sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Que burrice


Era o pior que o homem poderia ter dito. Ninguém irá acreditar na criatura, que pela feição tanto pode ter uma figura queriducha como uma figura sinistra.

É óbvio que o homem sabia dos produtos SWAP que estavam a ser vendidos às empresas públicas e ao próprio Estado. É ÓBVIO QUE ELE SABIA DA SITUAÇÃO.

O que ele talvez não percebe é que os produtos SWAP não são nenhum papão, mesmo que a sociedade mediática os tenha apelidado de tóxicos e por aí fora.
Não o eram na altura nem o são agora, mas como a sociedade já demonizou os produtos SWAP, toda a gente envolvida quer fugir a sete pés da questão.

Que mal tem propor um produto financeiro que no caso de subirem as taxas de juro perde o banco e ganha o cliente, mas que no caso contrário ganha o banco e perde o cliente?

O cliente é que decide se pretende assumir o risco, e é também natural que quanto mais o cliente quiser proteger-se da subida das taxas de juros mais irá perder caso estas baixem. São as chamadas CONTRAPARTIDAS. É NORMAL. No entanto, estas condições demasiado agressivas foram consideradas tóxicas pelas perdas que infligiram às empresas públicas nos últimos anos.

Mas não deveriam os clientes/diretores financeiros ter simulado quais seriam as perdas para as suas empresas no caso das taxas de juro descerem para 4%, 3%, 2% ou até 1% ?

É claro que deveriam, mas o MEDO da subida das taxas de juro foi mais forte.

O que esta criatura deveria ter feito, se fosse homenzinho, era informar os portugueses de que tinha conhecimento dos SWAP's, e que isso não tem mal nenhum. NÃO É CRIME.
Mas se deontologicamente ele achar que os contratos são maus, então que se demita do cargo público que ocupa, e depressa.

Não fez nada disso e vem agora com a tanga de que não se recorda se esteve ou não na reunião.

O Dias Loureiro no caso do BPN também não se lembrava de nada.

Tiago Mestre

1 comentário:

doorstep disse...


No contexto em causa, discordo radicalmente que "isso não tem mal nenhum".

Há um aspecto subjacente à telenovela dos swaps que tem passado totalmente desapercebido: ninguém teve a oportunidade de ler que a empresa PRIVADA A ou B foi ao charco ou está agonizante porque lhe saíram mal os swaps!

Que agentes económicos privados se atravessem em swaps correndo eles próprios o risco, ""isso não tem mal nenhum".

Que tesos merdosos designados pelas máfias politicas para as representarem em agentes económicos (não lhes chamo empresas porque de facto não passam de extensões - abortos - do estado) que utilizam exclusivamente capitais públicos... isso é uma javardice gigantesca, pois os "decisores" ganham sempre: comissões e/ou senhas para tachos futuros das instituições financeiras com quem fecham os contratos, encómios e prestigio curricular se os contratos beneficiarem as estruturas económicas (e disto, como está a vista... não se vê nada!)

Insignificantes como (mais) este secretário de estado da treta, viveram de roadshows e mariconadas do estilo que - é agora evidente - visavam e só funcionaram quando do outro lado encontravam as colegas das católicas e quejandas, todas de perna aberta para dar business aos "bem colocados" (na altura... colocados nos bancos".

Não sei quanto pagaria para poder ler que a PT, os merceeiros, os sucateiros (godinho incluído), as seita dos telemóveis e da plantação de freeports, os importadores de bmw, audi, mercedes, etc, etc, etc, estavam/estão a ganir por causa de swaps, para poder dizer com um misto de pena e de orgulho: "Tiveram tomates grandes como bolas de futebol! Especularam com instrumentos de cobertura de risco perfeitamente ortodoxos, que pena que não tenham sido as instituições financeiras a perder, pois estaríamos - eles e todos nós - em muito melhor situação!"

Ora o que acontece é que quem tem as joias (quero dizer os broches) dos benditos swaps às costas são os contribuintes, que não têm nem puta ideia que merda essa, que não nomearam a malandragem que os contratou... e que nem sequer têm a mais mínima possibilidade de correr com ela, pois se assentarem lá o tózé, os mesmas bostas vêm-lhe agarradas aos fundilhos.

A propósito, gostaria de referir um aspecto que me enerva sobremaneira: a "narrativa" da treta que desde há não sei quantos anos persiste sobre as empresas ditas "publicas" (principalmente as dos transportes), e os respectivos déficits, apresentados como exemplo extremo de má gestão (venda abaixo do custo).

Parece-me interessante (quiçá importante) analisar quem beneficiou desses déficits ao longo dos anos. No meu modesto entender, a lista é a seguinte (por ordem):

Pos. 1 : todos os empregadores que utilizam mão de obra de cidadãos que têm que se deslocar para irem trabalhar, e que dessa forma não tiveram que integrar nos salários esse "custo de obtenção"

Pos. 2 : o sector financeiro, fornecedor de fundos... e de swaps

Pos 3 : os nomeados para a gestão das estruturas (salários pornográficos, veículos, condutores dos veículos, secretárias seleccionadas por medidas (plural), rendas de apartamentos para comerem as ditas secretárias (muito em voga em vila nova de gaia - costume introduzido na península e no magrebe pelas tropas napoleónicas - em francês chamam-lhes "garçonnières"), cartões de crédito com plafonds de 25 mil euros/mês, reformas de vomitar... de fartura.

Este maná foi uniformemente re-partido pelo infame "arco da governação" e pelos bancos "amigos", o beneficio (se é que houve) dos salários baixos foi tão só uma windfall, indispensável para fazer funcionar a vaca e ir produzindo o leitinho com que as pos. 2 e 3 se refastelaram.

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Por aqui me fico, com mil desculpas pelo consumo de banda passante.

Dixit, e vou ouvir fandangos de Huelva.