quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Ninguém se quer chegar à frente e pegar o boi pelos cornos

Há ano e meio o FMI apelava à austeridade

Há 2 meses veio dizer que afinal muita austeridade também mata, a tal espiral recessiva de que ninguém gosta.

E ao mesmo tempo sugere ao governo austeridade, cortando 4 mil milhões de euros na despesa, exatamente aquilo que o governo pediu ao FMI que dissesse agora quando lhe pediu ajuda há 2 meses.
Lembro-me de Passos dizer na comunicação social que ia pedir ajuda aos parceiros da troika para encontrar soluções para este corte de 4 mil milhões.

Como é evidente, o governo sabia e sabe muito bem onde tem que cortar, mas por por falta de coragem política preferiu pedir ao FMI para dizer a sujeira.

Desta forma cauciona os portugueses a gramar com a austeridadezinha, já que é o FMI que envia o dinheirinho, e paralelamente apalpa o terreno, para ver o que dizem os oposicionistas e sociedade em geral. As reações não se farão esperar.....

A falta de coragem na política é assim mesmo. Pede-se procuração a quem tem o poder para dizer as coisas feias. É o FMI quem manda e ponto final, a saber:

Dispensa de 50 mil professores
Mais corte nas pensões
Corte de regalias em vários setores da função pública, etc, etc, etc

As gordurinhas, incluindo PPP's e carros dos ministérios, nem chegam para cobrir a cova do dente. É escusado continuar a fazer essa apologia porque a matemática não corrobora.

Para quem já é leitor do Viriatos e eventualmente do Contas Caseiras, nada disto surpreende.
Cortar 4 mil milhões é só o início.
Ao todo teremos que cortar 10 mil milhões para tentar igualar despesas com receitas, talvez com um default da dívida pelo meio,
e posteriormente mais outros 20 mil milhões para se poderem baixar os impostos para valores razoáveis numa economia como a nossa, sempre com défices ZERO, não esquecer!

Se calhar havemos de lá chegar, mas como tudo é feito tão lentamente, a dívida não pára de crescer, e o logro da austeridadezinha tenderá a ser total.

2013 está lançado

Tiago Mestre

2 comentários:

Anónimo disse...

Aprecio muito a informação que por aqui vão partilhando. Acho que é exactamente a falta de informação sobre a realidade dos problemas do país que torna tão difícil e provavelmente impossível a resolução dos mesmos. No meio desta confusão toda, ainda temos malta do PS a questionar porque razão precisamos de cortar 4000 milhões... "mas porque??..."
A burrice domina o discurso político e o povo pouco informado vai sempre atrás da banha da cobra... Se não cortarem 4000 milhões, aumentam impostos para ganharem mais 4000 milhões... que tristeza...

Continuem com o bom trabalho!

vazelios disse...

Eu diria que os politicos são mais espertos do que burros.

Acham e bem que o povo é burro e pouco informado.

Enquanto que as populações não forem bem informadas, diz o anónimo e bem, não ultrapassaremos a bem o problema. Ultrapassaremos a mal, porque a matemática não perdoa.

Temos a Internet para isso, o único sitio onde podemos exprimir livremente as nossas opiniões sem sermos pressionados. A conquista da imprensa da livre expressão é uma aldrabice, simplesmente ganharam o poder de influenciar como querem.

Quando falo com pessoas educadas e com bons conhecimentos tecnicos nas suas àreas, excelentes profissionais, fico espantado com a falta de informação real que realmente têm em relação ao mundo e aos seus problemas. Acham que tudo é uma injustiça (que é), uma vigarice e roubalheira (que também é), mas não percebem que fomos nós que pedimos isto.

As noticias servem para informar certos acontecimentos, depois os blogues descrutinam-nas.

O Contas, Viriatos, espuma dos dias, e outros bons blogues que vamos seguindo, são essa fonte de informação verdadeira.

Relatam os factos e analisam, estando nós na disposição de pensar pela cabeça e concordar com alguns, discordar de outros.

"O mundo real não está nos blogues!" - Respondem-me, quando não têm contra argumentação. E chamam-me catastrofista.

E eu penso: O que sabem eles se quando saem do trabalho vão ver o telejornal para ver afirmações dos mais ilustres ladrões e negligentes que o país já teve, considerando ainda que têm razão, só porque dizem o contrario do que não gostam de ouvir.

Nunca viram um gráfico, nunca quiseram saber da historia (e estão-me sempre a dizer que a historia não se repete), e querem sempre ouvir os mesmos...