SONETO MAÇÓNICO - Manuel Maria Barbosa du Bocage
Conta-se que Bocage se iniciou numa Loja Maçónica de Lisboa cujo venerável era Bento Pereira do Carmo e orador José Joaquim Ferreira de Moura, deputados às Cortes de 1821 e 1823.
Conta-se que Bocage se iniciou numa Loja Maçónica de Lisboa cujo venerável era Bento Pereira do Carmo e orador José Joaquim Ferreira de Moura, deputados às Cortes de 1821 e 1823.
Assistiu durante algum tempo às reuniões da Loja, mas um dia entrou em ruptura com um irmão e em cólera escreveu este soneto que rasgou, mas alguém já tinha copiado, como aconteceu com muitos dos seus escritos.
O Doutor Macaco seria José Joaquim Ferreira de Moura que, na realidade, segundo contemporâneos, "tinha effectivamente uma physiognomia amacacada, e gaguejava algum tanto."
Turba esfaimada, multidão canina,
Corja, que tem por deus ou Momo, ou Baccho,
Reina, e decreta nos covis de Caco
Ignorancia daqui, dalli rapina:
Colhe de alto systema e lei divina
Imaginario jus, com que encha o sacco;
Textos gagueja em vão Doutor macaco
Por ouro, que promette alma sovina:
Circulo umbroso de venaes pedantes,
Com torpe astucia de maligna zorra
Usurpa nome excelso, e graus flammantes:
Ora mijei na sucia, inda que eu morra
Corno, arrocho, bambu nos elephantes,
Cujo vulto é de anões, a tromba é porra!
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