Para quem ouviu a Antena1 ao longo do dia de hoje, certamente que não ficou indiferente aos testemunhos que foram sendo relatados na rádio pública acerca dos problemas de fome e miséria que ocorrem um pouco por todo o país.
Os testemunhos daqueles que gerem instituições que contactam e apoiam diretamente estes casos de miséria é ainda mais impressionante, já que têm muitas histórias para contar, e que histórias!
Felizmente, para uma parte da sociedade, na qual em que eu me insiro, este tipo de situações está, pelo menos para já, relativamente longe. E não é só comigo, porque acredito que o mesmo se passa com 100% dos leitores do Viriatos.
Ainda estamos longe do que já está a acontecer a uma parte significativa da sociedade.
E quem não contacta diariamente com estas realidades, dificilmente as conjetura, e como não as conjetura, tem alguma dificuldade em perceber o que verdadeiramente se está a passar.
Há uns dias, a propósito de um comentário produzido por um dos nossos leitores, fiz aquela analogia da rã que se deixa ir aquecendo dentro da panela até ser tarde demais.
E a ser verdade que temos hoje um problema social grave com gente que até há uns anos vivia bem e agora tem que recorrer a ajuda para comer, o que tal significa é que muitos de nós se deixaram levar pela história da rã, em que baseando-se na fé e na esperança de que amanhã seria melhor do que hoje, características aliás típicas do português, preferiram adiar as decisões difíceis e reforçar as fáceis.
Se todos nós olharmos com humildade para os nossos comportamentos, vemos que numa base quase diária há muita coisa chata que se deveria fazer mas que se adia, quer seja nas relações pessoais, no trabalho e sobretudo nos nossos comportamentos individuais.
Somos mesmo assim, e não considero isso como sendo negativo. O que é negativo é exagerarmos, é termos a consciência do que deveríamos fazer e adiamos persistentemente, sem querer olhar para o que está a acontecer.
E para os leitores do Viriatos, desculpem-me a ousadia, é ainda mais imperdoável que comportamentos desta natureza perdurem, e porquê? Porque já todos sabemos que as coisas não melhorarão antes de piorarem muito mais.
Gente haverá que considera que já batemos no fundo, ou que a recuperação está iminente, e portanto é escusado pensar em cenários mais gravosos da nossa condição económica. Ok, temos que respeitar, e de certa forma, é essa a tendência natural do ser humano, e mais especificamente do português.
Mas para quem os números querem dizer alguma coisa, penso ter sido exaustivo nestes últimos 2 anos a referir os buracos negros que nós, portugueses, temos em mãos daqui prá frente.
Desde já vos digo que tentei preparar-me tanto quanto possível para o que possa aí vir, apesar de que, como também já referi no comentário acima referido, subestimei a capacidade dos políticos em adiar e comprar tempo. Mas infelizmente, é só isso que conseguem fazer, já que os problemas há muito que desapareceram e agora só já temos inevitabilidades, que acabam em desfechos e nunca em soluções.
Sendo eu um apologista do corte da despesa e dos impostos, sinto-me obrigado a defender o governo por este ter tentado cortar despesa. Posso não concordar nem com o método nem com o alcance, mas só a intenção de o fazer já é de louvar, isto porque o que vejo na nossa sociedade é uma brigada de costumes a exigir ao governo que não corte na despesa porque ela é fundamental para manter salários e que não aumente impostos porque irá empobrecer ainda mais os portugueses.
Certamente que com tanta impreparação e intransigência desta gente, no seu íntimo só se podem estar a CAGAR para o défice e para a dívida. Só pode.
Aliás, o que eles querem é que o défice e a dívida se FODAM, perdoem-me a linguagem, já que esse é um assunto que não lhes assiste. Isso é problema do governo e o governo que se amanhe com ele.
São estas vistas curtas que me tiram do sério.
Perante tanto interesse instalado e tanta falta de visão sobre o país como um todo, tenho a obrigação de estar ao lado do governo.
As forças vivas do nosso país estão muito atrás na capacidade de perceber a real condição de Portugal e da total incapacidade do governo em continuar a tirar àqueles que já não têm para dar àqueles que muito precisam.
Os que precisam, precisam, mas os que contribuem já não podem contribuir mais.Temos um dilema.
As contribuições para a SS em 2013 ascenderão, se tudo correr bem, a 32 mil milhões de euros, perspetivando-se que as despesas ascenderão a 39-40 mil milhões euros. Em 2012 tivémos 32 para 37, se a memória não me atraiçoa. Num só ano as contas da SS agravam-se em 2 mil milhões! O buraco negro é de tal forma exagerado (7 mil milhões em 2013) que nem há sequer discussão possível, pelo menos para mim. Pelos vistos, para as forças vivas da sociedade, o governo tem a capacidade de corrigir tudo isto, bastando vontade e capacidade de "amedrontar" os lobbies e as corporações todas poderosas.
Para mim, analisando objetivamente os números, as corporações todas poderosas são exatamente aquelas que dizem o contrário, que são as outras, as do capital, as todas poderosas.
E só afirmo isto porque não há lobbies do capital que abocanhem a quantidade de dinheiro que as corporações do social abocanham. Também abocanham, mas calma, pelo menos produzem qualquer coisa, fazem as coisas pela calada e não andam a encher os ouvidos das pessoas que são as corporações do social as culpadas e que as deles é que são as boazinhas.
As do social são implacáveis, com máquinas de informação e desinformação tão bem calibradas que viram qualquer sociedade do avesso, fazendo com que o que é preto seja olhado como sendo branco.
Hoje tivemos, em simultâneo com o programa da Antena1 mais um congresso do PCP, em que a palavra de ordem foi abaixo o capital todo-poderoso e este governo por causa das políticas, imagine-se, de direita.
Quando somos muito inteligentes, que não é o meu caso, conseguimos criar ilusões de semântica, em que damos a entender que certas distinções entre a esquerda e a direita fazem uma grande diferença, mas que na verdade, não passam de distinções sem diferença quase nenhuma.
E o grave disto tudo é que o pessoal continua a acreditar que esta política de "direita" pode ser substituída por outra qualquer (que ninguém sabe qual) e que reduzirá a pobreza, o emprego e num ápice voltará a pôr o país a crescer.
Não há palavras para descrever a lavagem ao cérebro a que as pessoas estão hoje sujeitas.
Li também ontem a carta que ilustres cidadãos portugueses escreveram a Passos Coelho, e numa coisa têm toda a razão: o que Passos Coelho prometeu na campanha eleitoral e aquilo que depois veio fazer lançou-lhe um anátema de descrédito que da cruz já não se livra. Mas na minha opinião, esta falha imperdoável de Passos é meramente uma rampa de lançamento dos ilustres para criticarem aquilo que verdadeiramente querem atacar: a não concordância com a política de austeridadezinha que está em marcha.
Se a Segurança Social equilibrasse hoje as suas contas, que é o mínimo que deveria fazer para que os que contribuem hoje tenham reforma amanhã, as reformas abaixo dos 600€ teriam que sofrer cortes de 50% ou mais, já que 90% dos pensionistas aufere pensões inferiores a este montante.
Esqueçam lá as reformas milionárias. Podiam reduzi-las todas para 500€ que NÃO MUDAVA UMA VÍRGULA, já que representam pouca despesa no bolo total.
Matematicamente é isto mesmo, e como o dinheiro se quantifica em linguagem matemática, e não noutra linguagem qualquer, ou pegamos o touro pelos cornos ou então fugimos ao impacto e assobiamos para o lado com semântica e paleio estragado.
Se tivéssemos consciência do impacto no aumento da pobreza dos portugueses de tais decisões, teríamos nós coragem de vir dizer à televisão que TODAS as pensões seriam para cortar 50%, caso fôssemos nós os governantes?
Não é qualquer pessoa que anuncia e se propõe a decisões destas.. Ter coragem para ser homenzinho, como costumo dizer, não é pêra doce nem é tarefa para qualquer um.
Nos dias que correm, grosso modo, 50% da população contribui e 50% da população usufrui. Conhecem sistema social e económico mais desequilibrado?
Talvez consigamos chegar a 40-60 ou até 20-80, já que não sei quando é que isto rompe.
Amanhem-se, porque o que eu quero é o meu e o dos meus, e os outros, os "inimigos", que se fodam. E já agora, sejam otimistas, tenham uma palavra de esperança, mesmo que não se consubstancie em nada de palpável e nada façam no plano individual para corrigirem os desvios, porque, nunca se esqueçam, o amanhã que há-de vir será sempre melhor, independentemente de se prepararem ou não para ele.
Mas qa ganda ideologia
Tiago Mestre
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Economia brasileira cresce abaixo do esperado pelo Governo
notícia aqui
O estoiro do Brasil começou... As políticas económicas expansionistas adotadas no pós-FHC (desde a vitória de Lula em 2002) começam a surtir os primeiros efeitos!
Por sugestão do vazelios, recomendo o artigo no Económico-Financeiro.
Por sugestão do vazelios, recomendo o artigo no Económico-Financeiro.
Abu Dhabi avança na compra de dívida portuguesa
Abu Dhabi pretende investir em dívida pública portuguesa, segundo noticia o Económico.
É sempre bom sabermos que há outros países que acreditam em nós, e que mesmo com uma austeridadezinha que não produz os resultados desejados, nomeadamente a diminuição da despesa pública, sempre lá vai havendo alguém que acredita naquilo que estamos a fazer.
Infelizmente, a minha opinião é que no contexto em que estamos e com a dificuldade em cortar na despesa pública, esta continuará a aumentar e a receita a diminuir.
Ou seja, objetivamente, o buraco entre despesas e receitas ordinárias é, desde 2008/2009, aproximadamente entre 10 e 16 mil milhões de euros ao ano. E é mais ou menos isto que se acrescenta à dívida pública, dependendo se há privatizações ou a incorporação de outro tipo de receitas extraordinárias.
Por este caminho, teremos lá para 2015/2016 uma dívida que rondará os 220 a 230 mil milhões de euros, e um PIB entre 150 e 155 mil milhões de euros. O rácio da dívida andará pelos 150% do PIB.
O que isto sugere é que, quer queiramos quer não, a dívida portuguesa, mais cedo ou mais tarde, irá passar por uma tempestade que se chama default. Eu não me importo nada que tal aconteça, inclusivamente a minha opinião é que quanto mais depressa cair para 40 ou 50% do PIB, melhor.
Mas também sabemos que em 2014, 50% da dívida será detida pela troika, e esta, relutante em assumir prejuízos, tentará, ou adiar prazos e juros lá mais para o futuro, como fez agora com a Grécia, comprando apenas tempo, ou então espetar as bandarilhas aos credores privados, como fez em Março também com a Grécia.
E é aqui que talvez os monarcas de Abu Dhabi estejam a subestimar toda esta questão:
- Ou porque irão investir pouco dinheiro, valendo a pena correr o risco já que a yield a 10 anos anda pelos 7,5 a 8%.
- Ou porque têm a "garantia" de que o BCE estará a postos para cobrir as más apostas efetuadas pelos bancos
- Ou porque acreditam genuinamente que em 2 - 3 anos Portugal terá energias suficientes para voltar a crescer, tendo que servir mesmo assim uma dívida muito superior ao seu PIB, com uns juros que já somam 8-9 mil milhões de euros, desemprego acima de 15%, poucos trabalhadores ativos no privado a contribuir e muitos reformados/funcionários públicos a usufruir
- Ou então um bocadinho das três
Tiago Mestre
É sempre bom sabermos que há outros países que acreditam em nós, e que mesmo com uma austeridadezinha que não produz os resultados desejados, nomeadamente a diminuição da despesa pública, sempre lá vai havendo alguém que acredita naquilo que estamos a fazer.
Infelizmente, a minha opinião é que no contexto em que estamos e com a dificuldade em cortar na despesa pública, esta continuará a aumentar e a receita a diminuir.
Ou seja, objetivamente, o buraco entre despesas e receitas ordinárias é, desde 2008/2009, aproximadamente entre 10 e 16 mil milhões de euros ao ano. E é mais ou menos isto que se acrescenta à dívida pública, dependendo se há privatizações ou a incorporação de outro tipo de receitas extraordinárias.
Por este caminho, teremos lá para 2015/2016 uma dívida que rondará os 220 a 230 mil milhões de euros, e um PIB entre 150 e 155 mil milhões de euros. O rácio da dívida andará pelos 150% do PIB.
O que isto sugere é que, quer queiramos quer não, a dívida portuguesa, mais cedo ou mais tarde, irá passar por uma tempestade que se chama default. Eu não me importo nada que tal aconteça, inclusivamente a minha opinião é que quanto mais depressa cair para 40 ou 50% do PIB, melhor.
Mas também sabemos que em 2014, 50% da dívida será detida pela troika, e esta, relutante em assumir prejuízos, tentará, ou adiar prazos e juros lá mais para o futuro, como fez agora com a Grécia, comprando apenas tempo, ou então espetar as bandarilhas aos credores privados, como fez em Março também com a Grécia.
E é aqui que talvez os monarcas de Abu Dhabi estejam a subestimar toda esta questão:
- Ou porque irão investir pouco dinheiro, valendo a pena correr o risco já que a yield a 10 anos anda pelos 7,5 a 8%.
- Ou porque têm a "garantia" de que o BCE estará a postos para cobrir as más apostas efetuadas pelos bancos
- Ou porque acreditam genuinamente que em 2 - 3 anos Portugal terá energias suficientes para voltar a crescer, tendo que servir mesmo assim uma dívida muito superior ao seu PIB, com uns juros que já somam 8-9 mil milhões de euros, desemprego acima de 15%, poucos trabalhadores ativos no privado a contribuir e muitos reformados/funcionários públicos a usufruir
- Ou então um bocadinho das três
Tiago Mestre
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
A propósito de previsões...
As previsões valem o que valem.
Nos últimos tempos, o debate político tem sido centrado nas margens de erro e nas probabilidade de falhanço ou não das previsões económicas do governo. Deixem-me, antes de mais, salientar que as previsões valem o que valem; elas são falíveis e quem procurar provar o contrário só estará a gastar energia em 'desnecessidades' e a desfocar-se daquilo que é essencial.
Vejamos, qualquer um de nós, qualquer cidadão comum, faz no seu dia-a-dia previsões de quais vão ser as suas despesas no futuro e quanto vai gastar no total, para depois ter de ajustar às suas receitas (salário e outros). Fazemos as previsões para o mês, ano seguinte, daquilo que vamos comprar, se vamos comprar carro, casa, computador, etc. Mas nem sempre acertamos! Dou o exemplo de um problema informático irreversível no nosso computador, logo vamos ter de comprar um novo; ou então um acidente automóvel grave e vamos ter de comprar um novo ou ainda, umas cheias em nossa casa e vamos ter de proceder a obras de requalificação, tudo despesas que não estavam previstas. O tornado em Silves, por exemplo.
Poderíamos ter ainda a situação de um amigo nosso nos pedir para simularmos as despesas e receitas dele para alcançar um saldo (positivo ou negativo), na condição de ele nos dar todos os dados que sabe acerca daquilo que pensa ganhar e gastar; isto na situação de ele não perceber nada de matemática nem de contabilidade. Se nós não somos capazes de acertar com exatidão as nossas próprias previsões, como vamos ser capazes de determinar com rigor as despesas e receitas de terceiros?
Agora imaginem isto na escala de 10 561 614 pessoas!
É esta a escala a que o governo tem de fazer previsões. Para que o governo conseguisse com precisão calcular os dados económicos e orçamentais, seria necessário saber de ante-mão todas as ações individuais de consumo e poupança, ações essas discriminadas por impostos e diferentes taxas de IVA, já agora.
Um conselho: preocupem-se menos com as previsões e mais com a economia real, essa sim importante na vida das pessoas. Moderemos essa ansiedade em acertar previsões. É imperativo nacional alterar o debate político para questões realmente decisivas para o futuro do país como uma possível descida de impostos sobre as empresas e um corte ainda mais aprofundado na despesa. Há muito que fazer.
E que se lixem as previsões!
Bernardo Botelho Moniz
Deixem lá os estivadores em paz
Não tenho nada a favor nem contra esta gente.
Suspeito, apenas, que devem ter condições e remunerações acima do cidadão comum, mas enfim, há tantos outros que (ainda) estão assim, e portanto bater só nestes porque "prejudicam" as nossas exportações parece-me redutor.
Neste caso, como em muitos outros, a minha sugestão é deixar os estivadores em paz.
Querem fazer greve porque não concordam com as novas regras? Tudo bem
O governo não cede em alterá-las? Tudo bem na mesma.
Eliminar as regras e deixar o mercado funcionar talvez fosse a melhor decisão, mas desconheço os contornos deste caso.
Soluções keynesianas/centralizadoras do tipo Estado querer forçar estivadores a terminar com a greve só porque sim, não me parece que tenha forças para andar.
O que eu acho que pode acontecer é que os estivadores, por estarem tanto tempo parados, percam os seus clientes habituais de forma PERMANENTE, ou seja, quando voltarem a pegar nas gruas, já não haverá navios para carregar ou descarregar. Azar, o pessoal já foi para Setúbal, Sines, Figueira, Aveiro, Algeciras, Barcelona, Roterdão, o que quiserem.
E se com isso o concessionário do porto de Lisboa (só me estou a lembrar da Liscont) tiver que ir à falência, tudo bem na mesma. É a economia a funcionar.
Que sejam livres, que assumam as suas responsabilidades e que aceitem o que lhes calhar na rifa, quer seja o desemprego ou quem sabe, a promoção.
Não me peçam é para contribuir com mais um bailout, desta vez às empresas dos estivadores do Porto de Lisboa.
Ou o acionista atua e injeta capital, ou então, adios adieu, auf wiedersehen, goodbye
Tiago Mestre
Suspeito, apenas, que devem ter condições e remunerações acima do cidadão comum, mas enfim, há tantos outros que (ainda) estão assim, e portanto bater só nestes porque "prejudicam" as nossas exportações parece-me redutor.
Neste caso, como em muitos outros, a minha sugestão é deixar os estivadores em paz.
Querem fazer greve porque não concordam com as novas regras? Tudo bem
O governo não cede em alterá-las? Tudo bem na mesma.
Eliminar as regras e deixar o mercado funcionar talvez fosse a melhor decisão, mas desconheço os contornos deste caso.
Soluções keynesianas/centralizadoras do tipo Estado querer forçar estivadores a terminar com a greve só porque sim, não me parece que tenha forças para andar.
O que eu acho que pode acontecer é que os estivadores, por estarem tanto tempo parados, percam os seus clientes habituais de forma PERMANENTE, ou seja, quando voltarem a pegar nas gruas, já não haverá navios para carregar ou descarregar. Azar, o pessoal já foi para Setúbal, Sines, Figueira, Aveiro, Algeciras, Barcelona, Roterdão, o que quiserem.
E se com isso o concessionário do porto de Lisboa (só me estou a lembrar da Liscont) tiver que ir à falência, tudo bem na mesma. É a economia a funcionar.
Que sejam livres, que assumam as suas responsabilidades e que aceitem o que lhes calhar na rifa, quer seja o desemprego ou quem sabe, a promoção.
Não me peçam é para contribuir com mais um bailout, desta vez às empresas dos estivadores do Porto de Lisboa.
Ou o acionista atua e injeta capital, ou então, adios adieu, auf wiedersehen, goodbye
Tiago Mestre
É a bitola, estúpido!
Após a era de Sócrates com os seus faraónicos investimentos públicos, com os resultados que se conhece, é tempo de discutir qual é o verdadeiro investimento que interessa a Portugal e qual a melhor forma de o fazer, aquele que será o transporte do futuro, a ferrovia. E o futuro é já amanhã.
E importa ler, É a bitola, estúpido! no blogue António Maria
Não vai a bem, vai a mal
François Hollande já delineou a estratégia para a recuperação económica da França:
Coação, extorsão e confisco à propriedade privada em solo françês
Quem diria que na Europa do século XXI,novos velhos métodos de "recuperação económica" patrocinados pelo Estado voltam a estar em cima da mesa.
A Arcelor Mittal, detida por um indiano e com um complexo industrial instalado em França, decidiu que iria encerrar parte da sua atividade, leia-se, transferir a produção para outro local do planeta mais barato, mantendo apenas uma estrutura mais virada para vendas. Como consequência, mais de 600 trabalhadores iriam ver a luz do desemprego. Notícia aqui
Mas tal não será aparentemente possível já que François Hollande ameaçou o investidor indiano que caso avançasse com a operação, todo o complexo seria, imagine-se, NACIONALIZADO.
Bem-vindos à globalização do século XXI.
No mínimo, a UE já deveria estar a instaurar um processo a Hollande por violação das leis do Mercado Comum e dos tratados da OMC, mas enfim.
Aparentemente, a tal nacionalização seria temporária, já que apareceram investidores interessados em comprar o complexo na tua totalidade. O indiano não quer, já que só lhe interessa alienar parte, e não a totalidade.
Segundo Hollande, coação e confisco pelo Estado em terras gaulesas são sempre um bom cartão de boas vindas para quem lá quer investir.
E já agora, algum de vós gostaria de investir em França com um governo que ameaça roubar os frutos do vosso trabalho só porque as coisas não correram como esperado e tenham vontade de mudar?
Eu sugeria a Hollande algo mais:
Fiscalizar todas empresas em França com taxas de rentabilidade inferiores a 2%, e nacionalizá-las preventivamente. Que acham?
Assim evitava-se o desprazer de ter que gerir empresários descontentes e desejosos de mudar.
Nem imagino como seria o crescimento do PIB em França no ano seguinte...
Tiago Mestre
Coação, extorsão e confisco à propriedade privada em solo françês
Quem diria que na Europa do século XXI,
A Arcelor Mittal, detida por um indiano e com um complexo industrial instalado em França, decidiu que iria encerrar parte da sua atividade, leia-se, transferir a produção para outro local do planeta mais barato, mantendo apenas uma estrutura mais virada para vendas. Como consequência, mais de 600 trabalhadores iriam ver a luz do desemprego. Notícia aqui
Mas tal não será aparentemente possível já que François Hollande ameaçou o investidor indiano que caso avançasse com a operação, todo o complexo seria, imagine-se, NACIONALIZADO.
Bem-vindos à globalização do século XXI.
No mínimo, a UE já deveria estar a instaurar um processo a Hollande por violação das leis do Mercado Comum e dos tratados da OMC, mas enfim.
Aparentemente, a tal nacionalização seria temporária, já que apareceram investidores interessados em comprar o complexo na tua totalidade. O indiano não quer, já que só lhe interessa alienar parte, e não a totalidade.
Segundo Hollande, coação e confisco pelo Estado em terras gaulesas são sempre um bom cartão de boas vindas para quem lá quer investir.
E já agora, algum de vós gostaria de investir em França com um governo que ameaça roubar os frutos do vosso trabalho só porque as coisas não correram como esperado e tenham vontade de mudar?
Eu sugeria a Hollande algo mais:
Fiscalizar todas empresas em França com taxas de rentabilidade inferiores a 2%, e nacionalizá-las preventivamente. Que acham?
Assim evitava-se o desprazer de ter que gerir empresários descontentes e desejosos de mudar.
Nem imagino como seria o crescimento do PIB em França no ano seguinte...
Tiago Mestre
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Com o OE aprovado, segue-se novo episódio no romance
Ninguém queria o OE2013, mas este lá foi aprovado, e portanto a primeira prova foi superada.
Mas o ódio e o ressentimento mantêm-se, e agora as baterias estão apontada para o Palácio Ratton, residência dos ilustres juízes que decidem sobre a constitucionalidade das leis que se fazem em Portugal.
Ouvi hoje Bagão Félix no conselho superior da Antena1 pronunciar-se sobre o OE2013, e o senhor chegou ao detalhe de invocar quais os artigos da Constituição que estão a ser violados, mas com um deleite, uma convicção e uma certeza do que estava a dizer que até me espantou.
Efetivamente está tudo de pantanas, e só lamento que toda esta energia e convicção que ilustres figuras públicas depositam na sua discordância perante este documento não tenham sido usadas anteriormente, quando era preciso dizer aos portugueses que o défice de 10 mil milhões anuais tinha que ser reduzido tão rápido quanto possível, e essencialmente do lado da despesa.
Não se insurgiram quando o TC se opôs ao corte nos subsídios do setor público?
Pois agora aguentem com o aumento de impostos.
Aliás, aguentamos todos nós, que vamos gramar com a pastilha.
Já me chegam aos ouvidos situações de trabalhadores com salários entre os 600 e 700 euros a pedirem aos patrões para rescindir contrato, assinar novo contrato com ordenado mínimo e pagar-se o resto por fora.
Esta opção é ainda melhor para quem tem salários penhorados por dívidas, já que quando o salário auferido é o ordenado mínimo, as finanças não podem lançar penhora sobre o salário, ficando a dívida em "modo delinquente" caso não haja mais ativos.
O planeamento centralizado aliado a uma carga fiscal elevada só estimula ainda mais a capacidade criativa do português, e que bom que ele é quando é submetido a este tipo de problemas.
Que Deus nos proteja desta invasão "comunista dos tempos modernos" que tomou de assalto os regimes democráticos socialistas e social-democratas.
Tiago Mestre
Mas o ódio e o ressentimento mantêm-se, e agora as baterias estão apontada para o Palácio Ratton, residência dos ilustres juízes que decidem sobre a constitucionalidade das leis que se fazem em Portugal.
Ouvi hoje Bagão Félix no conselho superior da Antena1 pronunciar-se sobre o OE2013, e o senhor chegou ao detalhe de invocar quais os artigos da Constituição que estão a ser violados, mas com um deleite, uma convicção e uma certeza do que estava a dizer que até me espantou.
Efetivamente está tudo de pantanas, e só lamento que toda esta energia e convicção que ilustres figuras públicas depositam na sua discordância perante este documento não tenham sido usadas anteriormente, quando era preciso dizer aos portugueses que o défice de 10 mil milhões anuais tinha que ser reduzido tão rápido quanto possível, e essencialmente do lado da despesa.
Não se insurgiram quando o TC se opôs ao corte nos subsídios do setor público?
Pois agora aguentem com o aumento de impostos.
Aliás, aguentamos todos nós, que vamos gramar com a pastilha.
Já me chegam aos ouvidos situações de trabalhadores com salários entre os 600 e 700 euros a pedirem aos patrões para rescindir contrato, assinar novo contrato com ordenado mínimo e pagar-se o resto por fora.
Esta opção é ainda melhor para quem tem salários penhorados por dívidas, já que quando o salário auferido é o ordenado mínimo, as finanças não podem lançar penhora sobre o salário, ficando a dívida em "modo delinquente" caso não haja mais ativos.
O planeamento centralizado aliado a uma carga fiscal elevada só estimula ainda mais a capacidade criativa do português, e que bom que ele é quando é submetido a este tipo de problemas.
Que Deus nos proteja desta invasão "comunista dos tempos modernos" que tomou de assalto os regimes democráticos socialistas e social-democratas.
Tiago Mestre
Juros portugueses a 10 anos avançam
É mais uma das notícias da manhã no diário económico:
"A ‘yield' implícita nos títulos de dívida portugueses a 10 anos, a referência no mercado, está a subir para 7,762%. Também os juros da dívida a dois anos estão hoje em alta, no mercado secundário, a subir para os 4,023%. Ao mesmo tempo que se regista um alívio nas restantes maturidades."
Agora vamos sérios... Esta "louca" subida infelizmente desapareceu enquanto escrevia este texto. Logo agora que queria mostrar que há valores que não podem ser considerados subida ou descida.
Caso contrário poderia dizer que estão agora a descer quando a verdade é que há uma "manutenção" de valores, que contudo são dos mais baixos em muitos meses:
GSPT10YR:IND 7.74200 -0.00700 -0.09%
"Também os juros da dívida a dois anos estão hoje em alta, no mercado secundário, a subir para os 4,023%. "
Sobem uma enormidade, mantendo dos valores mais baixos do ano.
Ups, afinal já não estão a subir tanto:
GSPT2YR:IND 3.97200 +0.04400 +1.12%
Peço aos senhores jornalistas mais rigor na informação que transmitem. O povo quer comentar a desgraça, o país está com problemas, mas não é preciso mascarar as notícias para ir de encontro ao que vende.
Tenham a decência de informar!
"A ‘yield' implícita nos títulos de dívida portugueses a 10 anos, a referência no mercado, está a subir para 7,762%. Também os juros da dívida a dois anos estão hoje em alta, no mercado secundário, a subir para os 4,023%. Ao mesmo tempo que se regista um alívio nas restantes maturidades."
Agora vamos sérios... Esta "louca" subida infelizmente desapareceu enquanto escrevia este texto. Logo agora que queria mostrar que há valores que não podem ser considerados subida ou descida.
Caso contrário poderia dizer que estão agora a descer quando a verdade é que há uma "manutenção" de valores, que contudo são dos mais baixos em muitos meses:
GSPT10YR:IND 7.74200 -0.00700 -0.09%
"Também os juros da dívida a dois anos estão hoje em alta, no mercado secundário, a subir para os 4,023%. "
Sobem uma enormidade, mantendo dos valores mais baixos do ano.
Ups, afinal já não estão a subir tanto:
GSPT2YR:IND 3.97200 +0.04400 +1.12%
Peço aos senhores jornalistas mais rigor na informação que transmitem. O povo quer comentar a desgraça, o país está com problemas, mas não é preciso mascarar as notícias para ir de encontro ao que vende.
Tenham a decência de informar!
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Cronologia de um orçamento
Em Maio de 2011,o futuro dos portugueses era promissor caso o PSD ganhasse as eleições.
Em meados de 2011 já a despesa era afinal um monstro difícil de domar. Como medidas de curto-prazo, o corte de subsídios, pensões e mais qq coisa seria suficiente. Com estas medidas, o segundo semestre de 2012 já seria um ano de recuperação.
2011 termina e nova esperança reside no OE 2012. Temos que cumprir com o plano que a troika nos impõe. O fracasso na receita e o aumento da despesa, sobretudo no setor social deixam o governo de cabelos em pé. Afinal é preciso muito mais austeridade para 2013.
Tribunal Constitucional considera ilegal o corte de subsídios apenas no setor público. Abre-se a porta para o "enorme" aumento de impostos.
Ninguém gosta do orçamento, nem CDS, nem PSD, nem ninguém, pelo que será mais um documento que a partir do dia 2 de Janeiro será para deitar para o lixo, já que a força da realidade imporá toda a sua gravidade.
Com tanta gente irresponsável e incapaz de querer compreender a realidade objetiva, fico pesaroso de pensar que só mesmo a troika é que lá vai exigindo qualquer coisa, mesmo que essa exigência também ela seja insuficiente para endireitar as coisas.
2013 será mais um ano infernal porque andarão todos a espetar bandarilhas uns aos outros, incapazes de olhar de forma fria e pragmática para a realidade e propor aquilo que deve ser feito, mesmo que doa muito, e a muita gente.
Tiago Mestre
Em meados de 2011 já a despesa era afinal um monstro difícil de domar. Como medidas de curto-prazo, o corte de subsídios, pensões e mais qq coisa seria suficiente. Com estas medidas, o segundo semestre de 2012 já seria um ano de recuperação.
2011 termina e nova esperança reside no OE 2012. Temos que cumprir com o plano que a troika nos impõe. O fracasso na receita e o aumento da despesa, sobretudo no setor social deixam o governo de cabelos em pé. Afinal é preciso muito mais austeridade para 2013.
Tribunal Constitucional considera ilegal o corte de subsídios apenas no setor público. Abre-se a porta para o "enorme" aumento de impostos.
Ninguém gosta do orçamento, nem CDS, nem PSD, nem ninguém, pelo que será mais um documento que a partir do dia 2 de Janeiro será para deitar para o lixo, já que a força da realidade imporá toda a sua gravidade.
Com tanta gente irresponsável e incapaz de querer compreender a realidade objetiva, fico pesaroso de pensar que só mesmo a troika é que lá vai exigindo qualquer coisa, mesmo que essa exigência também ela seja insuficiente para endireitar as coisas.
2013 será mais um ano infernal porque andarão todos a espetar bandarilhas uns aos outros, incapazes de olhar de forma fria e pragmática para a realidade e propor aquilo que deve ser feito, mesmo que doa muito, e a muita gente.
Tiago Mestre
Somos todos iguais, mas há uns mais iguais do que os outros
Respondendo à pergunta de um jornalista português, Jean Claude Juncker, presidente do eurogrupo, remata com esta intervenção retirada aqui:
"Tomámos a decisão há meses, ou mesmo há mais de um ano, que temos que aplicar as mesmas regras aos outros países sob programa, e iremos abordar isso na próxima reunião. Se há alguém nesta sala que é amigo de Portugal e da Irlanda, que fazem parte dos meus países preferidos na Europa, por razões óbvias, sentimentais e pessoais, sou eu. Portanto, o assunto será tratado de forma a que nem Portugal nem Irlanda fiquem insatisfeitos", disse.
"Países preferidos por razões sentimentais e pessoais ..." ??!
É mais um tesourinho deprimente a adicionar aos muitos a que a UE nos tem vindo a habituar.
Ou Juncker mente com os dentes todos para agradar ao jornalista português e aos portugueses, ou então introduzi nas discussões do Eurogrupo "fatores preferenciais" na condução das negociações e nos critérios que levam às tomadas de decisão.
Caricato!
Tiago Mestre
"Tomámos a decisão há meses, ou mesmo há mais de um ano, que temos que aplicar as mesmas regras aos outros países sob programa, e iremos abordar isso na próxima reunião. Se há alguém nesta sala que é amigo de Portugal e da Irlanda, que fazem parte dos meus países preferidos na Europa, por razões óbvias, sentimentais e pessoais, sou eu. Portanto, o assunto será tratado de forma a que nem Portugal nem Irlanda fiquem insatisfeitos", disse.
"Países preferidos por razões sentimentais e pessoais ..." ??!
É mais um tesourinho deprimente a adicionar aos muitos a que a UE nos tem vindo a habituar.
Ou Juncker mente com os dentes todos para agradar ao jornalista português e aos portugueses, ou então introduzi nas discussões do Eurogrupo "fatores preferenciais" na condução das negociações e nos critérios que levam às tomadas de decisão.
Caricato!
Tiago Mestre
Eurogrupo acaba de finalizar a sua maratona
Após longas horas de negociação, o Eurogrupo chega finalmente a acordo para continuar a comprar tempo à Grécia.
Estive a ler o comunicado em inglês, que podem consultar aqui, e sinceramente não compreendi como irão cortar tantos biliões de euros da dívida grega com apenas estas medidas:
1. Corte nas taxas de juro
2. Juros ganhos pelo BCE com a dívida grega são devolvidos à Grécia
3. Toda a dívida detida por este pode ser novamente adquirida pela Grécia a 35 cêntimos do €
4. Todo o dinheiro emprestado pelo EFSF à Grécia será devolvido num prazo mais longo: 15 anos, e as taxas de juro a pagar serão também diluídas em 10 anos, aliviando assim os pagamentos mais imediatos
Não faço a mais pequena ideia se estas medidas permitirão cortar 45 a 50 mil milhões de euros na dívida grega, mas como no comunicado não aparece nem uma conta feita nem um plano de como executar tudo isto, e pela tradição do pessoal do Eurogrupo em mentir e dar esperanças vãs sobre assuntos que não controla, fico obviamente relutante em aceitar estas explicações como sérias.
Prolongar para o futuro pagamentos de dívida e de juros pode, realmente, aliviar o fardo da dívida até 2020, mas tal significa que apenas se adiou a dor, porque de 2020 para a frente o processo continua a ter areia na engrenagem, já que continua a ser necessário pagar dívida + juros.
Irei esperar pela reação dos analistas e ver como os mercados se comportam, mas na minha opinião pessoal, este comunicado parece ser uma mão cheia de nada, mais do mesmo, ou seja, empurrar com a barriga prá frente e comprar tempo para sobreviver ao dia de hoje.
Veremos se é esta a interpretação ou não dos mercados.
Tiago Mestre
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Esse cara sou eu
Cortar 4 mil milhões? «É cortar 10 % em tudo»
Solução simples e eficaz. Medina Carreira é o cara.
UAU! Banco Mundial alerta a Europa com verdade, e não com mentira
Achei que valeria a pena transcrever a notícia toda porque quando leio nos media líderes institucionais de importância MUNDIAL, como é o caso dos dirigentes do Banco Mundial, fugindo com a boca para a verdade, muito me regozijo.
Tiago Mestre
O pântano sobre carris
Recordamos aos leitores do Viriatos que a CP, empresa pública de transporte ferroviário, é o exemplo perfeito de como não se deve gerir uma empresa.
As despesas (500 milhões) costumam ser o dobro das receitas (250 milhões), com um prejuízo anula que ronda os 250 milhões de euros.
Anos sucessivos com prejuízos desta ordem fizeram com que o passivo da empresa ascendesse a quase 4 mil milhões de euros, contrastando com um ativo que pouco ultrapassa os mil milhões de euros, tornando esta empresa TOTALMENTE FALIDA, já que os capitais próprios negativos ascendem a 2,7 mil milhões de euros.
Nada a fazer, GAME OVER !
Tiago Mestre
Síntese orçamental (Parte 2)
Após uma visualização mais atenta aos números da síntese orçamental de Novembro que o governo lançou na passada sexta-feira, pelas 18.00 !! há alguns dados que vale a pena realçar, já que algo de muito grave se passou:
As receitas até 31 Outubro fixaram-se em 52,9 mil milhões, um acréscimo de 4,5 mil milhões face a 30 de Setembro.
Mas as despesas, que a 31 de Outubro se fixaram em 59,6 mil milhões, aumentaram 7 mil milhões face a 30 de Setembro.
Algo não bate certo, porque esta é uma diferença entre despesas e receitas gigantesca, são 2,5 mil milhões de défice só no mês de Outubro. Se fosse assim durante 12 meses, o défice anual saltava para 30 mil milhões, quase 20% do PIB !!
Não tenho conhecimento que algum tipo de despesa extraordinária tenha sido cabimentada especificamente neste mês, pelo que este desvio só poderei atribuir ao agravamento das condições económicas e ao descontrolo financeiro do Estado na gestão do orçamento.
Olhando para a estrutura das despesas, é possível concluir o seguinte:
- As despesa com pessoal e aquisições de bens tiveram a evolução normal
- A evolução dos juros já foi assinalável:
Até 30 de Setembro tínhamos pago 5,5 mil milhões. A 31 de Outubro já vamos em 7,1 mil milhões. Só em Outubro pagámos 1,6 mil milhões em juros.
- As transferência para SS e fundos autónomos aumentaram em Outubro 2,8 mil milhões, em linha com o que aconteceu o ano passado.
Comparando a despesa até 31 Out 2012 com 31 Out 2011, apenas os juros se agravam de forma significativa, o que me leva a crer que é sobretudo do lado das receitas que o Estado está totalmente desalinhado com a realidade económica do país.
A Despesa ordinária em 2012 será substancialmente superior a 2011, isso parece-me um dado adquirido, mas pior do que isso serão os dados da receita, que está uns milhares de milhões abaixo do que foi definido no OE2012, e com tendência a piorar.
Esta evolução negativa da captação da receita deveria dar que pensar aos elementos do governo, já que qualquer aumento de impostos sugerido para 2013 só terá consequências ainda mais gravosas na captação de receita.
É verdade que ninguém na oposição sugeriu medidas alternativas credíveis, mas este caminho de aumento de impostos como reação à decisão do TC também não trará os resultados desejados. Como escrevi várias vezes no Contas, o governo dever-se-ia ter demitido. Mostrava que era sério, reconhecia que tinha errado nas suas previsões e criava uma onda de choque em todos aqueles que acham que a Constituição é um documento que tem todas as condições para ser cumprido.
Nada disto aconteceu e assim perdemos mais um ano ou dois na tomada de decisões difíceis. Empurra com a barriga!
Tiago Mestre
As receitas até 31 Outubro fixaram-se em 52,9 mil milhões, um acréscimo de 4,5 mil milhões face a 30 de Setembro.
Mas as despesas, que a 31 de Outubro se fixaram em 59,6 mil milhões, aumentaram 7 mil milhões face a 30 de Setembro.
Algo não bate certo, porque esta é uma diferença entre despesas e receitas gigantesca, são 2,5 mil milhões de défice só no mês de Outubro. Se fosse assim durante 12 meses, o défice anual saltava para 30 mil milhões, quase 20% do PIB !!
Não tenho conhecimento que algum tipo de despesa extraordinária tenha sido cabimentada especificamente neste mês, pelo que este desvio só poderei atribuir ao agravamento das condições económicas e ao descontrolo financeiro do Estado na gestão do orçamento.
Olhando para a estrutura das despesas, é possível concluir o seguinte:
- As despesa com pessoal e aquisições de bens tiveram a evolução normal
- A evolução dos juros já foi assinalável:
Até 30 de Setembro tínhamos pago 5,5 mil milhões. A 31 de Outubro já vamos em 7,1 mil milhões. Só em Outubro pagámos 1,6 mil milhões em juros.
- As transferência para SS e fundos autónomos aumentaram em Outubro 2,8 mil milhões, em linha com o que aconteceu o ano passado.
Comparando a despesa até 31 Out 2012 com 31 Out 2011, apenas os juros se agravam de forma significativa, o que me leva a crer que é sobretudo do lado das receitas que o Estado está totalmente desalinhado com a realidade económica do país.
A Despesa ordinária em 2012 será substancialmente superior a 2011, isso parece-me um dado adquirido, mas pior do que isso serão os dados da receita, que está uns milhares de milhões abaixo do que foi definido no OE2012, e com tendência a piorar.
Esta evolução negativa da captação da receita deveria dar que pensar aos elementos do governo, já que qualquer aumento de impostos sugerido para 2013 só terá consequências ainda mais gravosas na captação de receita.
É verdade que ninguém na oposição sugeriu medidas alternativas credíveis, mas este caminho de aumento de impostos como reação à decisão do TC também não trará os resultados desejados. Como escrevi várias vezes no Contas, o governo dever-se-ia ter demitido. Mostrava que era sério, reconhecia que tinha errado nas suas previsões e criava uma onda de choque em todos aqueles que acham que a Constituição é um documento que tem todas as condições para ser cumprido.
Nada disto aconteceu e assim perdemos mais um ano ou dois na tomada de decisões difíceis. Empurra com a barriga!
Tiago Mestre
domingo, 25 de novembro de 2012
Fraude
PS- Gostava de agradecer ao David Seraos por me ter chamado à atenção que já existia uma versão em Português, o meu obrigado.
Pois, a burocracia fiscal...
notícia aqui
Fonte: Jornal de Notícias, 23.11.2012, página 28
Portugal acaba de alcançar o primeiro lugar do ranking da burocracia fiscal da zona euro, indica um estudo conjunto do Banco Mundial, do IFC e da consultora PwC.
De acordo com o relatório "Paying Taxes 2013", ontem divulgado, e que faz o ponto da situação até meados de 2012, em Portugal as empresas demoram cerca de 275 horas para conseguir arrumar os seus impostos.
O número é igual ao de 2012 (referente à situação de 2011), mas como em Itália houve melhorias substanciais face ao ano passado e em Portugal os progressos foram nulos, a economia nacional surge agora como a pior classificada na área do euro.
A carga burocrática fiscal em causa é, no fundo, o custo do tempo que as organizações demoram a preparar documentos, entregar e pagar ao Estado e à Previdência, mais a demora para fazer acertos junto das autoridades. É responsabilidade tanto das próprias empresas, como do próprio Fisco e da relação entre ambos.
Em Portugal, uma empresa continua a demorar, em média, 275 horas por ano a pagar impostos – tributação sobre lucros, sobre empregados (IRS e descontos para a Segurança Social) e IVA. Estas 275 horas estão repartidas em três parcelas: são 63 horas para regularizar IRC, mais 116 horas para acertar os impostos devidos por conta dos empregados (IRS e TSU), mais 96 horas para outros impostos.
Já a média europeia e dos países da EFTA ronda as 184 horas em 2012. Ou seja, em Portugal os procedimentos são 49% mais pesados. A cifra de Portugal também é pior do que a média mundial, que ronda as 267 horas.
Fonte: Jornal de Notícias, 23.11.2012, página 28
Bernardo Botelho Moniz
Energia: contexto e dicas para poupar
Caros leitores e leitoras, com este post pretendo dar alguma continuidade ao exercício já começado acerca da importância que a eletricidade, e de forma mais genérica, a ENERGIA, assumem nas nossas vidas.
O post é maior do que o normal para dar algum contexto.
Desde sempre que a energia tem sido o fator principal na evolução da espécie humana. Sendo a Energia um termo muito difícil de descrever, assume-se de forma genérica que Energia = capacidade de realizar trabalho.
O ser humano, com a sua arte e engenho, começou muito cedo a perceber que manipulando certas variáveis presentes na natureza, como a água, o sol, as terras, a madeira e o ferro, era possível obter mais energia (alimento) depositando uma menor quantidade de trabalho manual. Essa evolução, que poderíamos apelidar grosseiramente de produtividade, reforçou a sua trajetória positiva até aos dias de hoje.
À medida que a produtividade ia aumentando, novos hábitos se foram adquirindo:
Cidades de maior dimensão
Aumento da população
Surgimento de novas profissões
Obtenção e acumulação de bens supérfluos, etc, etc
Foram muitas as frentes em que o ser humano se debruçou para melhorar as suas condições de vida, tendo essa tenacidade perdurado até aos dias de hoje.
O surgimento da eletricidade no início do século XX trouxe, mais uma vez, uma mudança de paradigma na civilização humana. Com a eletricidade era possível obter de forma instantânea, sem esforço algum, movimento mecânico, calor e luz artifical.
Bastaram estas 3 aplicações elétricas para que a vida nas cidades mudasse a toda a velocidade ao longo da primeira metade do século XX. Na segunda metade surgiram os frigoríficos e todas as aplicações de lazer, tendo a televisão e mais tarde os computadores assumido o papel principal na captação do tempo livre das populações, ele próprio também fruto das inovações que a eletricidade tinha trazido anteriormente.
As populações adaptaram-se a esta nova forma de viver, e a pouco e pouco a dependência pela energia elétrica foi crescendo.
Os prédios cresceram em altura graças aos elevadores
A água podia agora ser bombeada para alturas muito elevadas de forma fiável e permanente
O aquecimento com recurso a aquecedores elétricos substituiu as convencionais lareiras, e por aí fora.
Tudo isto foi possível porque se descobriram recursos fósseis acumulados no planeta ao longo de milhões de anos que armazenavam dentro de si enormes quantidades de energia. Bastou ao ser humano inventar ferramentas que convertiam a energia contida nos recursos fósseis em energia elétrica. Com a perceção generalizada de que a energia acumulada debaixo da terra era tão abundante, a corrida à invenção de ferramentas que facilitavam a vida do ser humano conheceu décadas de glória.
Os automóveis e mais tarde o transporte aéreo simbolizam uma das maiores conquistas do ser humano em relação a uma das limitações que mais o atormentavam: a dificuldade em se locomover de forma rápida e barata.
A eletricidade não entrou no mundo da locomoção (à exceção do comboio) porque nunca se descobriu algo melhor do que baterias para armazenar energia elétrica. E até hoje, as baterias continuam a ser péssimas na acumulação de energia elétrica:
são muito pesadas
são caríssimas
armazenam pouquíssima energia
apenas armazenam corrente contínua DC
e possuem vida útil muito reduzida...
mas à falta de melhor, é o que temos.
A eletricidade entrou definitivamente na vida das pessoas pela porta de sua casa, ou seja, alimentando equipamentos "estacionados", ou quase.
Outro dos segredos do sucesso da energia elétrica prende-se com as linhas de transporte. Com recurso a potentes transformadores, tornou-se possível transportar quantidades massivas de energia elétrica a longas distâncias. Basicamente o transformador consegue elevar a tensão produzida na central elétrica de 13 000 volt para 400 000 volt, por exemplo, permitindo baixar em muito a corrente elétrica, e assim transportar enormes quantidades de energia elétrica em cabos com uma secção muito reduzida. À medida que essas linhas chegam aos pontos de consumo, outros transformadores executam a operação inversa, ou seja, transformam os 400 000 volt em 230 volt, sendo esta a tensão que entra pelas nossas casas e que só está disponível nas zonas onde há consumo. Se tivéssemos que transportar toda a energia elétrica com tensão de 230 volt, as linhas teriam que possuir secções gigantescas e certamente que não seria possível usufruir de tanta energia elétrica e de forma tão barata.
Depois desta explicação inicial já podemos entrar em nossa casa e compreender melhor que aparelhos temos e como podemos poupar qualquer coisa na fatura da eletricidade.
Em nossa casa, o que verdadeiramente consome energia elétrica a SÉRIO são os aparelhos que, ou produzem calor ou produzem frio.
Os que produzem calor são essencialmente os aquecedores, as máquinas de lavar roupa, louça e os cilindros para aquecimento de águas sanitárias.
Caracterizam-se por trabalharem durante pouco tempo consumindo instantaneamente muita eletricidade.
Os que produzem frio são essencialmente frigoríficos e congeladores.
Caracterizam-se por trabalharem durante muito tempo consumindo instantaneamente pouca eletricidade.
Para perceberem melhor:
- Um aquecedor de 2000W de potência, se trabalhar 4 horas por dia, significa que consumiu uma energia diária de 2000 x 4 = 8000 Wh
- Um frigorífico de 200W de potência, trabalhando 12 horas por dia, consome 2400Wh
Numa base anual, o frigorífico consome mais energia do que o aquecedor porque trabalha 365 dias por ano.
O cilindro elétrico ganha a estes dois porque consome instantaneamente bastante eletricidade, é usado 365 dias por ano e várias vezes ao dia, caso se tomem muitos banhos e se use muita água quente.
Se no caso da produção de frio não há alternativa viável à eletricidade, já em relação à produção de calor temos o GÁS NATURAL como um grande concorrente. Não é por acaso que o uso do esquentador/caldeira se massificou, tanto para aquecimento de águas como para aquecimento da própria casa.
Recorrendo ao gás como fonte de energia, foi possível adotar o esquentador como aparelho de eleição para aquecimento instantâneo de águas, mas para consiga tal proeza, a sua potência mínima é de 21 000W.
Se houvesse um esquentador elétrico de potência semelhante, suponhamos, o seu consumo de energia seria inviável, já que em média a potência contratada com a EDP em nossas casas ronda os 5 000 - 10 000W. Só o esquentador consumiria entre o dobro e o quádruplo, daí se ter recorrido ao cilindro elétrico doméstico (termoacumulador) como alternativa elétrica caso não haja gás naquela zona. Com um depósito no seu interior, aquece água antecipadamente com uma resistência elétrica que não excede os 3 000W e armazena-a, estando disponível quando houver consumo. A desvantagem é que caso o consumo de água exceda a capacidade do depósito, a água arrefece, sendo necessário esperar que esta aqueça novamente, ou seja, não possui a vantagem do aquecimento instantâneo típico do esquentador.
Em termos de preços, o custo do kWh ronda os seguintes valores:
Gás Natural: 7 cêntimos
Gás Butano (garrafa): 16 cêntimos
Eletricidade (tarifa normal): 13 cêntimos
Eletricidade (tarifa bi-horária, ciclo diário):
Hora da Cheia: (das 8 da manhã às 22.00) 15 cêntimos
Hora do Vazio: (das 22.00 às 08.00) 8 cêntimos
Com esta explicação percebe-se que para produzir energia térmica (calor), é sempre preferível recorrer ao gás natural, e caso não haja na zona, optar por equipamentos elétricos que permitam empurrar o seu consumo para as horas do vazio na tarifa bi-horária.
Para "tentar" por o cilindro elétrico a consumir sobretudo nas horas do vazio, sugiro a compra de um interruptor horário, e programá-lo para que o cilindro não trabalhe entre as 17.00 e as 22.00 por exemplo, obrigando assim que a resistência só trabalhe já nas horas do vazio. Essa afinação do interruptor horário deve ser feita em função dos hábitos de cada casa, mas a minha sugestão é que se consuma água quente durante o dia e energia elétrica durante a noite, nas horas do vazio.
Estão à venda interruptores horários no Leroy Merlin, por exemplo, por 4€ (2 unidades)
O mesmo raciocínio se aplica para as arcas congeladoras. Desligar por volta das 5-6 da tarde e repor o seu funcionamento a partir das 22.00. Por experiência própria vos digo que os produtos se mantêm completamente congelados, mas nada como experimentarem e calibrarem.
Para os frigoríficos, não sugiro que fiquem desligados mais do que 2 horas, pelo que só se devem desligar entre as 20.00 e as 22.00.
Máquinas de Lavar Roupa e Louça: as mais recentes já possuem um temporizador que permite atrasar o seu arranque 3, 6 ou 9 horas. Neste caso, é possível preparar tudo comodamente a horas "decentes", e quando o temporizador der o arranque da máquina, só já irá consumir nas horas do vazio.
Em relação à iluminação, à medida que as lâmpadas fluorescentes compactas se forem fundindo, podem ir substituindo pelas de LED, mas o custo destas ainda é exagerado. Uma fluorescente de 15 W equivale a uma de LED de 6 ou 7 W. Talvez valha a pena substituir aquelas que trabalham muito tempo, como a luz da sala ou da cozinha. Trocar só porque consome menos energia parece-me financeiramente (ainda) pouco vantajoso. É esperar mais uns meses!
Tiago Mestre
O post é maior do que o normal para dar algum contexto.
Desde sempre que a energia tem sido o fator principal na evolução da espécie humana. Sendo a Energia um termo muito difícil de descrever, assume-se de forma genérica que Energia = capacidade de realizar trabalho.
O ser humano, com a sua arte e engenho, começou muito cedo a perceber que manipulando certas variáveis presentes na natureza, como a água, o sol, as terras, a madeira e o ferro, era possível obter mais energia (alimento) depositando uma menor quantidade de trabalho manual. Essa evolução, que poderíamos apelidar grosseiramente de produtividade, reforçou a sua trajetória positiva até aos dias de hoje.
À medida que a produtividade ia aumentando, novos hábitos se foram adquirindo:
Cidades de maior dimensão
Aumento da população
Surgimento de novas profissões
Obtenção e acumulação de bens supérfluos, etc, etc
Foram muitas as frentes em que o ser humano se debruçou para melhorar as suas condições de vida, tendo essa tenacidade perdurado até aos dias de hoje.
O surgimento da eletricidade no início do século XX trouxe, mais uma vez, uma mudança de paradigma na civilização humana. Com a eletricidade era possível obter de forma instantânea, sem esforço algum, movimento mecânico, calor e luz artifical.
Bastaram estas 3 aplicações elétricas para que a vida nas cidades mudasse a toda a velocidade ao longo da primeira metade do século XX. Na segunda metade surgiram os frigoríficos e todas as aplicações de lazer, tendo a televisão e mais tarde os computadores assumido o papel principal na captação do tempo livre das populações, ele próprio também fruto das inovações que a eletricidade tinha trazido anteriormente.
As populações adaptaram-se a esta nova forma de viver, e a pouco e pouco a dependência pela energia elétrica foi crescendo.
Os prédios cresceram em altura graças aos elevadores
A água podia agora ser bombeada para alturas muito elevadas de forma fiável e permanente
O aquecimento com recurso a aquecedores elétricos substituiu as convencionais lareiras, e por aí fora.
Tudo isto foi possível porque se descobriram recursos fósseis acumulados no planeta ao longo de milhões de anos que armazenavam dentro de si enormes quantidades de energia. Bastou ao ser humano inventar ferramentas que convertiam a energia contida nos recursos fósseis em energia elétrica. Com a perceção generalizada de que a energia acumulada debaixo da terra era tão abundante, a corrida à invenção de ferramentas que facilitavam a vida do ser humano conheceu décadas de glória.
Os automóveis e mais tarde o transporte aéreo simbolizam uma das maiores conquistas do ser humano em relação a uma das limitações que mais o atormentavam: a dificuldade em se locomover de forma rápida e barata.
A eletricidade não entrou no mundo da locomoção (à exceção do comboio) porque nunca se descobriu algo melhor do que baterias para armazenar energia elétrica. E até hoje, as baterias continuam a ser péssimas na acumulação de energia elétrica:
são muito pesadas
são caríssimas
armazenam pouquíssima energia
apenas armazenam corrente contínua DC
e possuem vida útil muito reduzida...
mas à falta de melhor, é o que temos.
A eletricidade entrou definitivamente na vida das pessoas pela porta de sua casa, ou seja, alimentando equipamentos "estacionados", ou quase.
Outro dos segredos do sucesso da energia elétrica prende-se com as linhas de transporte. Com recurso a potentes transformadores, tornou-se possível transportar quantidades massivas de energia elétrica a longas distâncias. Basicamente o transformador consegue elevar a tensão produzida na central elétrica de 13 000 volt para 400 000 volt, por exemplo, permitindo baixar em muito a corrente elétrica, e assim transportar enormes quantidades de energia elétrica em cabos com uma secção muito reduzida. À medida que essas linhas chegam aos pontos de consumo, outros transformadores executam a operação inversa, ou seja, transformam os 400 000 volt em 230 volt, sendo esta a tensão que entra pelas nossas casas e que só está disponível nas zonas onde há consumo. Se tivéssemos que transportar toda a energia elétrica com tensão de 230 volt, as linhas teriam que possuir secções gigantescas e certamente que não seria possível usufruir de tanta energia elétrica e de forma tão barata.
Depois desta explicação inicial já podemos entrar em nossa casa e compreender melhor que aparelhos temos e como podemos poupar qualquer coisa na fatura da eletricidade.
Em nossa casa, o que verdadeiramente consome energia elétrica a SÉRIO são os aparelhos que, ou produzem calor ou produzem frio.
Os que produzem calor são essencialmente os aquecedores, as máquinas de lavar roupa, louça e os cilindros para aquecimento de águas sanitárias.
Caracterizam-se por trabalharem durante pouco tempo consumindo instantaneamente muita eletricidade.
Os que produzem frio são essencialmente frigoríficos e congeladores.
Caracterizam-se por trabalharem durante muito tempo consumindo instantaneamente pouca eletricidade.
Para perceberem melhor:
- Um aquecedor de 2000W de potência, se trabalhar 4 horas por dia, significa que consumiu uma energia diária de 2000 x 4 = 8000 Wh
- Um frigorífico de 200W de potência, trabalhando 12 horas por dia, consome 2400Wh
Numa base anual, o frigorífico consome mais energia do que o aquecedor porque trabalha 365 dias por ano.
O cilindro elétrico ganha a estes dois porque consome instantaneamente bastante eletricidade, é usado 365 dias por ano e várias vezes ao dia, caso se tomem muitos banhos e se use muita água quente.
Se no caso da produção de frio não há alternativa viável à eletricidade, já em relação à produção de calor temos o GÁS NATURAL como um grande concorrente. Não é por acaso que o uso do esquentador/caldeira se massificou, tanto para aquecimento de águas como para aquecimento da própria casa.
Recorrendo ao gás como fonte de energia, foi possível adotar o esquentador como aparelho de eleição para aquecimento instantâneo de águas, mas para consiga tal proeza, a sua potência mínima é de 21 000W.
Se houvesse um esquentador elétrico de potência semelhante, suponhamos, o seu consumo de energia seria inviável, já que em média a potência contratada com a EDP em nossas casas ronda os 5 000 - 10 000W. Só o esquentador consumiria entre o dobro e o quádruplo, daí se ter recorrido ao cilindro elétrico doméstico (termoacumulador) como alternativa elétrica caso não haja gás naquela zona. Com um depósito no seu interior, aquece água antecipadamente com uma resistência elétrica que não excede os 3 000W e armazena-a, estando disponível quando houver consumo. A desvantagem é que caso o consumo de água exceda a capacidade do depósito, a água arrefece, sendo necessário esperar que esta aqueça novamente, ou seja, não possui a vantagem do aquecimento instantâneo típico do esquentador.
Em termos de preços, o custo do kWh ronda os seguintes valores:
Gás Natural: 7 cêntimos
Gás Butano (garrafa): 16 cêntimos
Eletricidade (tarifa normal): 13 cêntimos
Eletricidade (tarifa bi-horária, ciclo diário):
Hora da Cheia: (das 8 da manhã às 22.00) 15 cêntimos
Hora do Vazio: (das 22.00 às 08.00) 8 cêntimos
Com esta explicação percebe-se que para produzir energia térmica (calor), é sempre preferível recorrer ao gás natural, e caso não haja na zona, optar por equipamentos elétricos que permitam empurrar o seu consumo para as horas do vazio na tarifa bi-horária.
Para "tentar" por o cilindro elétrico a consumir sobretudo nas horas do vazio, sugiro a compra de um interruptor horário, e programá-lo para que o cilindro não trabalhe entre as 17.00 e as 22.00 por exemplo, obrigando assim que a resistência só trabalhe já nas horas do vazio. Essa afinação do interruptor horário deve ser feita em função dos hábitos de cada casa, mas a minha sugestão é que se consuma água quente durante o dia e energia elétrica durante a noite, nas horas do vazio.
Estão à venda interruptores horários no Leroy Merlin, por exemplo, por 4€ (2 unidades)
O mesmo raciocínio se aplica para as arcas congeladoras. Desligar por volta das 5-6 da tarde e repor o seu funcionamento a partir das 22.00. Por experiência própria vos digo que os produtos se mantêm completamente congelados, mas nada como experimentarem e calibrarem.
Para os frigoríficos, não sugiro que fiquem desligados mais do que 2 horas, pelo que só se devem desligar entre as 20.00 e as 22.00.
Máquinas de Lavar Roupa e Louça: as mais recentes já possuem um temporizador que permite atrasar o seu arranque 3, 6 ou 9 horas. Neste caso, é possível preparar tudo comodamente a horas "decentes", e quando o temporizador der o arranque da máquina, só já irá consumir nas horas do vazio.
Em relação à iluminação, à medida que as lâmpadas fluorescentes compactas se forem fundindo, podem ir substituindo pelas de LED, mas o custo destas ainda é exagerado. Uma fluorescente de 15 W equivale a uma de LED de 6 ou 7 W. Talvez valha a pena substituir aquelas que trabalham muito tempo, como a luz da sala ou da cozinha. Trocar só porque consome menos energia parece-me financeiramente (ainda) pouco vantajoso. É esperar mais uns meses!
Tiago Mestre
sábado, 24 de novembro de 2012
Contas Nacionais no Viriatos
Poderão consultar na barra lateral direita do Viriatos as Contas Nacionais, à semelhança do que já fazia no Contas.
Os dados mais recentes da Síntese de Novembro do Governo já estão atualizados, pelo que, de forma fácil e acessível, é possível consultar os números mais relevantes da evolução das contas do governo, complementado por informações mais genéricas, como o endividamento público/privado, os défices e o PIB de anos anteriores.
Alguma sugestão que vos surja, não hesitem.
Tiago Mestre
Os dados mais recentes da Síntese de Novembro do Governo já estão atualizados, pelo que, de forma fácil e acessível, é possível consultar os números mais relevantes da evolução das contas do governo, complementado por informações mais genéricas, como o endividamento público/privado, os défices e o PIB de anos anteriores.
Alguma sugestão que vos surja, não hesitem.
Tiago Mestre
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Síntese Orçamental Novembro 2012
A síntese orçamental de Novembro resumida em 2 números:
Défice até 31 Outubro 2011: 6,46 mil milhões euros
Défice até 31 Outubro 2012: 8,14 mil milhões euros
Síntese disponível aqui
Tiago Mestre
Défice até 31 Outubro 2011: 6,46 mil milhões euros
Défice até 31 Outubro 2012: 8,14 mil milhões euros
Síntese disponível aqui
Tiago Mestre
Para quando?
As responsabilidades de policiamento em Portugal são partilhadas por duas instituições: a PSP e a GNR. À primeira cabe a responsabilidade do patrulhamento nas áreas urbanas e à segunda a responsabilidade pelas áreas rurais e peri-urbanas.
Não se percebe a existência destas duas instituições que realizam a mesma função, apenas atuando em áreas geográficas diferentes. Para não falar das inúmeras polícias municipais que por aí existem. Na Alemanha, por exemplo, apenas existe, para esta função, a Landespolizei e, na Espanha, a Guardia Civil.
Bernardo Botelho Moniz
Há quatro maneiras de se fazer austeridade
Por Leandro Roque (membro do Instituto Mises Brasil)
Há quatro maneiras de se fazer austeridade:
1) Aumentar impostos e cortar gastos;
2) Aumentar impostos e manter gastos inalterados;
3) Manter impostos inalterados e cortar gastos;
4) Reduzir impostos e cortar gastos em uma intensidade maior do que o corte de impostos;
A primeira é a que gera uma recessão mais intensa. De um lado, o corte de gastos debilita aquelas empresas que dependem do governo, o que é bom; mas, de outro, o aumento de impostos confisca ainda mais capital da sociedade, mais especificamente do setor produtivo, que é justamente quem absorveria a mão-de-obra demitida das empresas que faliram em decorrência dos cortes de gastos do governo. Você tem, portanto, o pior dos dois mundos. Aumento do desemprego, população com menor poder de compra, e setor privado sem capital para contratar. É isso que a Europa está a fazer.
A segunda maneira, ao contrário do que se supõe, é a pior. O governo aumenta o confisco do capital do setor privado, mas continua dando sustentação às empresas ineficientes, que também consomem capital do setor produtivo. A recessão neste caso é menos intensa, mas os desequilíbrios de longo prazo não são corrigidos. A economia fica com menos capital, mas as empresas ineficientes seguem firmes, pois seu cliente é o governo, que continua gastando. No final, tal medida serviu apenas para aumentar o consumo de capital de toda a sociedade.
A terceira maneira é melhor que a primeira e a segunda. O governo continua a confiscar capital, é verdade, mas ao menos liberou outros recursos por meio da falência de empresas que só sobreviviam em decorrência de seus gastos. Em termos de recessão, é mais branda que a primeira e semelhante à segunda.
A quarta maneira é a maneira correta de se fazer austeridade. A redução de gastos do governo faz com que empresas ineficientes que dependem do governo sejam reformuladas (ou quebrem) e liberam mão-de-obra e recursos escassos para empreendimentos produtivos e genuinamente demandados pelos cidadãos. E as empresas responsáveis por esses empreendimentos produtivos terão mais facilidade para contratar essa mão-de-obra demitida porque, em decorrência da redução nos impostos, elas agora têm mais capital e seus consumidores, mais poder de compra.
Além de não provocar uma recessão profunda — haverá recessão apenas se o governo impuser medidas que retardem a realocação de mão-de-obra de um setor para o outro (por exemplo, aumentando o seguro-desemprego ou o salário mínimo, ou impondo altos encargos sociais que encareçam o processo de demissão e contratação) —, esta maneira é a única que reduz duplamente o desperdício de capital e, com isso, permite uma maior acumulação de capital. Maior acumulação de capital significa maior abundância de bens produzidos no futuro. E maior abundância de bens significa maior qualidade de vida.
Portanto, há austeridade e "austeridades". A melhor maneira é também a menos indolor e a mais propícia ao enriquecimento futuro de uma sociedade. É injustificável não adotá-la.
Bancos "reforçam-se" com dívida soberana tuga
Para os leitores do Viriatos e do Contas, isto certamente que já não causa estranheza. Mas vale a pela ler a notícia, nem que seja para sentirem o prazer de saberem algo desde há 2 ou 3 meses mas que só agora surge nos radares mediáticos.
E para quem investe, saber antecipadamente este tipo de informações pode render muito dinheiro: não é o meu caso porque não meto dinheiro neste tipo de investimentos..
Foram vários os posts em que escrevi que eram os bancos portugueses que andavam a comprar dívida portuguesa à bruta, tendo descido a yield da OT a 10 anos de 9,2 para 7,8% em 2 ou 3 semanas.
Eu não sabia se eram eles ou não, mas as exigências que o BCE fez aos bancos domésticos para se conseguirem endividar junto deste levavam-nos naturalmente a enfiarem-se na "toca do lobo".
E confirma-se.
Com a confirmação da minha suspeita, o ciclo mortífero dos bancos que expliquei no post:
As obrigações cócó começarão a rebentar na cara daqueles que a promoveram e defenderam em junho
está, na minha opinião, em plena velocidade cruzeiro.
Resta rezar para que de nada mau aconteça e que tudo corra pelo melhor, à boa maneira portuguesa
Tiago Mestre
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Hã Hã, claro!
Engana-me que eu gosto, e já agora podias também dizer ao povo que para 2013 as receitas da SS serão de 31 mil milhões e as despesas de 39 mil milhões: São 8 mil milhões de diferença, compensados com os impostos sobre transações e trabalho (IRC, IRS, IVA e outros).
Que aldrabice!
Tiago Mestre
Orçamento Europeu e outras manipulações
São várias as propostas que cada país da UE sugere a Bruxelas. Os que costumam receber mais querem manter o status quo, e os que costumam pagar mais estão a ver que o dinheiro não chega.
Em boa verdade, todos os países "ricos" da UE e que contribuem mais do que recebem, sofrem de um grave problema:
PRECISAM DE SE ENDIVIDAR PARA CONTRIBUIR PARA O OE DA UE.
E pronto, o resto é conversa.
Enquanto os países cresciam, os défices relativizavam-se, as receitas para a UE relativizavam-se, e o projeto UE lá se mantinha de pé.
A partir do momento em que os ricos não crescem, os défices públicos destes não baixam (à exceção da Alemanha), e as necessidades de financiamento aumentam, está-se mesmo a ver que em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
A UE é hoje uma casa destas. Quem pede, pede mais, e quem dá, começa a não querer dar tanto.
O valor do orçamento irá ficar algures a meio caminho entre os que pedem e os que contribuem.
Segundo ouvi nas notícias, 40% do orçamento da UE vai para subsídios da agricultura/pescas e afins.
Por eu considerar que este tipo de subsídios são totalmente manipuladores e deturpadores da realidade económica a que o ser humano se deve sujeitar, por mim podiam desde já poupar todo este dinheiro.
E já agora, todo o dinheiro alocado ao QREN, ao SIFIDE, ao POPH e muitos outros programas manipuladores da ação humana, inserem-se no mesmo catálogo de fundos que só estimulam os desejos do empresário e não as necessidades da economia real e objetiva.
Tiago Mestre
Em boa verdade, todos os países "ricos" da UE e que contribuem mais do que recebem, sofrem de um grave problema:
PRECISAM DE SE ENDIVIDAR PARA CONTRIBUIR PARA O OE DA UE.
E pronto, o resto é conversa.
Enquanto os países cresciam, os défices relativizavam-se, as receitas para a UE relativizavam-se, e o projeto UE lá se mantinha de pé.
A partir do momento em que os ricos não crescem, os défices públicos destes não baixam (à exceção da Alemanha), e as necessidades de financiamento aumentam, está-se mesmo a ver que em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
A UE é hoje uma casa destas. Quem pede, pede mais, e quem dá, começa a não querer dar tanto.
O valor do orçamento irá ficar algures a meio caminho entre os que pedem e os que contribuem.
Segundo ouvi nas notícias, 40% do orçamento da UE vai para subsídios da agricultura/pescas e afins.
Por eu considerar que este tipo de subsídios são totalmente manipuladores e deturpadores da realidade económica a que o ser humano se deve sujeitar, por mim podiam desde já poupar todo este dinheiro.
E já agora, todo o dinheiro alocado ao QREN, ao SIFIDE, ao POPH e muitos outros programas manipuladores da ação humana, inserem-se no mesmo catálogo de fundos que só estimulam os desejos do empresário e não as necessidades da economia real e objetiva.
Tiago Mestre
Onde está o ouro alemão
O banco central alemão (Bundesbank) cedeu ontem à pressão dos deputados e desvendou o paradeiro das 3.396 toneladas de ouro do país.
O banco central alemão (Bundesbank) cedeu ontem à pressão dos deputados e desvendou o paradeiro das 3.396 toneladas de ouro do país. A Alemanha tem a segunda maior reserva de ouro do mundo, só ultrapassada pelos EUA, e só 31% está em solo germânico.
O relatório do Bundesbank detalha que o ouro está avaliado em 132,8 mil milhões de euros e que mais de metade está guardado fora da zona euro (58%). Os cofres da Reserva Federal de Nova Iorque acolhem 45% das reservas alemãs, Londres guarda mais 13% e França vigia outros 11%.
notícia aqui
Saída do Euro?
O Vivendi nuns post abaixo apresenta um economista alemão a defender a saída do Euro quer da Grécia quer Portugal.
Como não tenho nenhum conhecimento real da Grécia não comento em relação a esta, mas irei apresentar a minha modesta opinião em relação a Portugal.
Ninguém consegue quantificar o custo da saída, já se fizeram muitos estudos sobre esse problema, Eu como já num post passado afirmei a ciência Economia, não tem capacidade de previsão como nas naturais, mas podemos através da dedução lógica prever uma tendência, isto é, prever o que se passaria sem quantificar.
A saída do Euro pressupõe um default sobre a divida, porque se passamos para outra moeda, e como a divida contraída pelo Estado está na sua grande maioria sobre a alçada do direito inglês, com uma moeda mais fraca certamente este não teria capacidade de a pagar. Por tanto, teria de estar associado um Default.
O que faria o Estado ficar arredados dos mercados de divida internacionais, até que os investidores se esquecessem, as yield iriam disparar.
As empresas com sede em Portugal, iriam passar por um problema similar ao Estado, tendo estas também muitas dificuldades de aceder aos mercados internacionais.
O pânico seria brutal, os economistas tem naquela sua cabeça que as pessoas são racionais e mais não sei o que, a realidade é que seria um período muito conturbado.
Portugal não produz comida suficiente para alimentar o país, isto é, o mercado interno não tem capacidade imediata para responder, plantar e colher implica tempo, tempo esse que a população não poderia esperar, logo perspectiva-se fome.
A teoria que desvalorizações são positivas na economia de hoje, com a nossa estrutura produtiva, sinceramente não me acredito.
Temos uma industria muito dependente de importações, não temos matérias primas, nem energias fósseis, logo num primeiro momento existiria um aumento brutal dos combustíveis.
As empresas exportadoras, importam acrescentam valor e exportam, temos grandes quantidade de empresas exportadoras que acrescentam pouco valor nacional às suas exportações, logo estas seriam muito penalizadas, podendo perder a eventual melhoria de competitividade preço.
Os investimentos em capital ficariam muito mais caros, e logo a nossa capacidade de crescimento seria reduzida.
O grande objectivo de quem propõe esta medida é inflacionar a economia, como se a inflação fosse melhorar o que quer que fosse, grande parte da população (eu incluído) não tem experiência em viver com inflação de 2 digitos.
A desvalorização da moeda, é uma forma de enganar a população, uma visão colectivista, porque quem se lixa é o consumidor, terá acesso a produtos inferiores a um preço superior.
Dizem que estimula o crescimento, treta por exemplo se pensam que os cérebros saem facilmente de Portugal, esperem até sairmos do Euro, o ritmo vai disparar.
A competitividade preço é importante, mas a realidade é que ouço os empresários a queixar se mais de custos de contexto do que de salários, de impostos excessivos do que salários, etc...
Mas alguém duvida que uma saída do Euro, não irá colocar parte da população contra outra? Querem melhor cenário para os comunistas e Trotskistas que este?
Hoje Portugal vende para a Europa cerca de 75% da suas exportações, por isso se o Euro é forte ou fraco é irrelevante, o Euro forte tem benefícios, as importações de energia, matérias primas saem mais baratas ganhando competitividade preço nos custos, é uma maneira de pressionar a inovação, a melhor gestão,etc..
O Professor Huerta de Soto, tem um artigo onde defende o Euro, porque este actualmente para Portugal funciona como o Padrão ouro (imperfeito) porque retira o poder de ilusão e engano aos políticos.
Estes como não criam moeda, não tem capacidade de inflacionar, perdem a capacidade de iludir o eleitorado, como perdem a capacidade de contrair crédito para pagar dividas passadas tem de aumentar impostos, reduzir despesas, etc....
O que ocorre e aí o autor tem uma certa razão ao dizer que a austeridade não funciona, o problema é que os lobbys continuam a viver como nada se passa-se, vejam o exemplo esta semana das universidades, choraram e o Governo voltou atrás, existem inúmeros exemplos disso.
O Estado viciou as pessoas em Despesa pública, porque muita despesa é pensão, salário, receita de alguém.
As pessoas falam na rua, estamos a perder direitos, não a realidade é que hoje as pessoas estão a ver que a despesa do Estado tem de ser paga, divida não é mais que impostos futuros mais elevados porque temos de pagar os juros.
O Estado social ,como já escrevi, é um fenómeno apenas capaz de ter durado tanto tempo, devido à nossa adesão ao Euro.
Podíamos ter aproveitado e ter investido de forma inteligente, dando capacidade de investimento aos nossos empreendedores, mas não optamos por seguir o caminho do investimento público e os bancos o caminho das rendas e não no apoio ao empreendorismo, reparem que não existem em Portugal, Venture Capital.
Para não falar no abandono da produção, interessante que hoje o Cavaco fale de regressar ao mar e perder o estigma, o que é responsável em parte pela desactivação da frota pesqueira.
As pessoas preferiram o caminho fácil, o do "Estado resolve" é mais fácil ser outro a resolver que nós próprios. A democracia teve um efeito muito nocivo, um efeito secundário do Estado Social, a eliminação do gosto pelo risco, e o aumento exponencial dos avessos ao risco (também sou avesso ao risco), temos de rasgar com essa forma de estar, a sociedade não pode penalizar tanto quem arrisca.
Os keynesianos adoram o Estado Social porque este induz as pessoas a não pouparem, a consumirem mais do que de outra forma o fariam. O desenvolvimento real, a criação real de riqueza só aparece se existir poupança, sem esta como aprendemos em 2007 o crescimento é ilusório.
Consumo e poupança são competidores, se pouparmos não consumimos, mas a poupança é muito mais importante que o consumo, porque esta alavanca o investimento, sem poupança não existe investimento.
Dirão os keynesianos que não é verdade, neste mundo manipulado sim, a maioria do investimento não provem de poupança mas de dinheiro criado do nada, como explica a teoria austríaca do ciclo económico, mais cedo ou mais tarde o Boom dá em Bust, sendo que como sempre quem se lixa é o mexilhão.
A realidade é que o povo tem de evoluir, perceber que o Estado quando gasta dinheiro tem de o retirar a alguém, que o verdadeiro crescimento vêm, não de manipulações de moedas e outros que tais, mas sim pela poupança, pelo trabalho e pelo risco.
A realidade é que existem muitos dependentes do Estado.
É possível Portugal manter-se no Euro e conquistar competitividade, falam que Portugal perdeu competitividade o que é mentira, a produtividade em Portugal tem aumentado, até a ritmo superior a Alemanha. Todos tem de trabalhar e perceber que não dependem do Estado, mas de si próprios, dos seus e uns dos outros.
Temos de simplificar, reduzir burocracias, e perceber e Aceitar que o Estado Social é cancerígeno.
Este destroi o valor da família e das nossas relações de dependência
Sim todos dependemos uns dos outros, mas esta deve ser uma dependência voluntária e não coerciva como a do Estado é.
Mas ao mesmo tempo perceber que precisamos de um compromisso, eu hoje sou anarco-capitalista, mas não sou maluco, não espero que seja de hoje para amanha, sou um anarco pessimista.
Mas temos de cortar e preservar o essencial, existem pessoas que hoje sem a pensão do Estado morreriam à fome porque não tem poupança e nem capacidade para regressar ao mercado de trabalho
Apesar de ir contra o que deveria defender, o Estado devia cortar nas pensões, não pagar a ninguém mais de 2500€ (excepto nos bancos e companhia que anexaram os fundos estes reformados não tem culpa nenhuma), reduzir fortemente os empregados, reduzir os subsidio de desemprego. Reduzir na saúde, mesmo que isso implique perdas de vidas (velhos com mais de 80anos não gastar tanto com estes), reduzir na educação acabando com a obrigatoriedade, acabando com ensino universitário gratuito.
Sei que são propostas muito ofensivas para muitos, mas temos de salvar o presente e o futuro, porque senão o que defendi irá acontecer, e muito mais rapidamente com a saída do Euro.
Dar verdadeira liberdade às pessoas, romper com a subida na hierarquia da sociedade.
Este sistema só beneficia os ricos e os políticos não os cidadãos de Portugal.
Reforma do Estado
A propósito da reforma do Estado...
"One of the great debates of our time is about how much of your money should be spent by the state and how much you should keep to spend on your family. If the state wishes to spend more, it can do so only by borrowing your savings or by taxing you more. And it's not good thinking that someone else will pay. That someone else is you."
Margaret Thatcher, a 14 de Outubro de 1983
Este excerto foi retirado de um discurso da antiga primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, proferido há quase 30 anos. Um tema bastante atual...
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Sabedoria Popular - O que é a economia?
O mundo empresarial português
Em Portugal, das cerca de 370 mil sociedades comerciais consideradas no universo de análise do Banco de Portugal, 320 mil são microempresas, 40 mil são pequenas empresas, 6 mil são médias empresas e somente 1 milhar são grandes empresas.
fonte aqui
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Precisam de ficar 30-40% mais baratos
Hans-Werner Sinn, presidente do Ifo, diz que Portugal e Grécia precisam de ficar 30-40% mais baratos para voltar a ser competitivos.
O economista Hans-Werner Sinn defende, em entrevista à revista Der Spiegel, que Portugal e a Grécia devem "sair temporariamente" do euro para reganhar competitividade. "Se a Grécia deixar a união monetária, os gregos vão voltar a comprar os seus produtos e os gregos ricos irão regressar e investir no país. E se Portugal também sair, viverá a mesma experiência", disse o presidente do Ifo, um dos cinco instituto sábios da Alemanha.
Sinn avança que o Ifo estudou cerca de 70 desvalorizações cambiais e chegou à conclusão que a retoma económica surge passado um ou dois anos. "Grécia e Portugal têm de ficar 30 a 40% mais baratos para ser competitivos de novo", disse, numa entrevista em que defende que a austeridade nestes dois países "não irá resultar". Antes pelo contrário.
"As medidas de austeridade vão levar estes países à beira da guerra civil", avisa. Sinn afirma ainda que os casos irlandês e espanhol são diferentes. "Estes países estão em posição de convencer os investidores.
Espanha só tem de desvalorizar 20%", afirma o economista, antes de sugerir que isso é possível de manejar dentro da zona euro. "Grécia e Portugal estão numa categoria separada. São os únicos países que consomem mais do que produzem", remata Sinn.
notícia aqui
Trabalhos em Bruxelas - marrar à noite
Mais um revés na crença de que a planificação centralizada das economias europeias nos gabinetes em Bruxelas resulta:
A notação da dívida francesa foi reduzida pela Moody's
Veremos se o ESM e o EFSF sofrerão também ou não
Após 10 ou 11 horas de reunião que entrou bem pela noite dentro, os ministros das finanças não chegaram a acordo quanto à questão da dívida grega, ou seja, como "puxá-la" para 120% do PIB em 2020 sem causar demasiados estragos. Parece-me que querem, mais uma vez, "encontrar" soluções de gabinete para uma realidade que há muito deixou de ser um problema para se tornar uma inevitabilidade. Se ainda fosse um problema, haveria soluções, mas como já todos sabemos que é uma inevitabilidade, só já haverá desfechos.
Aguardamos cenas dos próximos capítulos, mas suspeito que encontrarão uma qualquer "solução" para desenrascar o curto prazo, prometendo aos media que o longo prazo também estará assegurado. E daqui a 1 ano ou 2, veremos que afinal foi tudo tanga e esperanças vãs. Mas para agora, isso não interessa nada!
Tiago Mestre
A notação da dívida francesa foi reduzida pela Moody's
Veremos se o ESM e o EFSF sofrerão também ou não
Após 10 ou 11 horas de reunião que entrou bem pela noite dentro, os ministros das finanças não chegaram a acordo quanto à questão da dívida grega, ou seja, como "puxá-la" para 120% do PIB em 2020 sem causar demasiados estragos. Parece-me que querem, mais uma vez, "encontrar" soluções de gabinete para uma realidade que há muito deixou de ser um problema para se tornar uma inevitabilidade. Se ainda fosse um problema, haveria soluções, mas como já todos sabemos que é uma inevitabilidade, só já haverá desfechos.
Aguardamos cenas dos próximos capítulos, mas suspeito que encontrarão uma qualquer "solução" para desenrascar o curto prazo, prometendo aos media que o longo prazo também estará assegurado. E daqui a 1 ano ou 2, veremos que afinal foi tudo tanga e esperanças vãs. Mas para agora, isso não interessa nada!
Tiago Mestre
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Escrita em dia
Blogue: O António Maria
Os ataques constantes aos PIIGS escondem uma falência bem maior: a da América e a do Reino Unido
A dívida pública dos Estados Unidos excede os 120% do PIB (104% de dívida federal, 7% de dívidas estaduais, 11% de dívidas municipais). As dívidas da Freddie Mac e do Fannie Mae, ambas garantidas pelo estado americano, correspondem a 40% do PIB. Ou seja, a dívida pública americana reconhecida oficialmente (1), que já é de 104% do PIB, e não 102,94 (2011), na realidade, se incluirmos as dívidas estaduais e locais sobe para 122% do PIB, e se considerarmos as garantias dadas pelas dívidas colossais das falidas agências governamentais de crédito imobiliário, chega aos 162% do PIB, acima, portanto, da dívida grega em 2011. Isto não são malabarismos, são números!
Por outro lado, o défice anual do governo americano já chega aos 12% do PIB. O défice português está abaixo dos 7%.
Outra medida do empobrecimento acelerado da sociedade americana: segundo o Banco Mundial, o rendimento per capita (2007-2011) dos EUA é de $48,442, enquanto que o da Suíça é de $80,391, o da Holanda é de $50,087, o da Alemanha é de $43,689, o do Reino Unido é de $38,818, e o de Portugal é de $22,330.
A tragédia que se aproxima da América, tão rapidamente quanto o furacão Sandy, poderá ter consequências muito mais funestas: chama-se falésia fiscal (fiscal cliff), ou seja, a imposição de uma redução automática do défice americano, a partir do dia 1 de janeiro de 2013, no montante de 4% do PIB, ou seja, mais de 600 mil milhões de dólares —500 mil milhões de aumentos fiscais e 100 mil milhões de cortes na despesa.
Quanto ao caso inglês, mede-se por um único gráfico: o da situação das responsabilidades do governo britânico em sede de pensões de reforma: 343% do seu PIB!
Para termos uma ideia aproximada do que a falésia fiscal e o colapso dos sistemas de segurança social podem causar no sistema financeiro americano, inglês e mundial, apenas temos que ter em conta que o mesmo assenta basicamente num pilar: a confiança, ou fidúcia. Se este ruir, o sistema cairá como um castelo de cartas, de um momento para o outro. O estrago será tanto maior quanto maior for o lixo escondido atrás da confiança. Por exemplo...
Há dois buracos negros, e não apenas um, no sistema financeiro mundial, que vem, desde meados dos anos 80 do século passado, criando um vácuo que acabará por sugar o sistema financeiro mundial para as suas profundezas sem saída. Um destes buracos é formado pelos derivados financeiros não regulados (OTC), e o outro é constituído pelo chamado Shadow Banking: intermediários financeiros não bancários —edge funds, special investments vehicles (SIV) e money market funds. O primeiro buraco negro (2) tem um potencial máximo de destruição na ordem de 10x PIB mundial (ou seja, 639x10E12 USD, em novembro de 2012), o segundo buraco negro (3) representa algo muito próximo do PIB mundial de 2011, ou seja, 70 milhões de milhões de dólares. No momento em que os bancos, companhias de seguros, fundos de pensões, ou governos deixarem de poder honrar contratos, nomeadamente por efeito da fadiga crescente da monetização das dívidas, o castelo começará a ruir. Com as economias paradas, a borregar, ou em fase de abrandamento dos crescimentos rápidos (países emergentes), como e quando poderão ser honrados compromissos equivalentes a 10x o PIB mundial, ou equivalentes mesmo a 1x o PIB mundial?
São, em suma, duas borbulhas horrorosas que acabarão de rebentar por si se entretanto não as soubermos espremer devagarinho. E quando rebentarem, vai ser tão trágico quanto a sorte do senhor Creosote dos Monty Python.
Não deixa de ser sintomático que cerca de 96% da exposição americana a este mercado de derivados fora de controlo (basicamente associados à especulação com taxas de juro, mercados cambiais, equities, commodities, e CDS) esteja na posse de cinco bancos apenas, quatro dos quais são americanos, e um inglês: J.P.Morgan, Citi Group, Bank of America, Goldman Sachs e o inglês HSBC.
Por alguma razão a América, o Reino Unido e as suas ratas sábias, a que chamam agências de notação, olham e querem que todos olhemos apenas para a tragédia grega!
Estamos cada vez mais perto do que David Hackett Fischer chama o fim de uma vaga de revolução nos preços (price revolution), a qual teve início no fim da chamada Era Vitoriana e exibe agora todas as características do colapso de uma longa era: crise energética e de recursos alimentares à escala global, excesso populacional, envelhecimento demográfico, inflação e desvalorização monetária (disfarçadas até a crise deo Subprime e colapso do Lehman Brothers pela criação imparável de dinheiro fictício e destruição das taxas de juro), perda de rendimentos, insolvência das empresas, das pessoas e dos governos, amplificação das desigualdades sociais.
Keynes teorizou, Krugman papagueou e Obama está mais perto de, sob a pressão constante do lóbi sionista de Israel e dos industriais de armamento americano, repetir a Grande Experiência. Só que desta vez vão precisar de milhares de drones (UAV), pois carne para canhão jovem e tenra é coisa que escasseia e a que existe está cheia de químicos imprevisíveis nas veias :(
Relógio das dívidas americanas
NOTAS
Onde está o porco?
©ASN para O António Maria |
Os ataques constantes aos PIIGS escondem uma falência bem maior: a da América e a do Reino Unido
“Every day that the markets are open the US government borrows an additional $4billion, roughly. For 5 years running the country’s budget deficits were considerably in excess of $1 trillion. Britain is among the world’s most highly indebted societies if you combine private and public debt, and despite all the blather in the press about ‘austerity’, the public sector keeps going more into debt. Japan has long been a bug in search of a windshield.”
Some personal thoughts on surviving the monetary meltdownBy Detlev Schlichter On November 17, 2012 .
A dívida pública dos Estados Unidos excede os 120% do PIB (104% de dívida federal, 7% de dívidas estaduais, 11% de dívidas municipais). As dívidas da Freddie Mac e do Fannie Mae, ambas garantidas pelo estado americano, correspondem a 40% do PIB. Ou seja, a dívida pública americana reconhecida oficialmente (1), que já é de 104% do PIB, e não 102,94 (2011), na realidade, se incluirmos as dívidas estaduais e locais sobe para 122% do PIB, e se considerarmos as garantias dadas pelas dívidas colossais das falidas agências governamentais de crédito imobiliário, chega aos 162% do PIB, acima, portanto, da dívida grega em 2011. Isto não são malabarismos, são números!
Por outro lado, o défice anual do governo americano já chega aos 12% do PIB. O défice português está abaixo dos 7%.
Outra medida do empobrecimento acelerado da sociedade americana: segundo o Banco Mundial, o rendimento per capita (2007-2011) dos EUA é de $48,442, enquanto que o da Suíça é de $80,391, o da Holanda é de $50,087, o da Alemanha é de $43,689, o do Reino Unido é de $38,818, e o de Portugal é de $22,330.
Quanto ao caso inglês, mede-se por um único gráfico: o da situação das responsabilidades do governo britânico em sede de pensões de reforma: 343% do seu PIB!
Fonte: ONS (através do ZeroHedge) |
Para termos uma ideia aproximada do que a falésia fiscal e o colapso dos sistemas de segurança social podem causar no sistema financeiro americano, inglês e mundial, apenas temos que ter em conta que o mesmo assenta basicamente num pilar: a confiança, ou fidúcia. Se este ruir, o sistema cairá como um castelo de cartas, de um momento para o outro. O estrago será tanto maior quanto maior for o lixo escondido atrás da confiança. Por exemplo...
Há dois buracos negros, e não apenas um, no sistema financeiro mundial, que vem, desde meados dos anos 80 do século passado, criando um vácuo que acabará por sugar o sistema financeiro mundial para as suas profundezas sem saída. Um destes buracos é formado pelos derivados financeiros não regulados (OTC), e o outro é constituído pelo chamado Shadow Banking: intermediários financeiros não bancários —edge funds, special investments vehicles (SIV) e money market funds. O primeiro buraco negro (2) tem um potencial máximo de destruição na ordem de 10x PIB mundial (ou seja, 639x10E12 USD, em novembro de 2012), o segundo buraco negro (3) representa algo muito próximo do PIB mundial de 2011, ou seja, 70 milhões de milhões de dólares. No momento em que os bancos, companhias de seguros, fundos de pensões, ou governos deixarem de poder honrar contratos, nomeadamente por efeito da fadiga crescente da monetização das dívidas, o castelo começará a ruir. Com as economias paradas, a borregar, ou em fase de abrandamento dos crescimentos rápidos (países emergentes), como e quando poderão ser honrados compromissos equivalentes a 10x o PIB mundial, ou equivalentes mesmo a 1x o PIB mundial?
São, em suma, duas borbulhas horrorosas que acabarão de rebentar por si se entretanto não as soubermos espremer devagarinho. E quando rebentarem, vai ser tão trágico quanto a sorte do senhor Creosote dos Monty Python.
Não deixa de ser sintomático que cerca de 96% da exposição americana a este mercado de derivados fora de controlo (basicamente associados à especulação com taxas de juro, mercados cambiais, equities, commodities, e CDS) esteja na posse de cinco bancos apenas, quatro dos quais são americanos, e um inglês: J.P.Morgan, Citi Group, Bank of America, Goldman Sachs e o inglês HSBC.
Por alguma razão a América, o Reino Unido e as suas ratas sábias, a que chamam agências de notação, olham e querem que todos olhemos apenas para a tragédia grega!
Estamos cada vez mais perto do que David Hackett Fischer chama o fim de uma vaga de revolução nos preços (price revolution), a qual teve início no fim da chamada Era Vitoriana e exibe agora todas as características do colapso de uma longa era: crise energética e de recursos alimentares à escala global, excesso populacional, envelhecimento demográfico, inflação e desvalorização monetária (disfarçadas até a crise deo Subprime e colapso do Lehman Brothers pela criação imparável de dinheiro fictício e destruição das taxas de juro), perda de rendimentos, insolvência das empresas, das pessoas e dos governos, amplificação das desigualdades sociais.
Keynes teorizou, Krugman papagueou e Obama está mais perto de, sob a pressão constante do lóbi sionista de Israel e dos industriais de armamento americano, repetir a Grande Experiência. Só que desta vez vão precisar de milhares de drones (UAV), pois carne para canhão jovem e tenra é coisa que escasseia e a que existe está cheia de químicos imprevisíveis nas veias :(
Relógio das dívidas americanas
NOTAS
- Estas cifras verdadeiras contrastam com alguns números oficiais, resultantes, no fundo, do desenho dos chamados perímetros orçamentais, os quais se prestam a martelar as contas públicas em vários países sobre endividados. Para um gráfico negro dos PIIGS e cor-de-rosa pálido dos EUA do Reino Unido, com a teia europeia do endividamento, ver esta atualização sofrível (mas incompleta) da BBC: Eurozone debt web: Who owes what to whom? (BBC News).
- ZeroHedge.
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