sexta-feira, 7 de junho de 2013

Já é do conhecimento geral

Com os últimos desenvolvimentos nas contas públicas nacionais, começa a ser evidente para a comunicação social e para uma parte significativa da população de que as metas traçadas pelo governo para este ano são já demasiado ambiciosas. Mesmo com a subida do limite do défice de 4,5% para 5,5% do PIB, significando 8,9 mil milhões que o Estado pode ter de prejuízo nas suas contas, as coisas parecem estar a complicar-se.

Num estudo resumido e muito bem feito pelo jornal i, percebe-se que o orçamento retificativo agora apresentado pelo governo tenta corrigir rúbricas delineadas há menos de um ano numa extensão demasiado vasta, ficando a impressão de que as medidas de austeridade anunciadas em 2012, nomeadamente a sobretaxa de IRS e a revisão das tabelas também do IRS, irão ficar, em termos de receita total, muito aquém do que se esperaria.

O desemprego sobe de 16 para 18%, exigindo mais dotações para a Segurança Social

Há dívidas de anos anteriores na saúde que têm que ser pagas este ano, exigindo maior esforço financeiro.

E com a recessão no 1º trimestre a bater os 4%, o ponto de partida é muito fraquinho para uma recessão anual inscrita no OE de "apenas" 2,3%.

O FMI vem agora reconhecer o óbvio, dizendo que afinal as projeções otimistas em relação ao crescimento, ao emprego e à redução da dívida nos países comandados pela troika foram manobras de distração, não se apoiando nem na realidade nem na matemática mais simples. Bem me parecia que associar austeridade a crescimento no curto prazo era uma quimera, mas enfim, eles é que tinham os microfones e eles é que sabiam.

No global, o défice não será de 8,9 mil milhões, mas sim bem acima dos 10 mil milhões, obrigando-nos a pedir pelo menos mais 10 mil milhões de euros em nova dívida, que com uma taxa de juro a 5% significa despender mais 500 milhões de euros algures no futuro em pagamento de juros.

Se este orçamento retificativo falhar rotundamente, e se o défice ficar para lá dos 5,5% do PIB, o govenro fica sem condições para fazer o que quer que seja. Serão as elites e as bases do PSD e do CDS a minarem a própria coligação, isolando cada vez mais Passos Coelho e Vitor Gaspar.
Tá complicado.

Tiago Mestre

12 comentários:

Anónimo disse...

Pois... é sempre bonito ver quem sempre defendeu acérrimamente as políticas de austeridade, aimlpementar no mais curto prazo possível, com despedimento em massa de funcionários públicos para "orçamento zero", vários "Bravo Gaspar", etc, etc... vir agora reconhecer que as coisas não são tão simples, e, tal como os outros, começar a "dar a volta ao bico ao prego"... Fica-vos bem!

Anónimo disse...

Ah, esqueci-me.
Vocês ainda queriam uma austeridade maior, se bem me recordo! Austeridade essa que devia passar mais pelo corte drástico na despesa (leia-se corte em salários de funcionários públicos e pensionistas), e não pelo aumento da receita fiscal - sempre em prol dos "empresários" que, coitadinhos, são os únicos que lutam e fazem este país avançar, e sem os quais todos morreriam de fome, pelo que tudo lhes deve ser concedido - devemos mesmo agradecer-lhes por estarmos vivos!! Como se muito dessa corja não se tivesse habituado a viver parasitariamente (mais do que nós simples cidadãos) do gasto dos dinheiros públicos (contribuintes): seja em obras, seja em subsíduos, seja em benefícios fiscais.
Portanto, teríamos era que fazer mais isso, não é: diminuir o rendimento de funcionários públicos e pensionistas (os tais "xuxas", que não merecem o que ganham, até porque se são funcionários públicos é porque não trabalham, não é?) para dar a esses "empresários". De preferência isto através do "sistema financeiro"...
Pois. Continuem. Tem dado bons resultados!

Sérgio disse...

Caro anónimo, tem razão, o que devia ter sido feito era subir no mínimo em 30% todos os funcionários públicos e aumentar em pelo menos 50% o seu número, aliás, 100%, pleno emprego no estado para toda a gente! Se querem crescimento vamos é acabar com os parasitas dos privado que andam prá aí a fingir que trabalham, como eu, juro que se me derem uns 600 eur limpinhos com mais subsídios de tudo e mais alguma coisa páro imediatamente de "parasiatar" durante 12, 14 ou 16 horas e tantos fins de semana como habitualmente faço. Aí sim, seria o paraíso (tipo cuba ou coreia do norte) uma maravilha, mesmo que nem papel higiénico exista ou que seja racionado (venezuela) está tudo bem, o grande problema é a timidez do governo em pedir mais dinheiro, sim, vamos pedir milhões, biliões que os malvados capitalistas que nos emprestam se disseram que não, nós obrigamo-los, afinal quem são eles para terem direito à propriedade privada? Se não funcionar, saímos do euro e imprimimos escudos a fartazana! Tão simples... pois é caro anónimo é isso mesmo, tem toda a razão, é de pessoas brilhantes como você que o país precisa!

Anónimo disse...

VAMOS A TER CALMA PQ HOJE A NOTICIIA DO DIARIO ECONOMICO CONTRARIA O TEXTO DO MIGUEL, AFINAL AS RECEITAS DOS IMPOSTOS SÃO SUPERIORES AO RECTIFICATIVO, ALEM DO MAIS OS TRES PRIMEIROS MESES DO ANO FOI ONDE SE CRIOU MAIS EMPRESAS DESDE 2008....CALMA QUE AS CONTAS DO GASPAR ESTÃO A ACERTAR...NAO FALAR ANTES DO TEMPO

vazelios disse...

1º O governo não atacou o défice como devia ter feito. Subiu impostos (tem mais efeitos no curto prazo), que até concordaria numa primeira fase, mas não cortou despesa. Só aceitaria aumento de impostos se houvesse corte na despesa porque se tivesse havido, provavelmente haveria espaço para baixar um pouco os impostos em 2014. Como pouco foi feito no campo da despesa, a asfixia fiscal vai continuar.

2º Corte na despesa implica ser mais eficiente com menos, sim, diminuir institutos, observatórios, fundações, organismos públicos, freguesias, etc. Mas o grosso da despesa, já nem sei quanto (70%, 80%?) está nas pensões (CGA e SS) e salários da função pública. É aí que têm de cortar, ou melhor, reformar. Reformar neste caso implica mudar as regras do jogo e para que isto seja sustentável o peso do estado tem de ser significativamente menor. E parte dessa reforma, passa pelo corte das pensões (não nas menores) e despedimento de funcionários. Trabalham 35 horas por semana pk? Têm ADSE e eu tenho o quê? E ganham em média 1500€ e o privado 800€ porquê? Fora estas diferenças entre público e privado, mesmo que não as houvesse, o tamanho de um estado tem de estar intimamente ligado ao que podemos pagar por ele. Se não podemos paga-lo, como se verifica, temos de o diminuir. A carga fiscal asfixia a economia, mas o peso do estado é a causa principal dessa asfixia.

3º Tivemos saldo positivo na Balança corrente - 2ª vez desde 1975.

4º Já não temos necessidade liquida de financiamento mas sim capacidade liquida de financiamento.

5º O nosso PIB era alimentado sobretudo devido a duas grandes parcelas: Consumo, alavancado pela divida, e invesvimento, suportado e possibilitado pela divida. Foi um crescimento anémico nos ultimos 15 anos, ainda por cima por dinheiro dos outros e nunca por capital próprio, quer seja empresarial ou de particulares.

Quanto mais tarde nos apercebermos que a culpa disto tudo é a corrupção, a demagogia, o socialismo reinante, a imprensa de esquerda, o keynesianismo e a burrice e perguiça das pessoas, nunca vamos recuperar.

Até porque quando recuperarmos, vamos querer o bem bom outra vez, infelizmente.

Alguém ouve falar em poupança na escola ou nas universidades?

Estou farto de ouvir parvoices.

E acabo com o obvio: Este ajustamento nunca sefaria em 3 anos! Ainda vai demorar, mas matematicamente tem de ser feito. Mas dizer que a "austeridade" está a matar a economia é porque não percebe como funciona a economia.

Pedro Miguel disse...

Tiago, peço desculpa mas vou apenas comentar a fonte do estudo.

Estou completamente ao lado dos números porque nem consegui verificar credibilidade ou não.

Quando li estudo do Jornal I fiquei logo de pé atrás.
Eu sigo o jornal do facebook e é um jornal de propaganda.
Sempre que há manifestações faz o roteiro, com links para as páginas de facebook das organizações, dando maior destaque do que qualquer outra notícia.

A falta de independência desse jornal deixa-me um pouco doente.

O editor-executivo do I, Nuno Ramos de Almeida, é apenas e só um dos rostos do movimento "Que se lixe a Troika".

Tiago Mestre disse...

1º postulado: Austeridade tem que haver porque não podemos ter défices de 10 mil milhões para sempre

2º postulado: A austeridade cria recessão porque é dinheiro que desaparece da economia.

Eu não posso querer o 1º e fugir ao 2º, ou vice-versa.
Gaspar e o FMI tentaram impingir a ideia de que era possível, mas a realidade veio desmenti-los.

Tanto no Contas como no Viriatos tentei sempre desmascarar esta falácia.

Vamos cair, e muito, se a austeridade continuar, mas só assim é que retiramos os excessos e o que não é sustentável por natureza.

Nenhum de nós tem a culpa que afinal metade da economia se baseava em excessos e que agora têm que desaparecer porque o dinheiro deixou de jorrar.

Claro que tem que haver recessão, e MUITA

Vivendi disse...

Temos de acabar com os défices e pronto. Quanto mais pequeno for o peso do estado na economia mais Portugal prosperá. Tudo resto é conversa de tolos.

Anónimo disse...

Parabéns.
Ficam bem expressas acima as vossas apologias: como muito bem resume o Tiago "Clao que tem que haver recessão, e MUITA".

Não discuto que terá que haver uma reorganização do que queremos do Estado. Profunda.

Mas não a este ritmo de mata-cavalos!
Pois vai mesmo deixar-nos moribundos como os gregos.
Haveria alternativa?
Haveria!
Qual?
Ganhar tempo para fazer as reformas gradualemente, fazendo o B.C.E. imprimir alguma quantidade de dinheiro e gerando inflação!
Ah, já sei, vocês são contra isso, porque o vosso postulado ideológico não o permite e justificam-no dizendo que mais vale uma boa "dose de cavalo" agora, senão mais tarde com o quantitive easing os políticos nunca farão as reformas necessárias!
Pois, mas esse é que seria o caminho... E vão ver, quando a crise (recessão) começar a chegar ao Centro-Norte da Europa (como já está a chegar) o que vai acontecer!
Não podemos ter "pálas ideológicas" nos olhos.
Mesmo que uma teoria seja a mais sustentável, não quer dizer que pontualmente em situações profundamente dramáticas, não se possa recorrer a expedientes da outra!

P.S. - SEUS SABUJOS PRECONCEITUOSOS E EGOÍSTAS, ACABEM DE VEZ COM A PORCARIA DA COMPARAÇÃO DOS SALÁRIOS MÉDIOS ENTRE SECTOR PRIVADO E SECTOR PÚBLICO!! VOCÊS SABEM QUE ISSO É UMA MENTIRA ESTÚPIDA!!
O PÚBLICO PARECE QUE GANHA MAIS PORQUE A FORMAÇÃO ACADÉMICA E AS FUNÇÕES EXERCIDAS SÃO BRUTALMENTE MAIS QUALIFICADAS! QUEREM COMPARAR SALÁRIOS DE JUÍZES COM SALÁRIOS DE OPERÁRIOS FABRIS??? PORQUE NÃO COMPARAM OS SALÁRIOS PELA MESMA FORMAÇÃO/QUALIFICAÇÃO?? TÊM MEDO DE DIZER QUE OS SALÁRIOS PÚBLICOS ESTÃO ASSIM ABAIXO DOS "PREÇOS DE MERCADO"?? O PROBLEMA É QUE A CORRUPÇÃO NO PRIVADO É MAIOR QUE NO PÚBLICO: NA DIRECÇÃO DA FÁBRICA ENTRAM A FAMÍLIA E OS FILHOS DOS AMIGOS... E NÃO OS MELHORES COMO IDEOLOGICAMENTE VOCÊS ACHARIAM QUE ENTRAM!! ESSA É QUE É A VERDADE! MUITA MAIS CORRUPÇÃO, NEPOTISMO E AMIGUISMO NO PRIVADO!
NO PÚBLICO AINDA HÁ/HAVIA ALGUNS EMPREGOS A QUE SE PODE ACEDER POR APOSTA NA QUALIFICAÇÃO PRÓPRIA - NO PRIVADO É SÓ PARA QUEM TEM CAPITAL!!
SAIAM DESSAS IDEOLOGIAS DA TRETA E ENCAREM O MUNDO REAL!

Incitador disse...

Caro Anónimo das 19:35,

A agressividade verbal não acrescenta nada nem torna os seus argumentos mais convincentes. Por isso, sugiro que desista dessa prática.
Vamos ao que interessa:

"NA DIRECÇÃO DA FÁBRICA ENTRAM A FAMÍLIA E OS FILHOS DOS AMIGOS... E NÃO OS MELHORES"

Acredita mesmo que, num mundo competitivo como é o nosso, um patrão emprega "um familiar ou um filho de um amigo" que não tenha as competências necessárias para o cargo? (Isso é o principio do fim dessa empresa, meu caro. E o patrão sabe disso.)

Pelo discurso, quer-me parecer que é funcionário público. Acho que deve pensar em mudar-se para o privado para poder ter um salário melhor e mais regalias.

Cumps.
Incitador

Anónimo disse...

Caro Incitador

Acredite que estou a preparar a minha saída do funcionalismo público.
Não tenho é capital, o que nesta sociedade, acredite, é uma grande bodega.

Mas você ainda acredita que na esmagadora maioria das nossas empresas (PMEs), quem manda não é o filho do patrão, o genro, o sobrinho??? Mas em que mundo é que você vive?

E não me diga qua ainda é daqueles que ainda não percebeu porque é que este país tem a fraquíssima produtividade??
Acha que é dos trabalhadores (os mesmos que em todo o mundo são procurados pelo seu desempenho)?

E, não! Se puserem a "teta familiar" à frente da empresa não vão à falência! Porque em Portugal o que conta não é a eficiência no mercado, mas os conhecimentos e a corrupção para venda do produto!

Esse é que é um dos grandes entraves a que as pessoas inovem, empreendam, e entrem no mercado, mas sobre isso - clientelismo, viciação de mercado e corrupção na vida empresarial - ninguém fala!
Veja: neste país a nova "moda empresarial" é... Angola! :D
Está tudo dito sobre os nossos empresários e a falta de produtividade endémica neste país!

Com empresários destes...

Por isso é que, com empresários destes, o verdadeiro problema (de fundo) deste país é que estamos cada vez com menos capital acumulado (descapitalizados por empresários ineficientes e corruptos. Pobres! Falidos!)... Porque na nossa vida empresarial não prevalecem os mais capazes, mas os mais corruptos e os que têm papás! Enquanto têm.

Bons negócios!

Com os meus melhores cumprimentos.

P.S. - Queira fazer o favor de sair das teorias para a vida real.

Anónimo disse...

e pena e nao ter deixado mais cedo a funpção publica e tivesse feito pela vida, de papagaios esta portugal cheiok e so ver o numero de comentadores que passaram la mas nada fizeram