quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

1,4% de crescimento em 2014 já serve para tudo

Caros leitores e leitoras, face ao que ouvi ontem na televisão, só temos mesmo que ultrapassar o ano de 2013, porque para Passos Coelho, 2014 será um ano de expansão económica, e com o corte dos 4 mil milhões que se pretende fazer, a redução fiscal, leia-se diminuição de impostos, será uma realidade.

Oxalá ele tivesse razão, mas penso que está a por a carroça muuiiito à frente dos bois. Faz-me lembrar o discurso otimista do Pontal em Agosto de 2012, para que logo no mês seguinte se anunciasse o falhanço da meta do défice, a proposta da TSU e o ENORME aumento de impostos para 2013.

Eu percebo que num mundo de notícias más e horríveis, o governo tente relevar aquilo que supostamente é bom, mas quando a realidade chega e nos diz que afinal essas promessas e intenções não se concretizaram, quem fica chamuscado é o próprio mensageiro, já que a mensagem acaba por se perder no meio de tanta conversa quotidiana. Penso que Passos Coelho puxou de muitos coelhos da cartola ao mesmo tempo, senão vejamos:

-  Agarra-se ao tal crescimento de 1,4% para 2014 que o BdP anunciou
-  Mas o BdP refere que este suposto crescimento não tem em conta um conjunto de medidas, nomeadamente o corte dos 4 mil milhões do FMI, conforme um leitor nossos anónimo publicou num comentário anteriormente.
-  Se houver corte não haverá certamente aumento de PIB, e portanto o ciclo de expansão económica adia-se
-  Não havendo expansão económica, parece-me difícil que com um mero corte de 4 mil milhões seja possível reduzir significativamente os impostos.
Sem "coisas" extraordinárias, em 2013 o défice andará pelos 8-10 mil milhões, e provavelmente em 2014, com os tais cortes previstos, poderá andar nos 6 a 8 mil milhões. Reduzir impostos com défices desta dimensão parece-me um sonho, mas enfim

Não acredito que Passos Coelho não soubesse desta contradição matemática, pelo que, para mal dos nossos pecados, e porque não vejo ninguém melhor do que ele no horizonte político, esta foi mais uma atoarda para o ar, a ver se o barro cola para que o governo compre mais alguns meses.

Não me parece sério da parte dele e entristece-me ver a política democrática ser conduzida desta maneira.

Tiago Mestre

1 comentário:

Anónimo disse...

Habituamente dizem os entendidos na matéria que não é necessário tributar as grandes reformas, pensões/aposentações porque não representam economia de escala... é um pensamento medíocre. Porque se pouparmos 400 milhões de euros/ano em 10 anos quanto é que se poupa e em 30 anos... pelo vistos é dinheiro ou 12000000000 euros são poucos zeros! (12 bn)
Depois mais os milhões que não são declarados ao fisco por esquecimento + os milhões que prescrevem nas finanças/tribunais + os milhões que se roubaram nas obras pública (que deveriam custar X e custaram X+Y+Z) + os milhões das PPP's (consultar relatórios do Tribunal de Contas que indica as ineficiências ao longo destes 30 anos) :)
Não basta apenas cortar no Estado... tem que se reformar, mas não chega!