sábado, 9 de fevereiro de 2013

O monstro adomercido


Nocauteada pelo Real, a inflação de janeiro avisou que está querendo acordar

Dragão adormecido (Imagem: Gunilla Riddare)
Milhões de brasileiros sensatos estão compreensivelmente inquietos com o monstro adormecido há mais de 18 anos (Imagem: Gunilla Riddare)
Nocauteado pelo Plano Real em 1995, o dragão que atormentou o Brasil por quase meio século voltou a entreabrir os olhos neste janeiro: o índice de 0,86% é o maior dos últimos dez anos ─ e elevou para 6,15% a taxa anual. Os números seriam ainda mais perturbadores se os prefeitos Fernando Haddad e Eduardo Paes não tivessem adiado, a pedido de Dilma Rousseff, o aumento das tarifas do transporte coletivo em São Paulo e no Rio. Mas os governantes do Brasil Maravilha seguem contemplando o horizonte com a beatitude de um Gilberto Carvalho quando vê Lula. A coisa vai bem demais, recitam. Se melhorar, estraga.
Na quinta-feira, Dilma Rousseff mandou a inflação passear para desfrutar da companhia de Alfredo Nascimento, demitido do Ministério dos Transportes depois de pilhado pela imprensa em cenas de corrupção explícita. Na sexta, foi a vez de Carlos Lupi, apeado do Ministério do Trabalho também por ter aterrissado ruidosamente no noticiário político-policial. Nas duas audiências, tanto os visitantes quanto a anfitriã não perderam tempo com assuntos desagradáveis ─ as razões do despejo da dupla, por exemplo. O senador amazonense e o ex-jornaleiro de Leonel Brizola apareceram no palácio como presidentes do PR e do PDT. E o único tema em debate foi o contrato de aluguel que garantirá o apoio das duas siglas à reeleição de Dilma Rousseff.
Enquanto a chefe de governo se desmanchava em agrados aos casos de polícia, reapareceu no picadeiro o inevitável Guido Mantega. “A projeção é de que janeiro foi o pico”, recitou o especialista em ilusionismo estatístico que tenta tapear o país fantasiado de ministro da Fazenda. “Eu não tenho projeção até dezembro, mas nos próximos meses ela vai para baixo”. Mantega atravessou 2012 enxergando um pibão. Foi atropelado pelo pibinho. Para esconder buracos nas contas públicas, recorreu a trapaças de espantar qualquer 171. Pelo palavrório desta sexta-feira, só em dezembro vai admitir que a inflação ignora o que diz a usina de vigarices.
A taxa de janeiro seria mais alarmante se a presidente da Petrobras, Graça Foster, fosse autorizada a elevar o preço da gasolina já no começo do ano, como pretendia. O próximo índice já refletirá os efeitos desse aumento. Ainda no primeiro semestre, paulistanos e cariocas estarão pagando mais caro para circular a bordo de ônibus,  trens e metrôs. Está em gestação uma parceria perversa: crescimento da demanda (estimulado pelo governo)  e redução da oferta, decorrente da retração da atividade industrial.
A linha ascendente dos preços dos alimentos começa a causar estragos nos bolsos da classe média (velha ou nova). Como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, milhões de brasileiros sensatos estão compreensivelmente inquietos com o  monstro adormecido há mais de 18 anos. Os encarregados de impedir que acorde não perdem o sono por tão pouco.

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1 comentário:

tempus fugit à pressa disse...

quando se imprime notas para subsidiar o consumo e elevar virtualmente os salários ó modus vivendi

a inflação surge ou deprecia-se 46% o bolívar bolivariano e aumenta-se a massa salarial paRa dar imagem de progresso

os sovietes fizeram-no com os 50 copecks de prata da era Trotsky que se transmutaram em cobre no ano de sua queda

nã sey se pecebeste a analoggia

burro velho nã apreende novilingua né?