Nos tais cortes a que o governo se propõe em 2014, 80% é na área social.
O relatório do FMI, que comentei aqui a 9 de Janeiro, já trazia mais ou menos estas considerações.
Ou seja, nada foi por acaso e tudo foi combinado para que fosse o FMI a receber a primeira pancada, ficando o governo com a segunda: o anúncio onde cortar os 4 mil milhões.
Já se sabe que é nas reformas, nos professores e em mais algumas rúbricas que haverá despesa suficiente para que se consiga cortar 4 mil milhões.
Quando os reformados, sobretudo da função pública, souberem o que ainda lhes espera, porque muito corte já aconteceu, até se vão passar. Mas não há nada a fazer.
José Gomes Ferreira na SIC pede insistentemente que o Governo TAMBÉM corte nos grandes privilégios dos grandes, daqueles que têm grandes regalias, senão apela à resistência passiva !!
Para ser coerente, deveria dizer também onde cortar, e quais as consequências desses mesmos cortes:
Cortar nas rendas às eólicas? Tem que tentar explicar as consequências e quanto vale tal corte
Cortar nas PPP's rodoviárias? Tem que tentar explicar as consequências e quanto vale tal corte
Cortar nos carros dos ministros? Tem que tentar explicar as consequências e quanto vale tal corte
Corte nas ajudas aos Bancos ? Corte nos Assessores? Etc, Etc, Etc
Como eu gostaria que apenas cortando nestas rúbricas o défice desaparecesse, mas não. Faltaria quase tudo. Por coerência de sacrifícios e até de princípios, era aqui onde se deveria ir primeiro, mas sabemos que o governo está demasiado "atado", quer financeiramente quer moralmente, para exigir primeiro aos grandes.
Carlos Moedas foi o "estômago de serviço", já que tem sido ele a favorecer o estudo do FMI e a ter a palavra do governo nesta questão.
Passos protege-se, tendo mentido com os dentes todos quando o BdP se saiu com o relatório, também comentado aqui, de que em 2014 iríamos crescer 1,4%.
Essas previsões tão otimistas do BdP não incluíam este corte de 4 mil milhões, claro!
Se Passos sabia disso, mentiu, se não sabia, então não anda a fazer contas, é negligente, tenta passar ideias cor-de-rosa e engana a população pelo meio.
São estas táticas enganadoras e dissimuladoras da verdade que destroem a confiança das populações nos governantes e nas democracias.
Ninguém gosta de ser enganado nem de ver areia ser atirada para os seus olhos.
Cortar 4 mil milhões é inevitável, e é só o começo, como já tantas vezes expliquei no Viriatos, e o governo está de parabéns em querer avançar, mas o modo trafulha como estes processos são geridos e comunicados deixa-me a maior das reservas, porque a perceção que fica é que estão a fazê-lo porque não há outro remédio: a troika impõe, e como precisamos do dinheirinho, nós comemos e calamos. Basta a Troika ir embora e voltar a haver "confiança" nos mercados para degenerarmos novamente...
Como eu gostaria de ver um líder político que mostrasse umas continhas matemáticas e chegasse NATURALMENTE às conclusões de que temos que cortar muito mais, e de como a população terá que se ajustar, fazendo disso a sua campanha eleitoral.
Já estou a sonhar outra vez.
Tiago Mestre
3 comentários:
O António Borges já veio dizer que em 5 anos vamos crescer 3 a 4%...
A isto é que se chama restaurar a confiança.
Confiança nos politicos? ahahah
Os politicos vivem para ganhar votos, e esta receita da troika só a implementam porque a troika cá está. Quando ela for embora volta a festa e se o Passos Coelho não quiser voltar à festa, nessa altura é que o fazem andar dali para fora.
Podemos ver o que está a acontecer no orçamento da UE para ver que não é só de Portugal não quererem fazer as coisas como deve ser. Tanto barulho porque houve cortes e todos querem é mais trocos. Cada vez acredito menos na UE que existe actualmente.
Eu gostava era de ver um politico que gostasse de dar liberdade às pessoas para decidirem o que elas querem fazer.
POIS MAS O PASSOS TEM O GASPAR QUE NAO O DEIXA GASTAR
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