Pela enésina vez tivémos mais uma greve dos trabalhadores do Metro de Lisboa, reivindicando o seguinte:
Os protestos visam “lutar contra o desmantelamento da empresa” e a “defesa de postos de trabalho e de um serviço público de transporte, ao serviço da população”, afirmou Anabela Carvalheira, acrescentando que a “convenção colectiva de trabalho não é cumprida, com os trabalhadores a receberem menos 30% das remunerações mensais”.
Quando ouvi a notícia ontem no rádio fiquei a pensar e desconfiei que por trás da reivindicação deveria alguma justificação que legitimasse a greve, e a ser verdade o que diz Anabela Carvalheira, até existe mesmo:
A administração do Metro prometeu uma coisa na convenção colectiva de trabalho, talvez há uns anos, mas entretanto, talvez por causa das regras da troika, deixou de cumprir. E andamos nisto sem fim à vista.
Julgando pelo que acima escrevi, quem prometeu o que não podia foi a Administração, e formalmente estes senhores e senhoras são responsáveis pelas decisões que tomam. São responsáveis por deixarem a empresa chegar a um estado tal de degradação financeira e mesmo assim continuarem a prometer este mundo e o outro. Só com a intervenção de um agente externo (troika) é que se tentou colocar algum travão nesta loucura empresarial.
Por outro lado, as trabalhadores, que se agarram a esta "convenção", não querem aceitar o que a troika impõe, e muito menos olhar para o Balanço e Demonstração de Resultados desta empresa pública.
Como já fiz no Contas para 2010, não resisto a vos mostrar os indicadores mais importantes desta empresa a 31 Dezembro 2011:
DEMONSTRAÇÃO RESULTADOS:
Receita total: 135 milhões euros (deste valor, 45 milhões são em subsídios que o Estado concede!)
Receitas de bilheteira: 67 milhões
Despesa total: 206 milhões
Prejuízo líquido: 71 milhões
Gastos com pessoal: 78 milhões (é superior à receita em bilheteira!)
BALANÇO:
Ativo: 492 milhões
Passivo: 1333 milhões
Capital próprio: -840 milhões (Insolvência completa)
Capital próprio em 2010: -658 milhões (agravou-se em 182 milhões num ano, ou 27%)
Afinal, quem tem então razão? Se é que é possível encontrar razoabilidade em tudo isto.
Tiago Mestre
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