mar).
Repare-se que ainda agora a União Europeia tentou taxar as importações de painéis solares chineses (para proteger quem? Onde são feitos esses painéis solares? Em Portugal? Not…) e a China logo “espirrou” deixando a U.E. fortemente preocupada (Ai, os Mercedes, Audis, carrinhas VW, máquinas Siemenes e Bosch, etc - que já não iremos conseguir vender na China!). Qual a solução? Imagino que “se chegue” a um compromisso do género: ” Caríssimos orientais, vamos mesmo ter que taxar os vossos painéis solares... Mas não se preocupem, vamos baixar ligeiramente as taxas que tínhamos previsto e vamos dar-vos uma compensação maior: vocês podem meter aqui na Europa carradas de têxteis, fiação, calçado, arroz, moldes, etc. Já agora, não têm por acaso cortiça e azeite que queiram aqui meter? Também eram bem-vindos! Danke. Angela” .
Se queremos ter futuro, temos que ser nós a tê-lo nas mãos… e não os outros.
Caro Anónimo
Dei-me ao trabalho de ler os seus comentários até ao fim, e é sinceramente é só léria!
A culpa é da Alemanha e acabou, haja paciência.
Sim os montes de dinheiro que vieram nos anos 90 para Portugal foi só para nos iludir, não era para nós os aproveitarmos e prosperamos, claro que não. Nem sei quem pode ter essa ideia ahaha.
O Euro foi criado pela França para a Alemanha deixar de ter o Marco, a sua moeda fortíssima para ficar mais fraca, algo que pode ler no blog Contas Caseiras (um dos co-autores deste blog, juntamente com o Vivendi). Devido à fraqueza Francesa os Alemães aproveitaram para tomar o domínio do Euro. Isto de forma simplificada foi o que se passou.
Fala de pequenos países e que a moeda forte é só uma desvantagens. E que tal deixarmos de queixar das desvantagens da moeda forte e aproveitarmos as vantagens. Hong Kong, Singapura, Taiwan, Coreia do Sul, tudo países pequenos e prósperos. Ahh e tal lá só há miséria ou lá é tudo diferente, isso são lérias. Claro que não é fácil, e custa mas se quisermos prosperar e parar de queixar que a culpa é das "elites mundiais", é a única opção. Sim queixar dos malvados é mais fácil e custa menos sim.
Eu não defendo todos os mecanismos do Euro, mas o povo beneficia muito mais de uma moeda forte (Euro), que de uma moeda fraca (Escudo), pois pense lá o que importamos no dia a dia. O caro anónimo não se veste, não utiliza qualquer aparelho tecnológico, não utiliza transportes? E nem vale a pena falar da alimentação. Grande parte disso vem de fora ou pode ser feito cá mas parte vem de fora.
E fala que podíamos produzir mais arroz para sermos auto-suficientes no arroz, pois temos condições para isso. Já que entende tanto disso porque não começa a produzir arroz e enriquece, ou está à espera dos incentivos do estado?
E falando sobre o tema do post, não existe salário mínimo na Singapura, pesquise bem sobre isso se quiser realmente tomar conhecimento da realidade, se quiser viver no mundo do faz de conta, isto é, do que a imprensa nacional nos conta e os políticos acreditam, continue nessa fantasia. A escolha é sua
Cumprimentos
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