segunda-feira, 6 de maio de 2013

Spain


Estive uns dias por Espanha, nomeadamente em Donosti, País Basco.

Estava Eu no hotel e ao fazer zaping pelos canais da televisão apercebi-me de algo super interessante, o teor da discussão económica é muito similar ao que assistimos em Portugal.

Por exemplo o Rajoy numa quarta feira anuncia que na sexta feira não haveria uma aumento de impostos, chegamos ao dia e não só se aumentam impostos como se criam novos impostos.

É fantástico como os políticos sejam eles portugueses sejam eles espanhóis pensam da mesma forma..

Outra coisa fantástica é que por lá um Ford Fiesta custa 8800€ e por cá 12500€.

Não tive oportunidade de perceber como a crise afecta o país, País Basco é das zonas mais ricas de Espanha e com o menor desemprego (16% contra 27,16), e não me pareceu muito diferente da última vez que lá tinha estado (em 2009).

Sempre que vou a um país diferente, vou aos supermercados ver os preços, constatei que eram similares a Portugal (uns produtos mais baratos outros mais caros).

O que me deixou impressionado foi que o chocolate milka era 30% mais barato que em Portugal, a água mais barata custava o dobro do que por cá.

Comer num restaurante era bastante mais caro do que no Porto (zona onde vivo) e bastante pior.

O que retirei das pessoas com quem falei e pelo pouco que vi, é que é um Povo profundamente socialista (como é o português), e que o valor da poupança há muito que foi abandonado.

É um país que, como Portugal, apostou na construção como motor de crescimento, País onde existe muita corrupção e obras públicas que não se percebe bem o interesse.
País com muita divida pública escondida, penso que se pedissem um resgate que iriam ver a divida aumentar
de forma explosiva.

Um país em que o salário médio é superior ao da Alemanha, com um salário mínimo de 646€ e com 27,16% de desemprego oficial (o real deve passar seguramente os 30%), zonas em que o desemprego (andaluzia) ultrapassa os 36%, e não se pode sequer falar em baixar salários (apesar de na realidade estar a baixar).
Culpa-se ainda mais a sra Merkel do que por aqui.

Perguntei a alguns espanhóis com quem privei se sabiam quem era o Prof Huerta de Soto, nenhum o conhecia....

2 comentários:

Carlos Antunes disse...

Aproveitando o feriado, fiz umas mini-férias "low cost" por Castilla(salamanca, ávila, madrid / toledo / segóvia, valladolid).
Impressões muito semelhantes às do Filipe.
Tinha estado em Madrid em 2006 e agora encontrei uma cidade bem mais apagada (acabou-se a euforia e orgulho/confiança desmedida). Já não encontro tanta gente nos bares de "copas" e "tapas". Aliás, tal como em Portugal encontrei muitos estabelecimentos de restauração praticamente às moscas. O que mais me impressionou lá, foi ver (ainda mais do que cá) uma sociedade geriátrica: muitos idosos muito bem na vida... mas muitos jovens parados, sem perspectivas de futuro, sem dinheiro, eternamente à espera não se sabe do quê - completamente perdidos e desorientados! Percebo o porquê dos "indignados": houve uma geração que teve tudo... e agora as gerações seguintes pagarão a factura.
Mas vi que eles estavam melhor em algumas coisas: as obras em auto-estradas foram mais modestas que as nossas. As deles, são menos e menos luxuosas.

Carlos Antunes disse...

Por outro lado, nas cidades históricas que visitei vê-se um NOTÁVEL trabalho de reabilitação das cidades históricas (aproveitaram muito melhor do que nós os fundos comunitários: puseram os centros históricos deles "um brinco" e agora vão tirar o proveito durante décadas: em Toledo e Segóvia os turistas asiáticos são aos milhares... e a "destrocar" largo! Só com a receita do Turismo, estas cidades ficarão praticamente auto-sustentadas.
Fizeram uma coisa que aqui em Portugal (devido ao que julgo à burocracia e preconceito estúpido do IGESPAR) não fazemos: chegaram às ruínas e mexeram nelas: reconstruíram tudo (claro que com cuidado e usando as mesmas técnicas e materiais da época)! Por exemplo, Segóvia está praticamente toda reconstruída, belíssima, mas vê-se que continuam obras de reconstrução das muralhas, em pequenos sectores em que estas desabaram. Isso é sentido prático: há que mexer nas ruínas e dar-lhes uma nova roupagem prática/turística! Que interesse têm pedras em ruínas, por muito genuínas que sejam?? Porque continuamos com esse preconceito aqui e não fazemos como eles fizeram???
Somos de facto um país de burocratas e pseudo-intelectuais... e não admira que estejamos falidos!
Nota-se que em Espanha são um povo mais exigente e organizado: lá organizam-se em pueblos e cidades com quarteirões uniformizados (onde vivem mesmo os mais destacados membros da sociedade, muitas vezes em meros apartamentos). Aqui, mesmo no centro das nossas cidades, nunca juntamos as casas de modo a formar uma rua/quarteirão: aqui é o puro individualismo, desorganização e bandalheira: cada um tem a sua casa, separada do resto da rua, e do modo que quiser: preto, vermelho, amarelo, de cimento, de tijolo, com azulejo, mais baixa ou em torre - como bem lhe der na gana!!
Resultado: eles têm cidades organizadas e harmoniosas, nós temos esterco à superfície!
Eles têm os recursos concentrados no centro das cidades/pueblos, nós gastamos rios de dinheiro porque aqui as pessoas vão morar a 5 ou 10 km das vilas, no meio dos montes, mas exigem na mesma saneamento, água canalizada, eletricidade, telefones, etc, etc. Até mesmo centros de saúde e pavilhões no meio de nenhures e para meia-dúzia de pessoas!! É a bandalheira total e o completo desgoverno de recursos, com o apoio dos nossos sempre solícitos "autarcas", desejosos de mostrar "obra".
Assim não dá!..
Eles são muito mais racionais e organizados nisso.
Basta ir aqui ao lado, a Valladolid (que nem é cidade turística de referência) e ver como eles organizaram impecavelmente a cidade: a Europa começa ali!! E não é longe... nem sequer é uma cidade famosa! Mas é uma cidade impecável!
Contudo, noutra coisa me pareceram idênticos a nós: uma elite a viver muito bem, mas com enormes desigualdades e muita gente com dificuldades. Também muita corrupção.
Terão problemas sérios, como nós.
Mas têm mais condições do que nós para os poder ultrapassar!
Aqui é que não parece haver remédio... e o mal é o grosso da nossa população, que são autênticos grunhos... mas que votam!
Porque é que até mesmo para conduzir são precisos testes (incluindo em alguns casos de veículos pesados, testes psicotécnicos), mas para votar qualquer grunho pode votar e ter o mesmo peso de uma pessoa minimamente esclarecida e preocupada?? Podem ter-se opiniões diferentess, claro, que teriam que ser respeitadas - mas deveriam ser exigidos testes de aptidão mínima para votar!! Ou estaremos eternamente condenados à ditadura dos grunhos!
Esta democracia assim é uma farsa, e só serve aos políticos, para poderem manipular as massas à sua bela vontade, sem que a multidão perceba as causas e lhes aponte a responsabilidade - mas não é de facto a melhor forma de governo da sociedade.
Cada vez temos políticos piores e mais falsos (sem qualquer experiência de vida / obra feita, e cuja única especialidade é enganar as massas).