quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Precisamos de uma educação global ou de mais Olavos?

O Estado do Ensino Superior Brasileiro


Palestra proferida no The Inter-American Institute, Arlington, VA, em 23 de julho de 2013.
Estou ciente de que a presença de educadores e palestrantes de várias nacionalidades nesta conferência sugeriria para mim a conveniência de falar de temas universais e sem fronteiras. 

No entanto, a situação da educação no Brasil se tornou tão terrível que mal pode ser entendido por observadores estrangeiros. Um senso de urgência, então, me impele a romper etiqueta e aos brasileiros me endereço mais diretamente do que aos outros aqui presentes.
Uma vez que estamos todos reunidos neste lugar para meditar sobre os fins e os meios de educação de uma forma séria, eu gostaria de começar o meu discurso, fazendo uma promessa: que Deus proíbe o meu discurso de ir mais além do que eu consiga fazer pessoalmente. 

A coisa mais fácil e mais barata do mundo para um educador a fazer é propor metas e objetivos grandiosos e até mesmo universalmente abrangentes, que ele nunca vai cumprir e cujos resultados jamais serão responsabilizados. Noventa por cento das pessoas que são elogiados como pioneiros, reformistas e revolucionários da política, da educação, ou do pensamento, são profetas do imponderável, que a escória da humanidade, que sempre teve a prudência de retirar-se do mundo de baixo antes que suas belas propostas foram transformadas para as realidades deprimentes e muitas vezes sangrenta que eles anunciam.
A primeira coisa que deve ser exigido de qualquer educador é que ele saiba exatamente quem ele tem a intenção de educar, de quanto tempo ele precisa para educar seus alunos, e quais são os critérios de avaliação com a qual ele vai medir o sucesso ou o fracasso de seu empreendimento.

Praticamente nenhum dos que estão hoje louvados como grandes educadores passam este teste. Nem Paulo Freire, nem Jean Piaget, nem Vygotsky, nem Emília Ferreiro. Os resultados desastrosos do sócio-construtivismo já são tão antigos e tão amplamente conhecidos como a ideia de que os gerou, apesar de ainda o prestígio da escola não parece ter sido abalado, no mínimo, justamente porque o público se acostumou à ideia contemporânea de que o que se deve esperar de um educador não é que ele eduque as pessoas, mas sim que ele ajude a "mudar o mundo".
As mentalidades das pessoas tem sido tão imbuídas do culto de mudança universal que hoje em dia praticamente não existe pessoa que não segue, inconscientemente, pelo menos, a máxima do maior príncipe elegante da estupidez que foi o juiz Oliver Wendell Holmes: "Um nova inverdade é melhor do que uma verdade de idade. "
O maior de todos os educadores, Sócrates, nunca fez planos para a educação global, nem nunca pensou em pré-formatar as mentes das gerações futuras, mas ele apenas limitou-se a educar aqueles que estavam ao seu alcance, ou seja, uma única geração, um pequeno círculo de estudantes, dos quais surgiram outros dois grandes filósofos, Platão e Aristóteles, cujo ensinamento continua a educar-nos hoje.
Portanto, Deus não permita que eu deva criar qualquer projeto educacional que não posso exercer pessoalmente e cujos resultados não posso me avaliar durante o curso da minha vida.
Dessa forma, qualquer projeto de educação para que eu possa ousar se inscrever deve ser uma resposta provisória a uma determinada situação e não um modelo a ser imitado per omnia seculae saeculorum. O problema imediato que o meu projeto educativo pessoal tentou abordar é o descalabro completo do ensino universitário no Brasil. 

Claro, não há um único país no mundo em que as pessoas não falem sobre derrocada semelhante, mas devemos ter cuidado para não ser enganados pelo uso da mesma palavra para qualificar situações diferentes. Porque a palavra "fracasso" apenas descreve uma qualidade genérica e não transmitir uma ideia da extensão do problema, e é o aspecto quantitativo do colapso do seu ensino superior que o Brasil vai além da imaginação daqueles que se queixam da mau estado do ensino universitário em seus próprios países. 

Talvez você possa ter uma ideia melhor nas coisas na educação no Brasil quando você sabe  
que o meu país natal, tendo mais professores universitários per capita do que qualquer outra nação, e agora tendo praticamente nenhuma criança fora da escola, produz alunos que geralmente se classificam em último em testes internacionais de educação. 

Não por acaso, o Brasil também é um país em que toda a discussão pública sobre a educação sempre gira em torno de captações e aplicações, sem conteúdos educacionais e técnicas se tornando uma discussão ponto por conseguinte, deve-se inferir que, para o imaginário nacional brasileiro, o dinheiro deve ter algum poder educacional em si, transcendendo a agência humana. 

Ainda mais característica da mente brasileira de hoje é o fato de que o nosso ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, tornou-se um objeto de admiração geral, não porque ele saiu da sua condição de pobre, graças a uma melhoria cultural que conseguiu através de seu próprio esforço, mas precisamente porque ele conseguiu subir na escala social sem melhoria cultural em tudo. As pessoas ainda comparam-no a Abraham Lincoln, mas o contraste não poderia ser maior entre o pobre lenhador que desenvolveu intelectualmente para se tornar um dos melhores escritores do idioma Inglês e um homem que se distinguiu sim pela sua transfiguração física de um pobre barbudo e esfarrapado homem em uma figura elegante, com unhas pintadas e vestidas com suntuosos trajes Armani que para qualquer progresso notável que ele fez para superar o analfabetismo originais. 

A história do Brasil está repleta de pessoas pobres que adquiriram uma educação através do seu próprio esforço e suor, por seus próprios méritos intelectuais, muito acima de sua estação original na vida. Eu diria mesmo que numericamente preponderar sobre os homens notáveis ​​da classe alta. O prestígio público do Sr. Luiz Inácio é, neste sentido, um fenômeno sociológico mais significativo, pois indica uma mudança radical no critério de julgamento utilizado para avaliar a ascensão social dos humildes. Anteriormente, o valor de uma educação adquirida por seus próprios méritos prevaleceu sobre a hierarquia de posições sociais, mas o sucesso de Lula mostra que este julgamento foi invertido: estar em lugares altos é valorizado em si, muito mais do que qualquer esforço de auto-educação.
Menciono este fenómeno, porque, mais do que qualquer outro, denota o estado mental de coisas no Brasil contemporâneo. A adoração de lugares altos, juntamente com o desprezo mais arrogante para o conhecimento, tornou-se a regra geral. No Brasil, uma pessoa não é necessário ter feito descobertas, obras criadas e geradas por grandes ideias para ser reconhecido como um intelectual e um educador das massas. Em vez disso, o que é exigido dele é que ele tenha cargos no serviço público, exerça as funções na administração pública, que foi membro de comissões do governo, em suma, o que conta não é o que ele é, em termos de substância de sua criatividade e pensando pessoa, mas em termos de seu lugar na burocracia estatal.
Comecei a documentar este estado de coisas no meu livro de 1995 "O imbecil coletivo: atualidades inculturais brasileiras". Mas, desde então, a situação piorou tão formidavelmente que já não pode ser descrita em uma chave cómica e satírica como foi nesse livro. A estupidez pública cresceu ao ponto onde tornou-se temível. Ela estabeleceu-se como uma forma de poder que pode impor a toda uma geração de estudantes a inépcia mais completa como uma obrigação regulamentar essencial.
Devido a este estado de coisas, em 2005 eu criei um Seminário de Filosofia on-line, que hoje tem cerca de três mil alunos de todo o Brasil e também em alguns outros países. Com base nos projetos finais que recebi até agora eu tenho certeza que esses alunos, a quem pedi para se abster de qualquer atividade pública, até que sejam devidamente preparados para isso, já são uma elite intelectual incomparavelmente superior aos que saíram das universidades brasileiras e que ocuparam os cargos mais importantes nos meios de comunicação, educação e indústria editorial.
Nunca pensei em educar outras pessoas do que aquelas que caíram dentro do meu alcance através do Seminário de Filosofia. Também não tenho sugestões sobre o ensino das disciplinas que estão fora da minha área de especialização. Meus alunos estão sendo educados nas áreas de literatura, filosofia e ciências sociais, justamente aquelas que foram mais afetados após quatro décadas de domínio absoluto do mandarinato de semi-analfabetos.
No entanto, a partir dessa experiência limitada eu posso tirar algumas conclusões que podem ser úteis para as outras pessoas que têm a intenção de se tornar educadores.
A primeira é que o desprezo pelo conhecimento no Brasil sempre foi associada com a adoração de sinais exteriores que representam conhecimento e que, aparentemente com alguma vantagem, substituí-lo: graus, diplomas, títulos, honrarias, espaço na mídia, boas conexões em alta círculos, e assim por diante e assim por diante. O fenômeno tem sido tão amplamente documentado e satirizado em nossa literatura de melhor ficção (Lima Barreto e Graciliano, por exemplo) que não vejo necessidade de insistir nisso.
Mas o pior é que um círculo de reforço mútuo entre esses dois vícios complementares foi formado há muito tempo, e este círculo parece impossível de quebrar.
Funciona assim: uma vez que a nossa elite empresarial e a elite política não é exatamente bem-educada, as almas bem intencionadas que surgem a partir dele com o louvável propósito de remediar os males nacionais são por si só incapazes de distinguir, através de um exame direto de obras e ideias -entre quem é competente e quem é uma cabeça oca eminente entre os intelectuais disponíveis. Como resultado, eles vão ter que julgá-los por meio de sinais exteriores-os malditos títulos e posições e eles vão acabar dando ouvidos a quem não tem nada importante para dizer-lhes, nem útil para sugerir. Unculture gera unculture com a mesma fertilidade de um par de coelhos.
Isso se torna ainda pior quando um prestígio de um qualquer enganador vem do exterior, e desembarca no Brasil, com toda a pompa e cerimônia adequado como "o mais moderno de todos."  No governo Vargas, um belo projeto de educação popular acabou tomando como modelo as idéias de John Dewey, em seguida, muito comemorado pela mídia americana como um grande inovador. Hoje sabe-se que Dewey era, de fato, o destruidor da educação norte-americana, que até então era o melhor do mundo. De 1960 em diante, durante a ditadura militar no Brasil-, o construtivismo social, tornou-se moda, sendo adornada com nomes como Jean Piaget, Emilia Ferrero, Vygotsky, e muitos outros. Durante meio século, a aplicação desta teoria absurda foi brutalizada as mentes de nossas crianças com constância admirável, ao mesmo tempo que a expansão triunfal do número de escolas e controle cada vez mais centralizado da educação nacional se espalhou a democratização da inépcia da cantos mais distantes e as pessoas mais pobres do país.
E por que essas coisas acontecem? Porque a elite ignorante do Brasil vai junto com a media e o prestígio volátil das celebridades culturais do dia a dia, em vez de examinar e testar suas ideias. E fazendo isso nossa elite apenas gera montes de  erros e desastres com uma persistência obscena.
Quem observa este fenômeno não pode deixar de concluir que o principal problema educacional do Brasil é justamente o oposto do que as pessoas costumam dizer que é. Ou seja, nosso problema não é termos educado a elite e deixar as pessoas para trás, mas, sim, a do termos tentado fornecer educação para todas as pessoas antes de nós termos uma elite qualificada para educá-los, ou mesmo examinado seriamente a problema da educação popular.
Qualquer pessoa que tenha sido um professor, pelo menos por um dia percebe imediatamente que o processo educativo tem uma estrutura que irradia: primeiro você educa dez pessoas, que por sua vez vai continuar e educar uma centena de pessoas, que por sua vez irá educar milhares de pessoas, que por sua vez, formar um milhão, e assim por diante e assim por diante. Para reverter essa ordem é como querer filhos para gerar seus pais. Os governantes deste país prometeram educação a milhões de pessoas antes de terem sido capazes de reunir dez educadores sérios para discutir como eles vão fazer isso. Por que não educar as primeiros dez pessoas? E para aqueles que podem argumentar que isso é elitismo de direita, eu recomendo que leiam Lenine e se perguntem por que ele organizou em primeiro a elite do Partido Comunista e, em seguida, as massas. Lenine, sabia que o rabo não ia abanar o cachorro.
Como quebrar o círculo vicioso de uma elite ignorante guiada por amadores como inepto como a si mesmo?
Na minha opinião, só há uma maneira: temos de levantar, fora do sistema de ensino oficial, longe dos meios de comunicação, longe de prestígio de longa data, uma nova, sincera e bem preparada classe de intelectuais, que, além disso , devem ser agressivas o suficiente para, no devido tempo, decapitar airheads, expulsar as vacas sagradas, e começar a lidar com os problemas de uma forma séria.
A segunda conclusão é que um governo só pode definir "Programas", "métodos", orçamentos, ou seja, os aspectos mais externos e insubstanciais do ensino. Nenhum desses universais abstractos tem a capacidade de entrar em sala de aula e guiar as almas e mentes dos estudantes para o seu melhor desenvolvimento. A personalidade do professor é tudo. Você pode perguntar a qualquer aluno de qualquer série sobre o assunto. Alguns professores fazem impressões profundas sobre os estudantes e têm uma influência quase hormonal em seu crescimento intelectual e humano, outros são justamente esquecidos depois de alguns anos, e ainda outros se tornam obstáculos traumáticos para qualquer progresso concebível.
O problema aqui é de certa forma o mesmo que em qualquer outro lugar: o problema da qualidade humana. Os governos são tão impotentes sobre isso que às vezes os piores regimes do mundo levantar, pelo poder do sofrimento, as melhores personalidades, e assim que as condições melhorarem, as almas se acalmar e se deteriorar.
O levantamento de melhores indivíduos só pode vir da própria sociedade, a partir de espontânea iniciativa cultural. Organizações religiosas, associações de bairro e clubes, sindicatos, centros comunitários pode fazer muito sobre isso, desde que eles não estejam comprometidos com qualquer agenda política que visa padronizar mentes para usá-los como massa de manobra. No Brasil, para encontrar uma associação cívica que está livre desse compromisso tornou-se cada vez mais difícil.
Por fim, há ainda o problema da educação em casa. No Brasil, o estado permanente de insegurança social e económica leva os pais, em seu desejo de buscar uma garantia imediata de sustento para seus filhos, para transformar deliberadamente seus filhos em seres humanos medíocres, induzindo-os a ter uma educação só para ser capaz de passar concurso público, em vez de promover o desenvolvimento de sua inteligência para alcançar metas mais ambiciosas a longo prazo. A boa intenção deformada pelo medo não é mais uma boa intenção e torna-se uma prótese deformante. Tenho observado este fenômeno em praticamente todas as famílias brasileiras que conheci.
Um pouco de experiência educacional mostra que o desejo de prematuro adaptação social podem prejudicar a mente e limitar severamente as próprias perspectivas de ascensão social. As pessoas não vêm com suas vocações estampadas em suas testas, nem com um manual onde se pode descobrir com antecedência os seus talentos mais promissores. Mas o que é absolutamente certo é que só se pode ser bem sucedido nas coisas que refletem uma da mais profundos talentos inatos. Um adolescente que sonha em tentar sua mão no desporto, artes plásticas, ou qualquer profissão que parece exótica para sua família, como uma carreira na marinha mercante, em expedições polares, ou nos cuidados aos animais, pode ser facilmente induzido ao fracasso, se os pais impuserem sobre ele escolhas que pareçam mais "realistas" em uma atmosfera mental limitada e medíocre. Atrevo-me a dizer que esta é uma das causas mais comuns de falha humana no Brasil.
Se você acha que seu filho é um idiota que não pode sobreviver em um campo de livre escolha e sem as muletas de um trabalho deprimente, então teria sido melhor se não tivesse gerado-lo ou então tê-lo dado para a ser levantado por uma família mais otimista.
Além disso, que ajuda pode dar a oferta do governo brasileiro em tais assuntos, se ele próprio é predominantemente composto por pessoas ineptas para quem o epíteto de "medíocre" seria mesmo ser um elogio?
Para o atual governo brasileiro, como a maioria dos seus colegas latino-americanos, as novas gerações são apenas instrumentos para a implementação de políticas que nominalmente desprezam a geração atual em nome de um futuro ilusório e inatingível. Digo "inatingível", não só porque eles são irrealizáveis ​​na prática, mas porque a sua concepção já está infectada com a promessa de adiamento interminável. Cada política revolucionária, que visa remodelar o mundo à sua imagem e semelhança, começa por negar todos os valores mais elevados, a fim de ser capaz de estabelecer os seus próprios valores, o que implica que uma política revolucionária não pode aceitar qualquer juiz superior a si mesmo. É por isso que só existe a "revolução permanente", isto é, a busca de objetivos que não têm nem uma definição nem um prazo para ser alcançado, de modo que o trabalho revolucionário nunca poderia ser julgado, mas pode sempre continuar a empurrar-se ainda mais no futuro, para que pode perpetuar sua condição de único juiz de todas as coisas.
A terceira e última conclusão refere-se à diferença entre educação e instrução. Para instruir o aluno é simplesmente preciso passar para ele um conjunto de procedimentos, hábitos, técnicas e tiques mesmo mentais que o professor recebeu ready-made. O Departamento de Educação deve ser chamado de Departamento de Instrução, pois toda atividade educacional cujo modelo vem de cima e é uniformemente imposta a toda uma população é unicamente a instrução. Educação, como a etimologia da palavra indica, tem algo a ver com a abertura dos olhos do aluno para que ele possa ver o mundo maior em torno dele, e ele pode vê-lo com seus próprios olhos individuais e intransferíveis, sem que ninguém o aprisioná-lo em um quadro pré-existente. Claramente, se a instrução pode ser uma atividade social realizada por uma coletividade de técnicos, a educação, no sentido em que eu entendo, deve ser uma profunda ligação entre a alma do professor e da alma do aluno, uma relação que imita em um escala menor e limitada a relação entre pai e filho. Assim, é claro que o professor tem que transmitir para o aluno, ao invés de esta ou aquela peça particular de conhecimento, uma certa inspiração, uma potência, um entusiasmo e um amor para a busca da verdade. E também é claro que ninguém pode dar aquilo que ele próprio não tem. A verdadeira educação é um resultado trabalhoso e tardio do esforço de auto-educação, que se realiza na alma do educador e precede na educação.
Essas considerações, no entanto, estão muito acima do estado atual das coisas na educação brasileira que eu não vejo nenhuma maneira de colocá-los em ação, exceto em pequenos grupos, sem qualquer ilusão de interferir no estado atual das coisas, mas a preparação, talvez , de um futuro melhor.
Olavo de Carvalho

(texto traduzido do inglês), aqui

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