segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Meu Querido Mês de Novembro

À semelhança do que já fazia no Contas, tentarei aqui no Viriatos continuar com a publicação dos posts "Meu Querido Mês de ...", na perspetiva de comparar as previsões que fiz há 15-20 dias com o que aconteceu na realidade, bem como as perspetivas para as próximas semanas.

A 13 de Outubro de 2012, quando fiz o último post, o índice PSI 20 situava-se nos 5360.

A 2 de Novembro há 3 dias, situava-se nos 5383. A valorização foi de ... 0,4%.

Este magro crescimento está novamente em linha com as previsões que tinha feito e que podem ler aqui. O mega-estímulo que Draghi / Bernanke promoveram depois do Verão há muito que estava priced in, pelo que o seu anúncio oficial não passou de uma mera formalidade.

Parece-nos que neste momento a bolsa portuguesa não consegue atrair mais dinheiro, pelo que o jogo é simples: para haver um ganhador tem que haver um perdedor.

Mas por outro lado, também me parece que o dinheiro que era canalizado para a aquisição de obrigações portuguesas parou, já que a yield das OT's a 10 anos voltou a subir a fasquia dos 8%, e na última notícia que ouvi, estava mais perto dos 9% do que dos 8%.
Isto significa que também aqui o dinheiro deixou de chegar nas quantidades que chegava. Apareceu mais gente gente a querer vender do que a querer comprar.
E porquê?

Estive a relembrar-me das declarações das elites políticas, e talvez tenha sido a declaração de Lagarde a sugerir mais um perdão de dívida à Grécia. É verdade que sugeriu que fossem apenas os credores públicos a levar a pancada, mas certamente que muita gente não irá querer ficar na fila de espera.

Mas o dinheiro que saiu do mercado de obrigações não foi parar à bolsa portuguesa.
Será que os bancos já esgotaram todos os títulos de dívida soberana como colateral no pedido de empréstimos ao BCE?
Será que face aos levantamentos de dinheiro que os portugueses realizaram no último mês, os bancos tiveram que entrar com mais reservas para compensar esse facto?

Acredito que nesta fase do campeonato são os bancos portugueses que dominam completamente o mercado de obrigações portuguesas, sendo o BES o cabecilha do grupo. E qualquer movimentação deste provoca grandes oscilações.

No que toca à bolsa portuguesa, continuo a prever que os próximos 15 a 20 dias não serão lá muito animadores para os investidores, ou seja, não haverá ganhos de relevo.

Ficaremos dependentes da aprovação do novo orçamento grego esta quarta-feira. Samaras já avisou que se não for aprovado, kaput. Veremos se o partido da Esquerda que compõe a coligação sucumbe à pressão do partido de Samaras ou se é coerente com os seus princípios e com o que disse na semana passada e vota NÃO.

Tiago Mestre

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