Baixas tu ou baixo eu?

Ontem foi a Venezuela a anunciar que irá depreciar a sua moeda em 46%.

Notícia aqui. Parece que estamos a regressar aos anos 30 do século XX, quando a libra esterlina saiu do padrão ouro e como tudo se processou de seguida. Salazar falou sobre isso nas entrevistas a António Ferro.

Quando a moeda que serve de reserva mundial é manipulada e depreciada por todos os meios, chamem-lhe QE, impressão massiva ou o que for, é difícil às outras, como ao € e ao yen, e outras moedas muito menos relevantes manterem-se numa linha de "eu não imprimo".
Com as economias destas moedas todas a rastejar, ninguém quer ser acusado de não fazer nada:

"É preciso fazer qualquer coisa", resmungam os congressistas norte-americanos
"O valor do € face ao dólar começa a estar em valores perigosos" diz-nos Juncker
"Temos que puxar pela economia e iremos aumentar o valor de referência da inflação para o dobro do que é agora: 2%", refere o novo (velho) primeiro-ministro do Japão

Quando temos os grandes a querer salvar a pele usando a moeda como tábua de salvação, dificilmente o frágil equilíbrio monetário mundial aguenta.
Para se parecer mesmo com a década de 30, só falta marcarem uma grande cimeira em Londres dos países mais ricos (1933) e mentirem aos outros que irão parar de fazer aquilo que andam a fazer todo o santo dia.

Toda esta confusão faz-me lembrar o caso de doping do Lance Armstrong:
Tendo sido ele o nº1, e dopando-se à força toda, como podiam os outros todos concorrer com ele? Fazendo apenas exercício e tendo muito força de vontade? Não

Se o melhor se estraga, os outros, para tentarem acompanhá-lo, ou vão também a jogo ou ficam a quilómetros de distância.
Armstrong é o Dólar das bicicletas

Tiago Mestre