quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A propósito de previsões...

As previsões valem o que valem.

Nos últimos tempos, o debate político tem sido centrado nas margens de erro e nas probabilidade de falhanço ou não das previsões económicas do governo. Deixem-me, antes de mais, salientar que as previsões valem o que valem; elas são falíveis e quem procurar provar o contrário só estará a gastar energia em 'desnecessidades' e a desfocar-se daquilo que é essencial.

Vejamos, qualquer um de nós, qualquer cidadão comum, faz no seu dia-a-dia previsões de quais vão ser as suas despesas no futuro e quanto vai gastar no total, para depois ter de ajustar às suas receitas (salário e outros). Fazemos as previsões para o mês, ano seguinte, daquilo que vamos comprar, se vamos comprar carro, casa, computador, etc. Mas nem sempre acertamos! Dou o exemplo de um problema informático irreversível no nosso computador, logo vamos ter de comprar um novo; ou então um acidente automóvel grave e vamos ter de comprar um novo ou ainda, umas cheias em nossa casa e vamos ter de proceder a obras de requalificação, tudo despesas que não estavam previstas. O tornado em Silves, por exemplo. 

Poderíamos ter ainda a situação de um amigo nosso nos pedir para simularmos as  despesas e receitas dele para alcançar um saldo (positivo ou negativo), na condição de ele nos dar todos os dados que sabe acerca daquilo que pensa ganhar e gastar; isto na situação de ele não perceber nada de matemática nem de contabilidade. Se nós não somos capazes de acertar com exatidão as nossas próprias previsões, como vamos ser capazes de determinar com rigor as despesas e receitas de terceiros?

Agora imaginem isto na escala de 10 561 614 pessoas! 

É esta a escala a que o governo tem de fazer previsões. Para que o governo conseguisse com precisão calcular os dados económicos e orçamentais, seria necessário saber de ante-mão todas as ações individuais de consumo e poupança, ações essas discriminadas por impostos e diferentes taxas de IVA, já agora.

Um conselho: preocupem-se menos com as previsões e mais com a economia real, essa sim importante na vida das pessoas. Moderemos essa ansiedade em acertar previsões. É imperativo nacional alterar o debate político para questões realmente decisivas para o futuro do país como uma possível descida de impostos sobre as empresas e um corte ainda mais aprofundado na despesa. Há muito que fazer.

E que se lixem as previsões!

Bernardo Botelho Moniz

3 comentários:

vazelios disse...

O importante é as mudanças estruturais, a mudança de tipo de sociedade.

Mas a esquerdalha adora o momento de saida das previsões, é outra oportunidade de ataque.

Se o governo tem de atingir 5% de défice, se atingir os 6% é porque falhou, se conseguir chegar aos 4,8% foi porque foi além da troika e bla bla bla...conversa fiada.

Portanto, para além de ser dificilimo fazer previsões, é uma tarefa impossivel acertar exactamente no número exacto. E consequentemente sofrer ataques quer seja acima ou abaixo.

As previsões e sondagens a mim nada me dizem.

Os dados, resultados, gráficos historicos dizem tudo, mas isso, ninguém quer saber...

Vivendi disse...

Já na balança comercial a previsão era para ser atingido o equilíbrio 2016 e foi o que se viu o equilíbrio está quase feito.

O que o governo fez de errado foi não avançar com cortes da despesa. Aí as previsões já seriam menos falíveis.

Mas deixemos as previsões para os astrólogos.

Anónimo disse...

muito bom texto