O investigador Dan Arieli coloca-nos este dilema:
Preferes metade de uma tablete de chocolate agora?
Ou uma tablete completa daqui a uma semana?
80% prefere agora, ou seja, não está disposta a esperar uma semana para ter o dobro da quantidade.
Mas, e se o dilema for transportado para o futuro?
Preferes meia tablete de chocolate daqui a uma ano?
Ou uma tablete inteira daqui a um ano E UMA SEMANA?
Toda a gente prefere esperar um ano e uma semana para ter o dobro do chocolate.
Ou seja, quando nos transportamos para o futuro, achamos que seremos melhores do que somos hoje, que todos os comportamentos exagerados serão corrigidos. Já no presente, a coisa muda de figura.
No nosso modo de pensar, o futuro traz-nos coisas boas, e nunca coisas más.
Perante este vício de raciocínio, se lhe podemos chamar assim, é fácil para qualquer ser humano, sobretudo quando lhe dão essas condições, de levar para o futuro o que não interessa e o que é desagradável, trazendo para o presente o que pode ser positivo.
O crédito concedido ao Estado, às empresas e aos particulares é um mecanismo que cabe que nem uma luva nesta nossa insuficiência de perceção do futuro. Estimula-nos para o prazer no já, adiando a dor para um futuro distante e incerto.
Vamos a ver, e só meia dúzia de indivíduos é que pensa que o presente deve ser comedido por forma a evitar azares no futuro, e é por isso que há tanta dificuldade em passar a mensagem de que o presente tem que ser sacrificado em nome de um futuro menos penoso, mesmo sabendo nós que o presente atual é já demasiado penoso e grave, ou seja, é o futuro de algum presente cheio de excessos que ocorreu no passado.
É complicado.
Tiago Mestre
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