terça-feira, 9 de abril de 2013

Uma piquena chatice com a porra do excesso de renováveis no nosso país

De acordo com uma notícia da edição impressa do jornal Público de ontem, o custo das renováveis em 2013 será de... 1312 milhões. Isso mesmo.

Mais de mil milhões só para financiar o excesso de eólicas em Portugal - yuppi
E como todos sabemos, este sobrecusto na produção de energia ainda não está vinculado aos preços da eletricidade (o Álvaro continua a adiar) e portanto poderemos juntar os 1312 mil milhões de défice tarifário de 2013 aos já 4 ou 5 mil milhões de euros de défices acumulados desde 2007, altura em que começámos a loucura de estimular eólicas dizendo aos produtores que lhes comprávamos a energia a um preço do outro mundo.
Claro, foram todos atrás. Obrigado José Sócrates e Manuel Pinho.

Com a chegada da troika, percebeu-se que estes custos eram uma loucura e teriam que baixar. Como?

Alocando a venda de emissões de CO2 por parte do Estado às indústrias nacionais no abate do custo das eólicas.
Supostamente, com o mercado de emissões de CO2, emitir poluentes para a atmosfera custa dinheiro às empresas (estímulo indireto para investirem na despoluição das suas unidades). É o Estado que vende essas emissões a um determinado preço de mercado, de acordo com as necessidades das indústrias.

Supostamente, o Álvaro informou a ERSE de que para 2013, a venda dessas emissões resultaria numa faturação de 222 milhões de euros para o Estado, e que serviria para abater o custo das renováveis de acordo com as regras do jogo.

A lógica é: pagar o sobrecusto da energia verde com as receitas das entidades poluentes. Um esquema engenhoso mas que conta muito com os ovos no cú da galinha.

Vai daí, e a ERSE usou os 222 milhões nas suas contas para abater ao custo das renováveis em 2013.

Vem-se agora perceber ( e isto é que é a notícia do jornal ) que afinal os 222 milhões de euros de faturação serão impossíveis de alcançar, e porquê?

Porque há menos indústrias a pedir licenças de emissão, e o preço da tonelada do CO2 desce.
Menos liquidez e menos procura = preços mais baixos

O Estado pouco pode fazer já que não tem condições para vender essas emissões a ele próprio.

Ao preço a que está a ser vendida a tonelada do CO2 nos leilões em 2013 (4,6€ por tonelada), o Estado provavelmente arrecadará apenas 25% das receitas esperadas, ou seja, em vez de faturar 222 milhões, quanto muito faturará 55 a 60 milhões de euros.

Ooops, e assim continuamos a tentar baixar o sobrecusto das renováveis, mas sem grande sucesso.

Mais cedo ou mais tarde todos estes sobrecustos entrarão na fatura da nossa eletricidade. Se não for pela esquerda, será pela direita. Eles bem tentam alocar esse sobrecusto noutras rúbricas, mas não é fácil, porque depende de muitas coisas.
Preparem-se porque caso o governo caia e a verdade nesta matéria emerja novamente, poderemos ter aumentos do preço da energia elétrica a rondarem os 30, 40 ou 50%. Neste momento já nem sei bem qual será a percentagem de aumento, tal é a confusão das contas nesta área.

Tiago Mestre

2 comentários:

Eduardo Freitas disse...

Aliás, o brilhantismo da estratégia (?) é esmagador - atenuar a subida dos preços em factores produtivos pelo encarecimento artificial de outros. Uma pura e simples manipulação de preços é o que é, em benefício de uns (poucos) à custa de outros (muitos). O estatismo no seu pior. A "justificação" é, evidentemente, salvar a Terra do próprio Homem.

vazelios disse...

Estás muito forte em matérias de energia mas é tudo tão confuso...