quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Já dei uma vista de olhos no documento do FMI

... e quais são as conclusões?

É no Estado Social, incluindo Educação e Saúde onde se devem cortar 4 mil milhões de euros. PONTO FINAL. Há referências ao excesso de pessoas nas forças de segurança, mas não é essa a grande questão.

A análise é óbvia e nada me espanta:
Cortar na carne, sem sequer perder muito tempo em eventuais gordurinhas que possam existir.

É CORTAR NOS CUSTOS COM PESSOAL E NAS PENSÕES.

A propósito destas conclusões, volto a colocar um gráfico que ainda fiz no Contas Caseiras a 20 de Outubro 2012, baseado nos dados do Banco de Portugal:

                No título do gráfico, a palavra rubricas não leva acento ortográfico no u, pelo que peço desculpa pelo erro

Quando o FMI refere que é nas pensões onde se deve cortar a SÉRIO, não espanta tal conclusão.
No documento que foi hoje disponibilizado, é da página 34 em diante.

Se virmos o gráfico, em pensões de velhice gastava-se em 2001 a quantia de 5 mil milhões, e em 2011 já íamos em 11 mil milhões. Não há dúvidas

Como é óbvio, é preciso tb cortar nas outras pensões, nos subsídios de desemprego e em todas as outras rúbricas, mas é o valor absoluto das pensões e sua trajetória em 10 anos que não dão hipótese à concorrência. A carne está aqui.

Os argumentos do FMI para cortar nos professores e nas forças de segurança, tanto em quantidade como em salários, parecem-me naturais:

Para os professores, a demografia não ajuda, e segundo a OCDE, tiveram desde 2005 um aumetno nos vencimentos bem superior à média. É uma estatística, vale o que vale. página 30.

Para as forças de segurança, incluindo guardas prisionais, temos à volta de 480 agentes para cada 100 mil habitantes, valor que se mantêm igual a 2001. página 31.

O FMI apresenta várias soluções para se chegar ao corte dos 4 mil milhões, contudo são várias as opções e umas são às vezes em alternativa a outras. Não é muito relevante, na medida em que sabemos que o objetivo é chegar à cifra dos 4 mil milhões. Mais para a esquerda, mais para a direita, é isso.

O documento, sendo feito com seriedade e boa fé é sempre útil, mas como já referi no post que escrevi hoje, o presente vem envenenado. O governo não quer levar com a pancada e deu procuração ao FMI para falar na sujeira.
O diagnóstico e as soluções apresentadas não são nenhuma descoberta para quem anda mais ou menos atento ao que se anda a passar.

Só acho esquisito é o FMI deixar-se "chamuscar" por Portugal, porque não haja dúvidas, são eles que ficam mal vistos na fotografia, e ainda por cima quando andam a dizer desde há 2 meses que a austeridade mata muito e depressa e que se deve ter calma.

José Mário Branco captou muito bem todas estas peculiariedades e de como nós, povo, nos deixamos levar por esta conversa da treta, imagine-se... em 1979, quando o FMI chegou à Portela pela primeira vez:



Tiago Mestre

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