MITOS
DE VOLTAR ESCUDO
MITO I: VOLTAR AO ESCUDO NÃO É SAIR DO EURO
O escudo a reaparecer deve apenas substituir o euro como moeda comercial e não nos mercados financeiros onde o euro terá de continuar a ser a moeda de referência.
Este esquema é o imediatamente anterior até à fixação do valor do escudo face ao
Portugal aderira ao E.C.U. (European currency unit/Sistema Monetário Europeu) em 1992 e usou o Euro como moeda escriturária desde 1999.
Aqui o que se propõe é uma barreira através da moeda que indique claramente o poder de aquisição da sociedade portuguesa, a sua economia, sobre o exterior. Esse é o papel fundamental de uma moeda. E quanto menos estiver ligada a produtos financeiros maior é a capacidade que os elementos de uma comunidade têm de controlar o valor da sua economia. Fica imediatamente evidente que se consumirmos produtos Portugueses se está directamente a salvaguardar a riqueza interna.
Mantendo-se o Euro como moeda escriturária interbancária impede-se que o escudo seja manipulado facilmente pela especulação.
MITO II: A DIVIDA DA CASA PASSA PARA ESCUDOS
A dívida de residentes sobre sobre instituições nacionais e em contratos nacionais passa para Escudos, i.e., a moeda de curso legal, tal como passaram para Euros quando o escudo acabara.
A dívida sobre não residentes pode ou não passar para escudos dependendo de que lei nacional que gere o contrato e clausulas deste.
A dívida adquirida ao BCE e à CE mantém-se em Euros.
A dívida ao FMI mantém-se em direito de saque especial.
MITO III: NÃO HAVERÁ HIPER-INFLAÇÃO
Desvalorização cambial não significa perda de poder de compra. O poder de compra é algo que é variável (tal como o índice de preços) e readéqua-se à variação de preços. A desvalorização cambial faz uma descriminação positiva na inflação e os produtos afetados serão os importados, favorecendo as empresas portuguesas que passam a ter maior competitividade, isso estimula emprego e aumento de salários.
Por outro lado a injeção de liquidez, ou melhor o aumento da massa monetária com vista a financiar projectos de investimento que traduzam produção de bens transaccionáveis não implica desvalorização cambial. Na medida que essa nova emissão traduza real crescimento e aumento de transacções não dá lugar a perda global de valor da moeda.
MITO IV: A REEXPORTAÇÃO NÃO FICA MAIS CARA
Os preços de orçamentação para o exterior não serão afectados visto que serão sempre em moeda estrangeira de cariz internacional, euros ou dollars, se forem comprados nestas moedas mantém-se nessas moedas tabelados. A variação será no peso do trabalho que ficará mais barato.
MITO V: O PETRÓLEO e GÁS FICAM MAIS CAROS A ELECTRICIDADE NEM POR ISSO
Em termos energéticos Portugal nunca esteve tão próximo da autosuficiência. A electricidade é mantida cara devido às compensações dadas aos promotores de energias renováveis, as quais foram mal pensadas.
O petróleo e gás ficarão mais caros. Contudo um pouco de diplomacia poderá resolver parte do problema. Angola é o maior fornecedor de petróleo a Portugal, grande parte dele para reexportar para os EUA e Espanha.
Portugal paga toda
essa exportação com vinho e produtos alimentares. Pode-se fazer um acordo
comercial com Angola para aceitarem um valor fixado em contrato (já o é) em
escudos, os quais os Angolanos usariam para nos pagar o que importam. Se for
unicamente para a quantidade de petróleo consumida em Portugal estamos a falar
de um peg ou fundo de maneio pequeninho, mais pequeno que o para o escudo
cabo-verdiano.
MITO VI: A POLITICA MONETÁRIA NÃO FICA NAS MÃOS DA POLÍTICA.
O Banco de Portugal tem um historial de competência e estabilidade que é inveja para qualquer banco central. Compete ao BdP solidificar a politica monetária em dialogo constante com o Governo, mas é o BdP que a decide em última instância.
MITO VI: A POLITICA MONETÁRIA NÃO FICA NAS MÃOS DA POLÍTICA.
O Banco de Portugal tem um historial de competência e estabilidade que é inveja para qualquer banco central. Compete ao BdP solidificar a politica monetária em dialogo constante com o Governo, mas é o BdP que a decide em última instância.
Dentro dos tratados da UE não é possível a bancos centrais financiar o estado. Esse tipo de injecção de liquidez é muito perigosa. Contudo é urgente que haja emissão monetária para financiar projectos de investimento na produção de bens transácionáveis (não para serviços ou obras públicas).
MITO VII: DESVALORIZAR O CÂMBIO EM 20% NÃO É DESVALORIZAR O SALÁRIO EM 20%
A perda de poder de compra é muito menor do que a desvalorização cambial. O salário baixa para o exterior mas não internamente, pois a maioria dos produtos Portugueses não sofrerão aumento imediato. Contudo haverá estimulo para criar mais emprego e para o salários crescerem. Hoje a relação dos salários está desimulada com a dívida pública que de alguma maneira é uma compensação para a balança comercial negativa.
MITO VIII: VOLTAR AO ESCUDO NÃO É PERDER AS POUPANÇAS
Perde-se valor face ao exterior é certo mas uma poupança, entesourada, será gratificada com juros altos face a uma desvalorização externa. Contudo na situação actual a perda de valor será enorme devido ao confisco através de impostos que está a ser realizado pelo estado. Se houver crescimento económico o Estado terá muito menos necessidade de aumentar os impostos.
5 comentários:
Interessante, contudo com erros em quase todas as análises.
Foi escrito para defender um ponto de vista e adequado a esse mesmo ponto de vista.
Pedro, já estava com saudades do teu espírito crítico
Tenho dado sempre uma vista de olhos Tiago.
Mas durante a semana tenho tido muito trabalho, no fim de semana estive fora e sem acesso a internet.
E que tal aprofundarmos este tema meus senhores? Parece-me bastante pertinente.
Vivendi, para te ser franco, nem sei bem como aprofundar esta questão. Sinto-me um bocado nabo nesta história de moeda nova / moeda velha.
E pior do que isso, não consigo perceber nem sequer conceber como reagirão as pessoas em virtude destas alterações tão paradigmáticas em períodos de crise tão agudos.
E é a reação das pessoas a estas mudanças que no fundo me preocupa e me cativa. Mas estou longe, muito longe.
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