sábado, 4 de maio de 2013

Bater o Punho (Parte 2)

Escrevi a 6 de Abril, antes da decisão do TC, de que Gaspar e Passos Coelho não podiam desistir.

99% da população diz que a austeridade é má, e os outros 1% acham-na inevitável e tem mesmo que acontecer. O problema é que ninguém refuta ninguém. Não há capacidade argumentativa para deitar abaixo as ideias dos outros e corroborar as nossas.

Moral da História:
Abre-se o caminho para a polarização, para um descontentamento generalizado e um sentimento de total incerteza acerca do que irá acontecer amanhã.
Quem não tem âncoras bem fundas acerca das suas convicções, não resiste a tanta confusão na informação que os media passam hoje em dia. Dá em maluco.

Não sabia se Gaspar e Coelho iriam desistir ou não caso a decisão do TC fosse adversa.
Acabou por ser bem adversa, mas não desistiram.
Atiraram-se novamente prá frente, bateram o punho, e contra tudo e contra todos lá tentam levar o barco avante.
É verdade que fazem-no com péssima comunicação, sem uma estratégia bem definida, com pouca preparação, mas todos os outros, incluindo o CDS, nada querem fazer. Têm medo da punição do eleitorado. Por sabermos que estas forças políticas desistiram de querer reduzir o défice, é preciso dar valor a quem continua a lutar por aquilo em que acredita.

Não ceder, não desistir, substituir imediatamente medidas consideradas inconstitucionais por outras, constitucionais ou não, logo se vê.
Tem é que se propor e implementar medidas de redução da despesa, COM A CERTEZA DE QUE AS RECEITAS CONTINUARÃO A CAIR, EXIGINDO AINDA MAIS CORTES E COLOCANDO EM CAUSA MUITAS VACAS SAGRADAS

É a veracidade desta última frase que mete Medo a todos aqueles que já desistiram da austeridade ou que nunca gostaram dela. Não aguentam o Mal que esta receita traz no curto prazo às populações, e como gente cobarde que são, baixam os braços, resignam-se, deixam-se levar pela solução mais fácil, e como mecanismo de vitimização e de falta de auto-estima, vociferam contra aqueles que tentam fazer aquilo que deve ser feito, que é colocar as despesas ordinária no mesmo patamar das receitas ordinárias.

Vivemos num autêntico estado de guerra ideológica e psicológica. De que lado queres estar?

Tiago Mestre

2 comentários:

Anónimo disse...

O excesso de austeridade vai-nos ser fatal. A emigração vai crescer brutalmente, vamos ser um pais ainda mais envelhecido, quem é que vai ficar para pagar as contas?
Vamos ser um pais de casa vazias e as barracas vão voltar em força, ou casas com sobreocupação, um verdadeiro paradoxo.
Tirando meia dúzia de empresas que trabalham com o mercado externo e as empresas com rendimento garantido (EDP,GALP etc) a maioria das empresas que vive do mercado interno está próxima do colapso. Para conseguir mais impostos só se o estado "nacionalizar" as poupanças bancárias e os bens imóveis, não vejo outra solução. A divida infelizmente é absolutamente impagável, quando muito chuta-se para a frente, esperando um milagre.
Palpita-me uma janeirinha a caminho.

Tiago Mestre disse...

Nada como nos prepararmos e consciencializarmos para algo de terrível que aí possa vir. Olhando para os fundamentos e para a matemática, as coisas podem correr muito mal, e é com essa baixa espectativa que devemos contar.

Mas como as coisas NUNCA correm como esperamos, pode sempre haver algo de positivo que atenue a austeridade, que não nos deixe ir ao fundo.
Falo por exemplo em nos perdoarem parte do juro da dívida (4 mil milhões da troika) ou a sua totalidade (8 ou 9 mil milhões) e quem sabe a própria dívida em si.

Ou então descobrir-se em Portugal minério valioso ou hidrocarboneto que até agora seria pouco rentável de explorar.

Ou com toda a emigração, as remessas dos emigrantes sustentarem uma parte da população

Ou então tudo isto somado e muito mais.

Sinceramente não sei, mas já mentalizei disto:
Prepare for the worst, hope for the best, e ser feliz com muito pouco