sábado, 3 de novembro de 2012

O soundbyte do momento

Lendo as notícias que correm, tanto nas televisões como nos jornais e respetivas edições eletrónicas, começa a ganhar impulso a necessidade de verdadeiramente cortar na despesa pública, e para que tal aconteça, vacas sagradas têm que ser relativizadas, como a Constituição Portuguesa e outras que tais.

Muito me apraz que o assunto comece a ser objeto de discussão na praça pública, e de certa forma surpreende-me pela positiva, porque todos os sinais até há 1 mês apontavam para a morte da austeridade e avanço no crescimento dos défices e das dívidas.

Parece-me também que tudo isto é um bocado cíclico e aos trambolhões:

Pede austeridade pelo lado da despesa e espera-se pelos resultados.
Não se gosta dos resultados e declara-se morte à austeridade.
Olha-se para o Orçamento de Estado do ano seguinte e é preciso reduzir o défice em 4 ou 5 mil milhões.
Aumentam-se os impostos para ver se o barro cola. Ninguém gosta e é um coro de críticas.
Voltamos novamente a pensar em corte de despesa, mas como ninguém gosta, pede-se novo reforço do FMI para patrocinar estas medidas.
Alguém irá dizer onde se deve cortar, e como se pode fazer isso.
Novo coro de críticas a dizer que NÃO, NÃO e NÃO.

Para não afugentar eleitorado, evitam-se verdades desagradáveis e sacrifícios insuportáveis. Só quando já não há mais nenhuma saída política é que a verdade e as decisões difíceis lá vão saindo às pinguinhas.

Atualmente vivemos o seguinte momento político:
- É preciso cortar 4 mil milhões na despesa nos próximos 2 anos, mas como serão medidas impopulares, pede-se patrocínio ao FMI sob a forma de "ajuda na procura de cortes deste montante", como se fosse assim tão difícil encontrá-los, (bastava lerem o Contas, modéstia à parte), e pede-se ao PS que caucione uma alteração constitucional que permita tais cortes e não barafuste muito..

Como consequência de tudo isto, impera a falta de rigor e a total incompetência na gestão destes assuntos.

Tiago Mestre

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