domingo, 13 de janeiro de 2013

Radiografia à economia portuguesa em 3 gráficos do BdP

Andava à procura de dados no site do Banco de Portugal para o post que escrevi anteriormente e deparei-me com um PDF interessante:


No 1º gráfico,

Olhando para a seta vertical azul fica patente que em 2009 não se olhou a meios para tentar minimizar a recessão mundial.
Sócrates e Teixeira dos Santos "esqueceram-se" do controle da despesa, tanto por vontade do PS (ano de eleições legislativas, autárquicas e europeias, se não me engano) como por vontade da União Europeia, que nos vários Conselhos Europeus tidos nesse ano INSISTIRAM SEMPRE na geração de despesa pública para minimizar a recessão.

Olhando para a seta vermelha percebemos a terrível trajetória da rúbrica Formação Bruta de Capital Fixo, ou Investimento como queiramos chamar. Desde 2011 que temos quebras homólogas a rondar os 15%. Apesar do FBCF ser o indicador com menor peso no PIB, eu acredito que este é o barómetro que melhor poderá definir como será o PIB daqui prá frente, conforme um post que escrevi no Contas em Outubro, e que penso ser interessante objeto de estudo. Se continuar a rastejar com variações homólogas negativas, não prevejo como a recessão possa terminar, já que só depois do aumento da FBCF é que vem mais procura interna, mais confiança, mais indústria, mais emprego, melhor demografia (imigrações e + nascimentos), etc, etc.

No 2º gráfico,

A seta vertical verde indica a queda nas importações desde o 2º semestre de 2010. São as importações e não tanto as exportações que contribuíram significativamente para a redução do défice da balança comercial, ao contrário do que muitos economistas/opinion makers da nossa praça nos querem fazer crer. Oxalá tivessem razão, mas não têm.

A seta vermelha é a que me preocupa mais, porque como já tenho referido nos posts "Serão os estivadores os culpados pela queda das nossas exportações?" Parte 1 e Parte 2, o vigor das exportações já conheceu melhores dias.
A realidade é que acabaremos o ano de 2012 pouco melhor do que 2011.
Se repararem, o pico que atingimos nas exportações em 2010 não chega a superar o valor de 2005, que apesar de não estar no gráfico, percebe-se pela trajetória da linha desde 2007. Ou seja, o que perdemos desde 2005 até 2009 não foi recuperado nos anos subsequentes à grande recessão, e suspeito que não iremos recuperar tão cedo, se é que alguma vez iremos recuperar.

No 3º gráfico

As duas setas verde claras dão alguns sinais positivos de que o consumo privado e a atividade económica estão a recuperar de mínimos. Oxalá que tal fosse sustentável, contudo, os cortes que o governo ainda tem que fazer na despesa pública (4 mil milhões para 2014 e mais 10 ou 20 mil milhões lá mais prá frente) bem como os brutais aumentos de impostos já anunciados, e talvez os que ainda faltam anunciar, fazem-me crer que os mínimos dos mínimos ainda não foram tocados. Oxalá esteja enganado.

Tiago Mestre

2 comentários:

Vivendi disse...

Estás em grande forma! Abraço.

Anónimo disse...

Vai esclarecendo a actualidade, estou interessada poderás mandar para jc_2377@hotmail.com?

Agradecia, gosto de boa informação e fidedigna